domingo, 29 de setembro de 2013

CULTNE - Conferência Internacional Durban 2001 - Documentário





A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa mais de 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.

O recrudescimento das intolerâncias em várias partes do mundo deveria atrair a atenção para a Reunião de Alto Nível comemorativa do 10º aniversário da Declaração e Programa de Ação (D&PA) de Durban, que a ONU realiza neste 22 de setembro. Além das reportagens especiais para rememorar a tragédia do 11 de setembro, espera-se que a mídia avalie o que tem sido feito para eliminar o racismo e a discriminação racial.

Deve ser sempre lembrado que a participação brasileira na preparação da Conferência contra o Racismo foi um marco na mobilização das organizações negras. A riqueza das avaliações desencadeadas em todo o país beneficiou-se largamente do esforço das três décadas anteriores.

Da luta que tornara possíveis os avanços da Constituição, passando pelos protestos no centenário da Abolição, em 1988, e a Marcha Zumbi dos Palmares, em Brasília, em 1995, os movimentos negros lograram incluir a superação das desigualdades raciais na agenda política do país.

Em 2001, uma geração de ativistas alcançava a maturidade decorrente do empenho contínuo por cidadania plena e pela visibilização do racismo. As urgências de nossa situação interna motivaram a participação do Brasil naquela conferência, e asseguraram, na volta da África do Sul, os diálogos que, mais tarde, desembocaram nas políticas de ação afirmativa.

A ideia de um movimento negro "engolido" pelo Estado após esse processo seria, portanto, simplificadora de algo mais complexo, posto que não dá conta das múltiplas dimensões envolvidas nessa história recente e que a conferência inequivocamente aprofundou. A partir dela, os membros das Nações Unidas comprometeram-se a fazer do combate ao racismo responsabilidade primária do Estado.



Inventário dos lugares de memória do tráfico de escravos está online


O ‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil‘, organizado pelo Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense em parceria com o projeto da Unesco “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”, está disponível em PDF na página eletrônica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

O trabalho reúne cem lugares de memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e trocas de informações.

O inventário traz informações sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção, a partir de evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados.

Os organizadores acreditam que o avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão no Brasil permitiu a reunião das 100 indicações, mas têm certeza que o Inventário está longe de se esgotar.
“Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil”, afirma o representante do Projeto Rota do Escravo, Milton Guran, que se reuniu com a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no início deste mês de setembro.

Sobre a escravidão no Brasil, o inventário traz a seguinte explicação: ‘Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais’.


Indicado por Djalda Muniz



sábado, 21 de setembro de 2013

Ilê Aiyê promove a Semana da Mãe Preta em homenagem à mulher negra


A Associação Cultural Ilê Aiyê promove a partir da próxima segunda-feira, dia 23 de setembro, em sua sede no Curuzu, a Semana da Mãe Preta. O evento, que acontece desde 1978, foi criado com o objetivo de  homenagear “Mãe Hilda”, sacerdotisa do candomblé e por muitos anos dirigente espiritual do Ilê Aiyê, assim como todas as mulheres negras baianas, inserindo-se como atividade de resgate e valorização do papel feminino no processo civilizatório brasileiro.

A programação será realizada até sexta-feira, dia 27 de setembro. A abertura está prevista para as 9h30 de segunda-feira, na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê, com uma apresentação da Band’Erê, que é formada por crianças e jovens da comunidade. Haverá ainda neste dia apresentação de projetos pedagógicos pelos alunos da Escola Mãe Hilda, mantida pelo instituição, e rodas de mulheres capoeiristas. Às 15h, ocorrerá a abertura de uma exposição sobre a mulher no foyer da Senzala do Barro Preto.

No dia 28 de setembro, terça-feira, a Semana da Mãe Preta tem sua programação focada nas crianças e jovens da Band´Erê, que farão uma visita ao Terreiro Ilê Axé Jitolu. Na quarta-feira, as atividades educativas dos alunos da Escola Mãe Hilda ocuparão a quadra da Senzala. Já na quinta-feira,  o dia começará com exibição cinematográfica para os estudantes, enquanto à noite, à partir das 19h, haverá  uma homenagem aos descendentes espirituais de Mãe Hilda, entre elas Mãe Hildelice Benta, que hoje dirige o terreiro Ilê Jitolu. Nessa mesma oportunidade, ocorre também o lançamento dos Cadernos de Educação do Ilê Aiyê.

Finalmente, no dia 27, sexta-feira, a programação da Semana da Mãe Preta será encerrada com uma exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos da Escola Mãe Hilda e por uma confraternização inspirada nos santos gêmeos Cosme e Damião.

Fonte: Geledés


Ator Érico Brás leva o debate racial para o YouTube



Uma discussão familiar sobre a presença do negro na mídia. Este foi o estopim para que o ator Érico Brás, 34, o Jurandir da série Tapas e Beijos, decidisse criar um canal no YouTube recriando  versões de grandes peças publicitárias veiculadas na tv. Mas, dessa vez, com personagens negros protagonizando. Assim surgia o Tá Bom pra Você?.

