sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dicas de Blogs Afrocentrados: Eu, Mulher Preta

Blog muito bacana que conheci através do Orkut da autora. Segue o post de apresentação do blog, disponível em http://eumulherpreta.blogspot.com/2009/02/enquanto-eu-tiver-perguntas-e-nao.html que mostra as motivações para postar no mesmo.

Sempre gostei de escrever. A escrita para mim vai muito alem do simples juntar de letras. A escrita para mim é um registro, minha historia desenhada e guardada para quem um dia se interessar em ler.

Talvez essa vontade de escrever e registrar minha historia tenha vindo da minha falta de historia. Nós pretos e pretas sabemos muito bem a dor de passados sem registros a espera de historia de vidas que foram omitidas... Histórias do nosso povo, nossos ancestrais, nossa cultura, nossos irmãos e irmãs que lutaram por uma sociedade mais justa e igualitária, sem o racismo, preconceito, machismo e outros males que ainda permanecem em nossa sociedade.

Comecei a escrever muito cedo, para quem sabe com isso reencontrar a minha historia ou dar inicio a uma história para que meus filhos, netos, bisnetos ou qualquer um que se identifique pudesse ter como um ponto de partida. De inicio a escrita para mim era uma tentativa de
autoconhecimento (escrever, escrever, escrever... para reler e tentar entender). Mas agora percebo que a escrita pode ser muito mais que isso.... A escrita pode ser uma das minhas ferramentas de luta (contra o racismo, a desigualdade social, o machismo, o sexismo, a violência contra a mulher...).

O objetivo desse blog é construir mais um espaço de debate e discussão sobre questões que envolvem principalmente a mulher preta. Noto, ao tentar buscar pela internet, que ainda é muito complicado encontrar blogs e sites que falem sobre a condição da mulher preta em nossa sociedade. Todavia sei que existem muitas lutas em que todos nós devemos prestar solidariedade e por isso tentarei abordar outros assuntos pelo qual me solidarizo e contribuo com minha luta diária.

Não me considero uma militante. Sei que ainda tenho muito que aprender... Por enquanto me classifico como uma mulher preta que busca construir e fortificar cada vez mais sua identidade, contribuindo (talvez de forma mínima ainda) na luta contra tudo o que nos oprime.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cotas para negr@s em concurso para diplomatas

Palácio do Itamaraty em Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assinou ontem, terça-feira, 28, portaria que institui a reserva de vagas para candidat@s negr@s no concurso de admissão à carreira de diplomata, realizado pelo Instituto Rio Branco. A portaria será publicada hoje no Diário Oficial da União.

Segundo a nova regra, que valerá para o concurso do primeiro semestre do ano que vem, serão abertas 30 novas vagas para negros que passarem para a segunda fase. Atualmente, 300 candidatos são classificados para a segunda etapa de provas. Agora, 330 participarão dessa fase, sendo 30 deles negr@s.

A seleção começa novamente com uma prova eliminatória e classificatória de português, em que é preciso acertar 60% das questões, e segue com as provas de geografia, história, política internacional, direito, economia, inglês e uma segunda língua, em que a média de acertos também precisa alcançar 60%.

A portaria assinada hoje dá continuidade ao Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco, iniciado em 2002, que concede bolsas de estudo a candidatos afrodescendentes, com o objetivo de auxiliar na sua preparação para o exame de admissão ao instituto.

Até o momento, 198 candidatos negr@s foram beneficiados pelas bolsas de estudo, dentre os quais 16 foram aprovados no concurso de admissão à carreira de diplomata.

O concurso é um do mais concorridos do País. No ano passado foram 13.771 inscritos para 108 vagas. De acordo com o Itamaraty, no primeiro semestre, deverão ser chamados para o curso de formação de diplomatas 26 candidatos que passaram nas quatro fases do último concurso.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Campanha Negr@ Acima de Tudo

A REDE AFRO-GAÚCHA DOS PROFISSIONAIS DO DIREITO em parceria com a TV RECORD, que é a campanha NEGRO ACIMA DE TUDO que visa apoiar a auto-estima profissional dos negros e negras, e incentiva-los a encarar o 'mercado de trabalho' de cabeça erguida. Ótima iniciativa!!




Veja a Carta Convite para adesão à REDE AFRO-GAÚCHA DE PROFISSIONAIS DO DIREITO:

REDE AFRO-GAÚCHA CONVIDA

A REDE AFRO-GAÚCHA DE PROFISSIONAIS DO DIREITO, ciente de que a ampliação de sua representatividade está ligada ao aumento  do número de profissionais e de acadêmicos engajados em suas iniciativas, apresenta o convite que segue:

Caro Profissional ou Acadêmico de Direito, vimos convidá-lo a aderir à REDE AFRO-GAÚCHA DE PROFISSIONAIS DO DIREITO, ampliando a força empregada no estabelecimento de parcerias e na apresentação de projetos.

