O que você vai ler agora, amigo leitor, é uma denúncia
enviada ao blog de dois cidadãos ludovicenses, de cor negra, que foram
"confundidos" com sequestradores, nesta terça-feira, dentro de um
banco, num "bairro nobre" de São Luís.
Leia atentamente o relato dos dois jovens negros
ludovicenses:
No início da tarde de ontem (23), por volta das 13h, eu,
Marcos Tadeu Nascimento da Silva e meu irmão João Rubem Nascimento da Silva,
fomos ao Banco do Brasil da Cohama para sacarmos um dinheiro que teríamos
recebido na agência que abri a minha conta corrente universitária.
Quando chegamos ao local, nos deparamos com uma estranha
movimentação de policiais e de pessoas dentro da agência. Tinham dois policiais
armados na porta do banco. Me dirigi a um deles e perguntei se poderíamos
entrar, quando o mesmo respondeu que sim.
Entrei no banco e perguntei às pessoas o que estava
acontecendo, elas responderam que havia uma tentativa de sequestro e que uma
pessoa estava sendo coagida por telefone a pagar um resgate. Passamos pela
porta detectora de metais e entramos normalmente. Peguei meu celular e liguei
para um amigo, enquanto aguardávamos nossa vez de sermos atendidos.
Passados alguns minutos, os policiais vieram e começaram a
nos acusar de sermos os responsáveis por essa tentativa de sequestro. Fomos
extremamente humilhados pelos policiais, clientes e funcionários do banco.
Obrigaram o meu irmão a sacar uma quantia de R$ 3.000, 00
para provar que ele tinha dinheiro na conta. Fomos chamados de vagabundos e
bandidos, acusados de um crime que não cometemos, sem chance de justificativa,
até o momento que conseguimos comprovar onde trabalhávamos e as nossas devidas
documentações.
Ligamos imediatamente para o nosso advogado e ele chegou ao
local impedindo que fôssemos linchados. Fomos conduzidos até a Delegacia do
Bequimão e, chegando lá, o delegado comprovou que havia um engano e que nós
éramos as verdadeiras vitimas de todos. Vítimas dos policiais que nos
humilharam, vítimas do banco, do qual sou cliente há 3 anos, vítimas das
pessoas que nos acusavam, pois o sequestro tratava-se de uma ligação feita por
bandidos de dentro de um presídio (isso foi esclarecido pela delegado).
Os policiais sequer averiguaram as nossas últimas ligações,
fomos humilhados e tratados como bandidos na frente de todos.
Esclarecidos os fatos, fizemos boletins de ocorrências
contra todos os envolvidos e estamos lutando incansavelmente em busca de nossos
direitos, sendo que os danos causados a nós e a nossa família foram irreparáveis.
Hoje, quando acordamos, algumas mídias impressas e
televisivas estavam tratando desse caso como uma detenção por engano,
reconhecendo que somos vítimas do estado e do banco.
Porém a TV mirante e o blog do Sr. Luis Cardoso publicaram
uma nota dizendo que somos sequestradores e que ainda estamos presos, sendo que
tudo foi esclarecido ainda ontem e saímos da delegacia como vítimas, prestando
queixa contra todas as partes.
Venho através desse anúncio comunicar a todos os meus amigos
dessa rede social que denunciem comigo essas calúnias e difamações que estão
sendo feitas contra mim e ao meu irmão. Não aceitem essas falsas informações.
O crime foi claramente impulsionado pela questão do
estereótipo, sendo que somos negros e tinham várias outras pessoas dentro da
agência naquele momento e não apresentaram nenhuma prova contra nós.
Quem nos conhece sabe das nossas lutas diárias e dos nossos
valores de vida. Somos jovens estudantes e trabalhadores que estão sofrendo com
a pífia administração de órgãos que deveriam ser mais preparados para lidar com
os cidadãos de bem.
Esse é o retrato do Brasil. Ações de injustiça acontecem
todos os dias com pessoas que não podem se defender.
Nota: O titular do blog procedeu a algumas alterações
gramaticais do texto, com vistas somente a deixá-lo dentro das regras do
português vigente. Contudo, a íntegra do conteúdo da denúncia é de inteira
responsabilidade de seus autores.
Esperamos que casos como este não caiam no esquecimento e
que os responsáveis sejam exemplarmente punidos, a fim de que fatos de tal
monta sejam extirpados do seio de nossa sociedade. Com a palavra, o Ministério
Público.
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