"A Gabriela (enteada do ator) começou  a questionar a participação do negro na mídia em geral. Indicamos para ela ler o livro Um Defeito de Cor (Ana Maria Gonçalves, Editora Record). Mas ela continuou fazendo perguntas. Queria saber porque os assuntos sobre negritude, que são discutidos em casa, não são realizados também na escola. Então decidimos criar o canal para mostrar o outro lado da moeda", conta Brás.

A produção dos vídeos também passou a ser uma atividade familiar. Os textos são produzidos, dirigidos e protagonizados pela esposa de Érico, a atriz e produtora Kênia Dias, 36, e seus dois enteados, Mateus Dias, 17, e Gabriela Dias, 14.

"Fazemos isso em conjunto. Sentamos para discutir qual será o tema abordado. E todo mundo participa. Tudo serve de elemento de criação. Levamos para os vídeos nossas experiências pessoais", explica Kênia.
Em cena, o debate sobre o racismo é completamente subjetivo. Nenhuma palavra sobre o assunto é dita. São apenas os atores em situações cotidianas, e no final de cada vídeo a pergunta: "Tá bom pra você?".

"A ideia é suscitar o  debate. Falar da falsa democracia racial que existe no Brasil. Por isso encerramos cada episódio perguntando se está bom para quem assiste. Se está, diz o porquê. Se não, fala também", explica o ator.

Comédia

E mesmo trazendo à tona um tema tão delicado quanto o debate racial, o grupo de atores optou pelo humor. Os vídeos são recheados de piadas, e as atuações exageradas (propositalmente) arrancam risos.

"Eu gosto da comicidade. Quando fazemos um texto qualquer com a comédia é mais fácil você atrair o público, e quando ele senta, quando param para te ouvir, é porque você tem algo para dizer. Aprendi isso com o Bando de Teatro de Olodum. A comédia é gostosa e você consegue  conduzir o espectador para a reflexão", sentencia Érico Brás.

A recriação de campanhas publicitárias, que mantêm o clima tradicional (a família perfeita e uma alegria desmedida), mas invertem a ordem quando colocam em cena apenas atores negros, é uma atração a parte.

O comercial da Margarina Black até hoje é o que mais teve visualizações.  Ao todo 18.043 pessoas já assistiram.

"É engraçado que margarina, por ser um produto mais barato, é consumido muito mais pela população de baixa renda. E nós sabemos a cor da pobreza. E nem mesmo assim as empresas se propõem a colocar negros fazendo a propaganda. E é isso que o Tá Bom pra Você quer fazer. Vamos afirmar que preto também come pão. Estamos mostrando que o negro consome e eles devem atentar para isso", fala Érico.

Absorvente

O vídeo mais recente é Black Livre, que retrata um comercial de absorvente íntimo em duas versões, para as mulheres mais velhas e para adolescentes. "Absorvente é algo que faz parte do cotidiano de  qualquer mulher. E porque nunca vimos uma publicidade com mulheres negras? Isso (a ausência de modelos negras) desacata  até mesmo a lei da natureza. É uma falta de respeito, ainda mais no Brasil, onde a maioria da população é negra. O  que só faz constatar quanto a democracia racial é mentirosa", diz Kênia Dias.


Consciente de que o assunto é polêmico, Èrico é afirmativo: "Não estamos muito preocupados com as críticas. Se as pessoas vão falar é porque tem algo incomodando, é um problema no Brasil falar  de racismo. Quando um elenco é totalmente negro  sofre uma rejeição absurda". O ator que já pensa em levar o projeto  para o teatro e o cinema.

Fonte: Preta&Gorda

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

UFRJ e UnB criam cota de mestrado e doutorado

Reserva de 20% das vagas para negros já foi aprovada em Brasília; no Rio, índios terão prioridade em curso de Antropologia Social

Um ano após a implementação da Lei de Cotas, universidades federais começam a reservar vagas para negros e índios também em mestrados e doutorados. Departamentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Brasília (UnB) já desenvolvem políticas afirmativas na pós-graduação por iniciativa de professores e alunos.

A pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ vai reservar o mínimo de duas vagas a indígenas. Para negros, haverá nota de corte menor do que de outros concorrentes e adicional de 20% de vagas. Neste ano, 9 candidatos já se declararam indígenas e 27, negros. Os primeiros cotistas devem começar em 2014.

O subcoordenador do programa da pós do Museu Nacional, João Pacheco, não acredita em piora de qualidade da produção acadêmica. "Não é só fazer justiça social. É uma experiência importante para a área de antropologia, que se propõe a estudar o outro", explica o professor.

Já na UnB, a reserva de 20% das vagas de mestrado e doutorado para negros foi aprovada em julho no Departamento de Sociologia. Uma comissão de professores e alunos tem até o fim do mês para concluir a proposta, que ainda precisa do aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade. A expectativa é de que as cotas comecem a valer no início de 2015. Em Brasília, o curso Pós-Afirmativas ainda prepara negros para o mestrado e doutorado da UnB.