Atualmente, a REDE AFRO-GAÚCHA DE PROFISSIONAIS DO DIREITO tem se voltado à efetivação dos seguintes projetos :

– a criação de curso de capacitação de gestores dos movimentos ligados à causa negra para a formulação e execução de projetos sociais ;

– o estabelecimento de condições para criação de Comissão de Igualdade Racial e assuntos anti-discriminatórios na OAB/RS;

– a viabilização dos projetos do CURSO ACREDITE e do ACREDITE NA COMUNIDADE (o primeiro é o curso voltado à preparação para concursos públicos e para disputas de vagas na iniciativa privada. O segundo é a operacionalização do espírito cidadão desenvolvido no primeiro projeto, ou seja, consiste em levar conhecimento jurídico a comunidades carentes e em estabelecer debates no meio empresarial sobre a importância de ações inclusivas e sobre a participação na efetivação de políticas públicas transformadoras).

Solicito, portanto, que ao responder essa mensagem (redeafrogaucha.profis.direito@gmail.com), sejam fornecidos dados como o nome, o e-mail e telefone de contato. Pedimos, também, que envies essa mensagem aos profissionais e aos acadêmicos de suas relações. Recomendo a visita ao blog www.jorgeterra.wordpress.com

Atenciosamente,
Jorge Terra – OAB/RS nº 36.181

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Kwanzaa

O Kwanzaa é uma celebração afro–americana que tem início no dia 26 de Dezembro e fim em 1 de Janeiro de cada ano. Palavra africana derivada da frase kiswahili "matunda ya kwanza". Na África tradicional Kwanzaa representa as primeiras colheitas; na América do Norte e Caribe os participantes dessa festa são afrodescendentes.



 O Kwanzaa envolve a reflexão sobre sete princípios básicos: a valorização da comunidade, das crianças e da Vida. Esta celebração está a espalhar–se lentamente pelos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Caribe e já se podem enviar postais a desejar “Feliz Kwanzaa”. Esta palavra significa "o primeiro, no início" ou, ainda, "os primeiros frutos", e pertence a tradições muito antigas das celebrações das colheitas na África. E foi ela a escolhida para representar esta celebração inventada por um homem, há 34 anos. Maulana Karenga é um professor e activista negro, actual director do Departamento de Estudos Negros da Universidade da Califórnia.

 Prof. Dr. Maulana Karenga

Toda a celebração e os rituais da Kwanzaa foram concebidos após as famosas e terríveis revoltas de Watts, em 1966. Ele buscou em remotas tradições africanas valores que fossem cultivados pelos negros americanos naqueles terríveis dias de lutas pelos direitos civis, de assassinatos de seus principais líderes e que, não sendo religiosos, pudessem atrair - como atraíram - todas as igrejas de todas as comunidades negras em todo o país e, no futuro, pelo mundo fora. Karenga organizou a Kwanzaa em torno de 5 actividades fundamentais, comuns às celebrações africanas da colheita das primeiras frutas:
  • a reunião da família, de amigos, e da comunidade
  • a reverência ao criador e à criação, destacadamente a acção de graças e a reafirmação dos compromissos de respeitar o ambiente e "curar" o mundo
  • a comemoração do passado honrando os antepassados, pelo aprendizado de suas lições e seguindo os exemplos das realizações da história
  • a renovação dos compromissos com os ideais culturais mais altos da comunidade como a verdade, justiça, respeito às pessoas e à natureza, o cuidado com os vulneráveis e respeito aos anciões
  • a celebração do "Bem da Vida" que é um conjunto de luta, realização, família, comunidade e cultura.



Karenga, diz que, "a Kwanzaa é celebrada através de rituais, diálogos, narrativas, poesia, dança, canto, batucada e outras festividades". Estas actividades devem demonstrar os sete princípios, Nguzo Saba em suaíli:
  • umoja (unidade)
  • kujichagulia (autodeterminação)
  • ujima (trabalho coletivo e responsabilidade)
  • ujamaa (economia cooperativa)
  • nia (propósito)
  • kuumba (criatividade)
  • imani (fé)
A cada dia uma vela de cor diferente deve ser acesa num altar onde são colocadas frutas frescas, uma espiga de milho por cada criança que houver na casa. Depois de acesa a vela, todos bebem de uma taça comum em reverência aos antepassados, e saúdam com a exclamação “Harambee”, que tanto significa "reúnam todas as coisas" como "vamos fazer juntos". A grande festa é a de 1 de janeiro, quando há muita comida, muita alegria e onde cada criança deve ganhar três presentes que devem ser modestos: um livro, um objecto simbólico e um brinquedo.

Fonte Wikipédia

 Para saber mais acesse Site Oficial do Kwanzaa  e o Site Oficial do Criador do Kwanzaa, ambos em inglês.

Vídeo daVila Sésamo (infelizmente sem legendas) que mostra a família de Tyler James Williams (o Chris, de Todo Mundo Odeia o Chris) celebrando o Kwanzaa.