Autonomia. O Ministério da Educação não exige reserva de vagas na pós, mas cada departamento ou instituição pode fixar seus critérios nas seleções.

Um exemplo é a pós em Direitos Humanos da USP. Desde 2006, um terço das vagas no curso é separado para negros, indígenas, pobres e deficientes físicos. Na Universidade Estadual da Bahia, 40% das vagas vão para negros e 5% para indígenas em todos os cursos da pós desde 2007.

Apesar de negros e pardos corresponderem a mais de 51% da população, só 18,8% dos brasileiros com mestrado pertencem a esse grupo étnico, segundo o IBGE. Já entre os doutores, a proporção recua para 14,6%.

De acordo com o especialista em educação Cláudio de Moura Castro, as cotas são injustas. "Na pesquisa deve prevalecer a meritocracia, em que os candidatos atingem o nível exigido", afirma. Para o coordenador da ONG Educafro, Frei David Santos, é preciso abrir mais portas da pós-graduação para excluídos. "A seleção sempre foi cheia de subjetividades. Falta um pacto nacional para resolver o problema", defende.

COMO É?

Índia. As políticas afirmativas são previstas pela Constituição do País, desde a década de 1940. Algumas universidades reservam vagas nas pós-graduações.

Estados Unidos. Os critérios para ações afirmativas em universidades variam entre Estados. Parte das instituições considera a etnia, no caso de negros e latinos, ou o gênero. Na Universidade de Austin, no Texas, por exemplo, a preferência vai para alunos que moram em distritos pobres. Na contratação de professores, devem ser seguidos os parâmetros de representação negra e latina previstos na lei trabalhista.

Fonte: Estadão

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Record é condenada a indenizar modelo que teve seus cabelos queimados no “Hoje em Dia”

No GC o programa prometia “cabelos caprichados”

A Justiça condenou a Record a indenizar uma modelo que participou do “Hoje em Dia” e teve seus cabelos queimados por uma cabeleireira durante a exibição de um quadro que mostrava como fazer cachos.

A vítima, identificada apenas pelas iniciais N.L.S.A., receberá, de acordo com o “Terra”, a quantia indenizatória de R$ 10 mil. No programa, a mulher, que é modelo, viu um cacho inteiro de seu cabelo cair e ainda foi acusada pela cabeleireira em questão, que perguntou se ela havia aplicado algum produto antes da demonstração.

“Coloquei só um creme”, respondeu N.L.S.A. “Ah, então foi isso”, repicou a cabeleireira, sem pedir desculpas. Em sua sentença, o juiz afirmou que ”é necessário que a autora, por trabalhar como modelo, tenha sua imagem preservada, sendo este um dos principais requisitos da sua profissão”. A sentença ainda proclama a total inocência de N. L. S. A. e afirma que o equipamento ficou ligado por tempo demais, o que provocou a queda do cabelo.

“O pedido de reparação por dano moral deve ser atendido e para tanto fixo o valor de R$ 10 mil, que reputo adequado às circunstâncias subjetivas e objetivas do caso, considerando, de um lado, a reprovabilidade da conduta da ré, e, de outro, as graves consequências do fato para a autora, que depende de sua imagem para trabalhar”, finalizou o juiz.

A Record ainda não comentou o assunto.



Fonte: RD1


domingo, 1 de setembro de 2013

MEC anuncia programa de intercâmbio para negros e indígenas

O Ministério da Educação (MEC) anunciou nessa quarta-feira um programa de intercâmbio voltado para estudantes do ensino superior negros e indígenas. O Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento será desenvolvido em parceria com Universidades e Instituições Comunitárias de Ensino Superior Historicamente Negras nos Estados Unidos. Parte das bolsas de estudo será oferecida pelo Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) e parte será destinada aos cursos de humanas.

As Universidades Historicamente Negras foram criadas na década de 60 com a missão de educar negros, sendo abertas, no entanto, a indivíduos de todas as etnias. Para aderir ao programa, as universidades devem ter comprovada excelência. São mais de 100 instituições com essas características nos Estados Unidos.

Segundo Mercadante, 18 reitores estão no Brasil para detalhar o programa Abdias Nascimento, cujo nome é uma homenagem ao político e ativista social brasileiro defensor da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil. Eles deverão definir quantas vagas serão ofertadas aos estudantes brasileiros negros e indígenas.

As bolsas ofertadas pelo CsF serão para as áreas prioritárias do programa, que são ciências exatas (matemática e química), engenharias, tecnologias e ciências da saúde. Mercadante disse que serão oferecidas vagas também para a área de humanidades, para a formação de professores, "o que faz sentido, pela especificidade [do novo programa]", explica.

O coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Paulino Cardoso, diz que o programa é uma ação muito importante para que os pesquisadores negros deem um salto na educação brasileira. "Hoje o Brasil, e principalmente aqueles que fazem parte de um grupo dirigente, dividem-se entre aqueles que têm e aqueles que não têm uma experiência internacional, sejam eles estudantes de graduação, sejam professores. O programa vai permitir a intensificação do intercâmbio entre esses estudantes e da língua inglesa no país".

Fonte: Geledés
 
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