Episódio da série Todo Mundo Odeia o Chris em que a fam´lia celebra o Kwanzaa. Na primeira parte há uma breve explicação sobre o caráter do feriado.




sábado, 18 de dezembro de 2010

Petição DENUNCIAMOS - CERVEJA REINCIDE NA DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DE GÊNERO

Para:CONAR e órgãos de defesa dos direitos humanos

A Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e demais entidades signatárias vem manifestar seu repúdio e exigir providências públicas cabíveis, somando-se ao Procon Municipal de Vitória (ES) que determinou a retirada da propaganda da Cerveja da marca “Devassa” de uma choperia, e que está publicada na Revista Rolling Stones (Número 51, dezembro de 2010, paginas 6 e 7) e cadernos especiais de jornais, a qual divulga a frase “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra...Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”.
A referida frase, que vem acompanhada da imagem de uma mulher negra é explicitamente desrespeitosa em relação a essas mulheres, cujo processo de racismo e discriminação a que estão submetidas historicamente no Brasil é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade. Uma forma de manter barreiras ao seu processo de inclusão na cidadania como pessoas com iguais direitos.
Esta cultura foi legitimada e legitimadora da escravização a que foi submetido o povo negro trazido da África por quase 500 anos, quando as mulheres negras, desde meninas serviam de iniciação sexual dos brancos, afetando suas vidas, saúde, e violando a sua dignidade como pessoas. Discriminações racial e de gênero se somam tornando a luta das mulheres negras pela igualdade um desafio difícil de ser vencido.
O Brasil é detentor de legislação nacional que tipifica e criminaliza o racismo e as discriminações por gênero e raça, é signatário de documentos internacionais que vedam estas manifestações e protegem os direitos humanos.
Tendo em vista que esta publicidade viola os direitos humanos e a dignidade das mulheres negras, referindo-se ao seu corpo e sua sexualidade, e que a Cervejaria Devassa é reincidente na veiculação de publicidade em que trata mulheres a Rede Nacional Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, apoiada amplamente pelo movimento de mulheres, expressa sua indignação e exige providências do Conselho Nacional de Auto-regulamentação da Publicidade – CONAR, assim como encaminha aos órgãos de defesa dos direitos humanos solicitação de medidas cabíveis.

REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS

Os signatários

Propaganda que gerou a petição:

Clique na imagem para ampliar


Vamos mostrar que a mulher negra tem sim beleza, mas tem muito mais a oferecer e merece respeito.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Documentário "Carta à Mãe África"

Excelente documentário de 22 minutos acerca da situação da população negra no Brasil feito tomando como ponto de partida a letra da música "Carta à Mãe África", do rapper brasiliense GOG.




Carta A Mãe África from rafael bessa on Vimeo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mazembe: Time Africano Pode Ser Campeão Mundial Inter-clubes

Mazembe joga forte no ataque e vence Internacional pelo Mundial 

Time do Congo na África vence o Colorado Gaúcho por 2 a 0 e agora espera para conhecer o outro finalista

ABU DHABI [ ABN NEWS ] — A tão esperada partida do Colorado de Porto Alegre, nesta terça-feira (14), contra o Mazembe, da República Democrática do Congo, em Adu Dahbi, parecia mesmo disputa certa pios era somente vencer para chegar à final do Mundial de Clubes e ai esperar o confronto com a Inter de Milão. Os time sulriograndense buscavam o bicampeonato pois venceram em 2006.

Mas o inesperado aconteceu e pela primeira vez desde que o torneio é disputado por clubes de todos os continentes, uma equipe sul-americana ficará de fora da final do Mundial, pois o surpreendente Mazembe venceu o Internacional brasileiro por 2 a 0 e disputará a final do torneio contra Inter de Milão ou Seongnam Ilhwa, da Coreia do Sul. As equipes vão se confrontar na outra quarta-feira (15).

Agora somente resta ao Inter assegurar o terceiro lugar, que acontece no sábado (18) - mesmo dia da final do torneio. Mas tudo indica que será mesmo difícil para os gaúchos colorados apagar a derrota desta terça-feira, tida como a mais dolorida da história do clube.

Talentos e Revelações - Com a combinação do talento de duas revelações em termos de cenário internacional, o meia-atacante Mulota Kabangu e o goleiro Muteba Kidiaba, e muita eficiência, o Mazembe deu sequência a sua surpreendente campanha na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2010 ao derrotar o Internacional por 2 a 0, nesta terça-feira, e chegar à decisão nos Emirados Árabes Unidos.

Esta é a primeira vez que uma equipe de fora da América do Sul e da Europa alcança a final da competição. Os bicampeões africanos agora aguardam o vencedor do duelo entre a Internazionale de Milão e o Seongnam Chunma, que se enfrentam nesta quarta-feira, também em Abu Dhabi.

Assim como fez contra o Pachuca nas quartas, o Mazembe foi muito oportunista para somar seu segundo triunfo seguido – e também o segundo em sua história no Mundial, após ter sofrido dois reveses em 2009. O time teve poucas oportunidades de balançar a rede, geralmente só com chutes de longa distância. Mas, nas exatas duas ocasiões em que pôde invadir a área colorada, acabou aproveitando.

A primeira veio aos 53 minutos, quando um lançamento de longe encontrou Amia Ekanga na borda da área, pelo meio. Ele cabeceou para a esquerda rapidamente e encontrou Kabangu, que dominou bem, preparando para a finalização, para dar um tapa na bola. Com muita categoria, encontrou o canto esquerdo escancarado de Renan.

O gol fatal saiu aos 85, com Dioko Kaluyituka, em grande jogada individual. Em contra-ataque pela esquerda, ele pedalou para cima de Guiñazu, se aproximou da área e chutou firme, rasteiro, no cantinho, sem chances de defesa para Renan. Um golpe duríssimo para as pretensões de bicampeonato do Internacional, que sonhava em repetir a conquista de 2006.

Domínio sem pressão - O primeiro tempo foi praticamente de um time só, com o time gaúcho controlando as ações no gramado. Ainda que não tenham exercido uma forte pressão sobre o adversário, os colorados dominaram a posse de bola e passaram boa parte do tempo no campo de ataque, ao contrário do que ocorreu com o Pachuca nas quartas de final.

O problema foi uma certa falta de criatividade na armação das jogadas. A marcação do Mazembe era aplicada, com muita capacidade física, mas o meio-campo formado por Wilson Mathias, Guiñazu, Tinga e Andrés D’Alessandro teve liberdade para atuar, sem muita eficiência.

A principal chance de gol saiu aos 11 minutos, quando Alecsandro roubou a bola na intermediária, tabelou com o meia argentino e cruzou rasteiro, certeiro, na direção de Rafael Sobis. O atacante bateu de primeira, de chapa, e acabou barrado por Kidiaba, que espalmou no reflexo.

Até conseguir seu primeiro gol, o time congolês só havia ameaçado a meta brasileira com um chute de fora da área do mesmo Kabangu. Foi uma pancada, com efeito, que exigiu uma defesa em dois tempos de Renan.

Oportunismo na Etapa Final - No segundo tempo, depois de abrir o placar com oito minutos de bola rolando, o Mazembe se fechou como pôde em seu campo defensivo. O técnico Celso Roth procurou mudar o padrão de sua equipe e sacou um volante. O Inter tentou sair para o abafa e chegou a desenvolver mais chances. Mas seus atacantes esbarraram de frente com o atlético Kidiaba.

Destaque no triunfo contra os mexicanos, o goleiro voltou a brilhar em Abu Dhabi. Se sua postura debaixo da trave não é das mais ortodoxas, é inegável que seus reflexos tranqüilizam seus zagueiros. Sua defesa mais importante aconteceu aos 59 minutos, quando Rafael Sobis ficou sozinho na grande área, de cara para o gol após um desarme errado pelo alto. O atacante chutou forte de esquerda, mas o arqueiro esperou paciente em sua posição e espalmou para o lado.

D’Alessandro e Nei ainda tentaram, mas, aos poucos, o Inter foi perdendo rendimento em sua luta contra o relógio, até levar o contragolpe fatal no final, para decepção dos milhares de gaúchos presentes no estádio em Abu Dhabi. Do outro lado, a bandinha dos torcedores do Mazembe seguia com sua festa animada, enquanto os jogadores dançavam e comemoravam muito em campo, prontos para mais surpresas.

FICHA TÉCNICA

MAZEMBE 2 x 0 INTERNACIONAL

Estádio: Mohammed bin Zayed, em Abu Dhabi (Emirados Árabes).
Data: 14 de dezembro de 2010
Público: 22.131
Árbitro: Bjorn Kuipers (Holanda).
Auxiliares: Berry Simons (Holanda) e Sander Van Roekel (Holanda).


CARTÕES DISCIPLINARES:

Cartões amarelos: Nkulukuta (Mazembe); Índio (Inter).


GOLS: Kabangu, aos 6 min do segundo tempo, e Kaluyituka, aos 40min do segundo tempo


ESCALAÇÕES:

MAZEMBE: Kidiaba;Nikulukuta, Kimwaki, Ekanga, Kasusula, Mihayo, Bedi, Kasonga, Kaluyituka; Singuluma, Kabangu

INTERNACIONAL: Renan; Nei, Índio, Bolivar e Kléber; Wilson Matias, Guiñazu, Tinga (Giuliano) e D’Alessandro; Rafael Sobis (Oscar) e Alecsandro (Leandro Damião) 


Via ABN News 

A África está em festa com a vitória, que já deu origem até a uma música de autoria de @Kanhanga








Que a euforia do goleiro contagie o time e nossos irmãos congoleses conquistem esse importante e histórico título.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Reforma Agrária do Zimbabwe - Parte 3

1ª Parte,






2ªParte






A Aquisição de Terras Pós-Independência

Seguindo o Acordo de Lancaster, o Estado ia comprando terras de fazendeiros brancos que aderiam, voluntariamente, ao programa; além de adquirir as propriedades abandonadas, pelos europeus, durante a guerra. Contudo, em 1982, dois anos após, o estoque de terras acabou.Essa pode ter sido a principal motivação do Ato de Aquisição de Terras de 1986, que colocava o Estado como comprador preferencial de fazendas disponíveis no mercado e instituía a desapropriação de terras subutilizadas ou abandonadas.


Devido ao Acordo, a quantidade, a qualidade, a localização e o custo da terra foram definidos pelos proprietários, em benefício próprio; nem o governo nem os beneficiários dirigiram o processo em termos de suas necessidades. Por conseguinte 70% das terras adquiridas estavam nas regiões mais secas e de clima instável. As melhores terras permaneciam intocadas.


O Reino Unido resolve avaliar os resultados do programa, em 1988. Apesar dos avaliadores não acreditarem na redistribuição de terras como um fator de desenvolvimento, concluíram que o reassentamento alcançara uma escala impressionante. O programa atingira seus principais objetivos e, nesse sentido, a entidade classificou o empreendimento como um sucesso. A maioria dos beneficiários aumentara sua renda e passara a ter acesso a escolas e postos de saúde. A média de retorno dos investimentos estava em impressionantes 21%. O programa também foi considerado um investimento válido em termos de sua contribuição ampla à economia nacional.



A Aquisição de Terras na Década de 90


O governo britânico estava decidido a continuar com o sistema de “compra e venda voluntária” e pretendia restringir a aquisição a regiões menos férteis. Porém o Zimbabwe estava disposto a efetuar, com o fim da vigência do Acordo de Lancaster, uma verdadeira reforma agrária; iniciando uma política de desapropriação de terras (com indenização) e disponibilizando 10 milhões de dólares para esse fim, esperava-se que o Reino Unido complementasse com 15 milhões.


Entretanto, para o apoio do governo britânico continuar, o modelo “vendedor-comprador voluntário” não deveria ser abandonado. Em 1992, uma emenda à Lei de Terras estabeleceu uma cláusula permitindo a convivência de dois instrumentos de obtenção de terras: a desapropriação e o sistema negociado de compra e venda. O apoio britânico ficou por um fio.


Devido as resistências externas e internas para o fim do sistema de “compra e venda voluntária”, o Estado adotou uma postura mais energética, deixando de indenizar as terras pelo preço de mercado e atribuindo esta obrigação de reparação histórica à Grã-Bretanha.


Com a mudança política no Reino Unido em 1997, o governo trabalhista, na figura de Tony Blair, negou-se a reconhecer sua responsabilidade histórica na expropriação de terras no Zimbabwe, sob o pretexto de não existirem descendentes de proprietários e colonizadores. Acabava a cooperação.

continua...



sábado, 11 de dezembro de 2010

Entrevista com a Atriz e Cantora Thalma de Freitas

Nossa equipe entrevistou a talentosa, bela e simpática atriz e cantora Thalma de Freitas. A conversa abordou temas como carreira, moda, estilo, discriminação, os desafios de vencer na mídia, entre outros.

Sabe pouco sobre a Thalma? Nada que  a Wikipédia não resolva.



Ofensiva Negritude - Em um mundo cujos padrões de beleza são predominantemente ligados aos traços
brancos, quais são as maiores dificuldades para ingressar em um meio midiático como a
televisão?
Thalma de Freitas - Um mundo não, um meio… A dificuldade neste meio é transpor a primeira barreira que é descobrir  a si mesmo, seu lugar e perfil e aprender a usar seu estereótipo, tão necessário como uma roupa de astronauta . Tudo fica bem mais fácil pra quem é inteligente e estiloso, isso me parece até mais importante que ser bonito. Aliás ter um bom senso estético, ser disciplinado, culto e corajoso ajuda por demais em qualquer meio de trabalho.
Aos 16 anos fiz um longo curso de modelo e lá aprendi a cuidar da imagem para que minha figura seja forte e inesquecível, isso foi determinante para o sucesso da minha carreira.  A televisão usa a imagem das pessoas pra representar seus conceitos e só quem condiz com os padrões, não só estéticos mas principalmente comportamentais, pode ser usado neste trabalho. 


ON - Qual a maior dificuldade encontrada pelos jovens provenientes da periferia para se
projetarem no mundo das artes cênicas? Como você acha que o governo poderia ajudar
a descobrir novos talentos?
Thalma - Meus amigos desta classe são todos artistas estabelecidos, geralmente rappers e atores, que usam seu talento pra seguir um caminho de vida no meio artístico, que é bem mais democrático e generoso que o meio burocrático. Todos sem exceção usaram o conhecimento para se projetar, não há outro meio e tem que partir da pessoa querer saber profundamente sobre aquilo que lhe interessa e usar esse conhecimento a seu favor.
Meu pai é um músico respeitado e eu não sei o que é viver fora do mundo das artes. Não acho que seja papel do governo descobrir novo talentos, isso a pessoa faz por si mesma. A ideia de depender do governo pra abrir caminho me causa uma certa repulsa, acredito em usar o sistema pra viver e não viver pra ser usado pelo sistema. 


ON – Como exatamente sua carreira se iniciou?
Thalma - Quando aos 14 anos peguei as 'paginas amarelas' e procurei algumas escolas de teatro. A secretária que me atendeu melhor era do "Teatro Escola Macunaíma", marquei a primeira aula e avisei pra minha mãe que seria atriz. Queria fazer musicais no cinema e já sabia que cantava bem, então precisava aprender a atuar. Meus pais sempre me incentivaram a ir atras do que queria então logo que me senti capaz de andar na rua sozinha fui a luta pra conquistar meus sonhos.


ON – Thalma, o que você prefere: a música ou a dramaturgia?
Thalma - Essa pergunta me persegue e não faz o menor sentido, não há como (justo eu) "preferir" um ou outro.
Minha verdadeira paixão é ter ideias e realiza las. Sou uma empreendedora e para dar cabo do meu projeto de vida tive que aprender a ser performer, produtora,compositora, escritora, fotógrafa, stylist, cabeleireira, webmarketer… Tudo isso para ser excelente especialista neste meio de trabalho amplo que é o Mercado do Entretenimento. 


ON - Houve mudança no tratamento dado as negras e negros, em todos esses anos que
você está na telinha?
Thalma - Claro que sim, minha carreira é um forte exemplo disso, fiquei famosa e respeitada nacionalmente fazendo uma  empregada doméstica que era uma excelente personagem, a Zilda de ' Laços de Família' em 2000. Tive personagens  diversos e relevantes nas tramas e sinto que ampliaram as possibilidades para artistas negros, apesar da televisão trabalhar com estereótipos bem definidos, ou até por isso mesmo. É um reflexo de uma nova realidade social brasileira, consequência principalmente do pedido do público que exigiu representação através de telefonemas e cartas para as emissora, os jornais e revistas, obrigando os diretores desses meios a rever seus conceitos para atender a demanda.


ON - Você já sofreu algum tipo de preconceito durante sua carreira??
Thalma - Não. Não mesmo. Todo preconceituoso que cruzou meu caminho não me fez sofrer e sim me incentivou a continuar lutando pra esclarecer as pessoas sobre essa doença social inventada para atender interesses maléficos dos psicopatas no poder. 


ON - Você tem muitos papéis iguais em novelas ou peças?
Thalma - Não, já fiz  três ótimas domésticas ( Dolores em Vira Lata em 96 / Zilda em Laços de Familia em 2000 / Bahiana em Bang Bang em 2005), a advogada Carol em O Clone, a cantora Elvira em Começar de Novo… Recentemente minha personagem Natália, em Malhação, era tradutora e tinha uma "vida confortável" e com esse argumento tentou levar sua neta ( sim , já fiz papel de avó! hahah) pra morar longe da família branca que, na opinião dela, não ajudaria na formação de identidade étnica da criança.


ON - Você está lendo algum livro? Qual?
Thalma - Tenho sempre na cabeceira " Um Curso em Milagres" e diversas traduções do "Tao Te King". Estou novamente apaixonada pelo educativo " Deixa Sair" da Sonia Hirsch. Leitura obrigatória pra quem quer ter uma vida alimentar  lúcida e inteligente e consequentemente adquirir uma saúde de ferro.   

 
ON - Como você vê a situação dos afro-brasileiros atualmente?
Thalma - Vejo prosperidade e possibilidades como nunca antes na história desse país. Não vejo mais tanta necessidade de discutir o racismo, porque a evolução  direciona para o equilíbrio nas lutas de classe e a partir daí é possível transcender os enormes erros do passado.


ON - Qual a importância da África na construção de sua identidade negra?
Thalma - A Bahia representa a Africa no Brasil e minha mãe vem de lá. Outro dia conheci o musico espiritual Mateus Aleluia , que compôs " Cordeiro de Nanã" e morou muitos anos em Angola… Ele me disse que aprenderei muito sobre minha origem, passado e presente, quando conhecer a Africa. Espero que não demore muito.


ON – Você é umas das atrizes negras "pioneiras" a usar o cabelo afro. Como você trata
seu cabelo e como cuida da sua beleza?
Thalma - Sim, desde que compreendi a importância de ser uma atriz negra na televisão brasileira assumi cabelos com estética negra para dar um bom exemplo a audiência de como o cabelo crespo é bonito e versátil. Trato o cabelo com criatividade, hidratação e tesoura. Adoro perucas e tranças. Quanto aos cuidados com a beleza, eles começam na saúde física e mental.


ON - Você é contra ou a favor das cotas nas universidades?
Thalma - Sou contra a necessidade das cotas e a favor do valor político que elas representam. Não terminei o segundo grau e sei  muito bem da importância do conhecimento pra evolução pessoal e luta social. Muito se tem feito pelo  reconhecimento do valor histórico e social dos negros brasileiros e isso me enche de alegria e contentamento.


ON – Algum recado final para os leitores do blog?
Thalma - Gostaria de lembrar as palavras do Sr. Wilson das Neves citando o próprio pai:
"Importante não é quem é você  e sim o que você faz, se é que você faz alguma coisa!"
Paz e Amor,
T.


Sigam a Thalma de Freitas no Twitter @thalmissima 
E acessem as páginas dela no Tumblr e no Blogger .

A equipe Ofensiva Negritude agradece imensamente a disponibilidade e o carinho desta grande estrela da dramaturgia e da música afro-brasileira que tanto tem encantado o público com seu talento.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Na 'era Obama' lei racista persiste nos EUA, diz pesquisa

Estudo de Harvard mostra que até hoje pessoas tendem a seguir 'One-drop rule', lei racista que vigorou até a década de 1960 

Presidente Barack Obama, filho de mãe branca e pai negro queniano

Obama é presidente do país mais poderoso do mundo, Tiger Woods é o esportista mais bem pago, Halle Berry é considerada uma das mulheres mais bonitas do planeta. Mesmo com todas essas conquistas e após décadas da queda vigência da 'One-drop rule' (Regra de uma gota, em inglês, ou Lei da Hipodescendência), pesquisadores da Universidade de Harvard descobriram que ainda hoje a lei racista persiste nos Estados Unidos. 

 Tiger Woods, super-campeão de golfe. Descendente de negros, chineses, indígenas  e alemães





Segundo essa lei, que foi usada em muitas partes dos Estados Unidos de 1662 até a década de 1960 na maior parte dos Estados (em Louisiana ela vigorou até 1985, quando a corte determinou que uma mulher não poderia se identificar como "branca" em seu passaporte pois sua pentavó era negra), o norte-americano que tivesse qualquer grau de ancestralidade africana ("uma gota de sangue africano"), seria considerado negro.
Os psicólogos da Universidade de Harvard descobriram que até hoje as pessoas tendem a seguir essa regra, vendo indivíduos descendentes de mais de uma etnia diferente não como igualmente membros dos dois grupos, mas pertencendo mais ao grupo considerado minoritário. 


 A atri Hale Berry, vencedora de diversos concursos de beleza na adolescência 
e de diversos prêmios como atriz (Oscar, Emmy, Globo de Ouro, entre outros) na idade adulta

Para realizar a pesquisa, os pesquisadores apresentaram para voluntários imagens geradas por computador de indivíduos negros/bracos e asiáticos/brancos, assim como árvores genealógicas mostrando diferentes permutações étnicas. Eles também pediram para as dizerem diretamente se percebiam essas imagens mais como minorias étnicas ou como brancos.

"Muitos comentaristas argumentaram que a eleição de Barack Obama e a crescente mistura étnica levarão a uma fundamental mudança nas relações raciais nos Estados Unidos", disse o autor do estudo, Arnold K. Ho. "Nosso trabalho desafia essa interpretação, que vê as mudanças levando a uma América que não vê cor ou raça."


 Alicia Keys, cantora e pianista. Filha de pai jamaicano e mãe de origem ítalo-irlandesa-escocesa

Fonte: Estadão

É interessante que os EUA os negros se veem e são vistos como negros, mesmo quando possuem mais origens étnicas. Já no Brasil, mesmo os mais retintos querem se "amorenar".



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) - ABPN

A Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) - ABPN constitui um dos nodos fundamentais da rede de instituições que atuam na sociedade brasileira no combate ao racismo, preconceito e discriminação raciais, com vistas à formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas para uma sociedade justa e equânime.
A instituição congrega pesquisadores(as) negros(as) interessados em pesquisas acadêmicas em temas pertinentes à construção e ampliação do conhecimento humano e outros pesquisadores compromissados com temas de interesse das populações negras no Brasil, África e Diáspora.
Nossa finalidade é o fortalecimento profissional dos nossos pesquisadores – homens e mulheres -, bem como a institucionalização dessa temática, considerando que o campo acadêmico dos estudos de relações raciais tem encontrado dificuldades para se afirmar no âmbito das Ciências Sociais e Humanas, tendo como o cerceamento de iniciativas e oportunidades aos e às que são vistos(as)  como negro-negra, bem como àqueles que se dedicam à temática racial. 
 
 
Assim, a ABPN tem a MISSÃO de:
“congregar e fortalecer pesquisadores(as) negros(as) e outros(as) que trabalham com a perspectiva de superação do racismo, e com   temas de interesse direto das populações negras no Brasil, na África e na Diáspora, defendendo e zelando pela manutenção da Pesquisa com financiamento público e dos Institutos de pesquisa em geral, propondo medidas para o fortalecimento institucional da temática das relações raciais”.


 Objetivos 
 
Os objetivos perseguidos pela ABPN, conforme seu Estatuto, são:

I - Congregar os Pesquisadores Negros Brasileiros;

II - Congregar os Pesquisadores que trabalham com temas de interesse direto das populações negras no Brasil;

III - Assistir e defender os interesses da ABPN e dos sócios, perante os poderes públicos em geral ou entidades autárquicas;

IV - Promover conferências, reuniões, cursos e debates no interesse da pesquisa sobre temas de interesse direto das populações negras no Brasil;
V - Possibilitar publicações de teses, dissertações, artigos, revistas de interesse direto das populações negras no Brasil;

VI - Manter intercâmbio com associações congêneres do país e do exterior;

VII - Defender e zelar pela manutenção da Pesquisa com financiamento Público e dos Institutos de Pesquisa em Geral, propondo medidas para seu aprimoramento, fortalecimento e consolidação;

VIII - Propor medidas para a política de ciência e tecnologia do País.

Para saber mais sobre a ABPN e sobre o COngresso de Pesquisador@s Negr@s acesse o site oficial: http://www.abpn.org.br/

Siga a ABPN no Twitter: http://twitter.com/#!/siteabpn
E acompanhe o Blog: http://www.abpn.org.br/blog/

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Raça ou Etnia?

Há uma grande controvérsia em torno deste tema. O termo raça referindo-se a humanos está abolido? Posso falar em raça negra sem ser tachado de atrasado? Enfim, eu pertenço a uma raça ou a uma etnia?
Com este artigo pretendemos fomentar o debate e agraciá-lo com nossa opinião.
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Raça

Bem, não iremos nos deter muito ao surgimento da distinção dos seres-humanos por raças. Esta foi uma construção histórica para subjugar e justificar tal dominação das “raças superiores”.
No entanto esse conceito, biologicamente, deixou de existir a partir da metade do séc. XX. O termo etnia surgiu como alternativa para a lacuna que foi deixada.
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Etnia
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Derivado da palavra grega ethnos (povo), etnia é um grupo de pessoas que se diferenciam das demais por afinidades culturais, históricas, lingüísticas, morfológicas...
“Uma etnia é um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente, têm um ancestral comum; têm uma língua em comum, uma mesma religião ou cosmovisão; uma mesma cultura e moram geograficamente num mesmo território.” Prof. Dr. Kabengele Munanga.
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Portanto, não existe somente uma etnia negra ou uma branca, dentre os negros existem várias etnias (zulu, xosha, banto, tapua...), dentre os ameríndios também (tupinambá, caigangue, tupi guarani...) e assim sucessivamente.

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Mulheres zulus, uma das várias etnias negras, da África do Sul
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Mas e agora, raça ou etnia?

Biologicamente não há nenhuma diferença entre os humanos para justificar uma possível separação por raças, no entanto, os integrantes de uma etnia não devem apenas serem da mesma cor. Afinal, qual termo usar?
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O Prof. Dr. Kabengele nos explica que “Alguns biólogos anti-racistas chegaram até sugerir que o conceito de raça fosse banido dos dicionários e dos textos científicos. No entanto, o conceito persiste tanto no uso popular como em trabalhos e estudos produzidos na área das ciências sociais. Estes, embora concordem com as conclusões da atual Biologia Humana sobre a inexistência científica da raça e a inoperacionalidade do próprio conceito, justificam o uso do conceito como realidade social e política, considerando a raça como uma construção sociológica e uma categoria social de dominação e de exclusão."

Carlos Moore diz o seguinte, "Raça é um conceito, uma construção, que tem sido às vezes definida segundo critérios biológicos. Os avanços da ciência nos últimos cinqüenta anos do século XX clarificaram um grave equívoco oriundo do século XIX, que fundamenta o conceito de “raça” na biologia. Porém, raça existe: ela é uma construção sociopolítica."
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Para o Dr. Kabengele, a palavra etnia virou um termo politicamente correto frente à raça, porém essa troca não muda a realidade do racismo, pois “as vítimas de hoje são as mesmas de ontem e as raças de ontem são as etnias de hoje.” Ou seja, “o racismo hoje praticado nas sociedades contemporâneas não precisa mais do conceito de raça ou da variante biológica, ele se reformula com base nos conceitos de etnia.” Pois este termo não acabou com a hierarquização das culturas, que é um componente do racismo.

Prof. Dr. Kabengele Munanga


Concluindo

Raça como uma construção sócio-política continua existindo, pois o conceito etnia não preenche as lacunas que o possível banimento do termo raça deixou. Segundo Carlos Moore, “Negar a existência da raça, portanto, é um absurdo, ao qual somente se pode chegar através de uma postura ahistórica."

Portanto, não está falando uma grave besteira quem se autodenomina da raça negra ou usa a palavra raça em seu vocabulário.
E você prefere raça ou etnia?

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Reforma Agrária do Zimbabwe - Parte 2

Continuando a breve análise acerca da contestada reforma agrária ocorrida no Zimbabwe. Aqui está a primeira parte.
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O Segundo Chimurenga
Em 1960 esses eram os números que assolavam a Rodésia (nome do Zimbabwe no tempo colonial):
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Mbaya, S. 2001. Reforma Agrária na Namíbia, África do Sul e Zimbábue – algumas tendências recentes.

Sobre esse quadro, o segundo chimurenga tem início. Liderado pela União Nacional Africana do Zimbabwe (ZANU) e pela União dos Povos Africanos do Zimbabwe (ZAPU), que prometiam realizar uma drástica reforma agrária quando tomassem o poder. A invasão dos europeus estava viva na lembrança de muitos idosos, que viram o primeiro chimurenga.

Os movimentos conquistaram grande adesão de camponeses e a guerra foi travada sobretudo em zonas rurais. Os africanos enfrentaram um moderno exército do regime branco; era uma luta na terra e pela terra.

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A Independência

As negociações se iniciam, após, aproximadamente, 20 anos de intensa luta. As desigualdades são enormes, 6 mil fazendeiros brancos possuíam 42% das terras do país.

Esperava-se que o Reino Unido faria o mesmo que fez com sua outra colônia, o Quênia. Onde disponibilizou 500 milhões de libras para a compra das terras de fazendeiros brancos. No entanto, esse discurso foi usado como “isca” para conseguir um acordo entre os movimentos de libertação e as autoridades da antiga Rodésia. O que aconteceu foi uma implementação de um programa de “compra e venda voluntária” da terra (Acordo de Lancaster), o governo britânico assumiria metade das despesas, porém quem quisesse continuaria com suas atividades normalmente. Portanto, não haveria, realmente, reforma agrária. Sob pressão os movimentos aceitaram as restrições, que permaneceriam por dez anos.

O novo governo ficou paralisado em relação à transformação fundiária, e se inviabilizou qualquer redistribuição significativa de terras. Resultado 90% dos alimentos consumidos no país ainda eram supridos por fazendeiros brancos. Ou seja, as posições econômicas e políticas foram mantidas

Robert Mugabe, atual presidente, foi um dos líderes da independência

continua...

 
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