segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Racismo Institucional e Intolerância Religiosa no Congreso Nacionl – Denúncia de Jean Wyllys





Acabo de passar pelo culto religioso que a bancada evangélica realiza periodicamente no Plenário 1 ou 2 da Câmara, conduzido por um fervoroso deputado, João Campos (PSDB-GO). E um dos fiéis é Benedita da Silva (PT-RJ).

É importante dizer que APENAS a bancada evangélica goza do privilégio de realizar cultos religiosos nos plenários da Câmara. De vez em quando (uma vez por mês), há uma missa também, feita pela CNBB. A mesa diretora, porém, negou, aos adeptos das religiões de matriz africana, o direito de realizar um xirê nas dependências da Câmara.

Também não há cerimônias budistas, judaicas, zoroastristas e etc. nas dependências da Câmara. A liberdade de culto aqui é só pra alguns! Sendo o Estado laico (sem paixão religiosa de nenhum tipo), ou se permite TODOS os cultos ou, melhor, não se permite NENHUM!

Vocês cidadãos de outros credos deveriam reclamar na Ouvidoria da Câmara sobre essa postura discriminatória e contra a laicidade. É preciso reagir às discriminações e fazer da Câmara - a casa do povo - um espaço de TODOS de verdade: liguem, mandem email, reclamem! Ou a Câmara mantém a NEUTRALIDADE que o princípio da LAICIDADE exige ou abre espaço para TODOS os credos desse Brasil plural!

sábado, 27 de outubro de 2012

Chega ao caos situação de ajuda a haitianos no Acre, diz secretário



A entrada ilegal de haitianos em Brasileia (AC) levou ao caos a situação de ajuda humanitária prestada pelo governo do estado, de acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. No total, 204 imigrantes estão na cidade.

Com dívida de seis meses de aluguel da casa que abriga essas pessoas e sem dinheiro para pagar os empresários da cidade pelo fornecimento diário de alimentação, ele disse que a situação é insustentável.

O secretário admitiu que não tem como o governo acriano bancar mais alimentação e abrigo aos haitianos que entram em Brasileia por Cobija, na Bolívia, em grupos diários de 20 a 30 pessoas. Segundo Nilson Mourão, a partir de agora, a decisão é suspender o fornecimento de comida e abrigo. Na prática, o fornecimento está suspenso desde 19 de setembro, e os haitianos sobrevivem de doações nem sempre regulares.

Ele reclamou que há quase dois meses encaminhou ao Ministério do Desenvolvimento Social um plano de trabalho de ajuda financeira pelo governo federal. "O que eu sei é que eles estão estudando o projeto, mas não temos qualquer recurso [federal] internalizado", acrescentou o secretário.

Diante da situação, o governo acriano decidiu suspender a ajuda humanitária com recursos próprios e manter apenas o que é repassado por convênios com o Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos do Acre.

O representante da secretaria em Brasileia, Damião Borges, relatou que "a situação é de calamidade". Fora os poucos que ainda têm dinheiro para comprar comida no comércio local, os demais contam com doações, especialmente dos empresários que buscam mão de obra. Isso faz com que eles fiquem até dois dias sem ter o que comer destacou.

"Pode ter certeza que, pelo volume com que chegam por Cobija, na segunda-feira [29] teremos 250 ou mais", disse Damião.

Outra agravante, segundo ele, é a redução do número de empresas que vão à cidade para contratar os haitianos. Ele disse que o empresariado também "está chegando ao limite" na capacidade de absorver a mão de obra haitiana.

Damião Borges não sabe o que fazer com as mulheres grávidas que estão na cidade. Até o momento, ele informou que há no abrigo entre dez e 15 mulheres nessa situação, que não são contratadas pelos empresários. Segundo ele, o hospital da cidade não tem como fazer o trabalho de parto dessas haitianas.

O problema aumenta, segundo Damião, porque a população de Brasileia "cansou e não está ajudando mais em nada ,doações de alimentos, por exemplo]". Brasileia e Cobija são cidades de fronteira divididas pelo Rio Acre. Os haitianos que chegaram ao Brasil usam os serviços de taxistas bolivianos e entram em Brasileia por duas pontes que unem as cidades.

Fonte: Geledés

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

DENÚNCIA: NEGROS SÃO "CONFUNDIDOS" COM SEQUESTRADORES EM "BAIRRO NOBRE" DE SÃO LUÍS



O que você vai ler agora, amigo leitor, é uma denúncia enviada ao blog de dois cidadãos ludovicenses, de cor negra, que foram "confundidos" com sequestradores, nesta terça-feira, dentro de um banco, num "bairro nobre" de São Luís.

Leia atentamente o relato dos dois jovens negros ludovicenses:

No início da tarde de ontem (23), por volta das 13h, eu, Marcos Tadeu Nascimento da Silva e meu irmão João Rubem Nascimento da Silva, fomos ao Banco do Brasil da Cohama para sacarmos um dinheiro que teríamos recebido na agência que abri a minha conta corrente universitária.

Quando chegamos ao local, nos deparamos com uma estranha movimentação de policiais e de pessoas dentro da agência. Tinham dois policiais armados na porta do banco. Me dirigi a um deles e perguntei se poderíamos entrar, quando o mesmo respondeu que sim.

Entrei no banco e perguntei às pessoas o que estava acontecendo, elas responderam que havia uma tentativa de sequestro e que uma pessoa estava sendo coagida por telefone a pagar um resgate. Passamos pela porta detectora de metais e entramos normalmente. Peguei meu celular e liguei para um amigo, enquanto aguardávamos nossa vez de sermos atendidos.

Passados alguns minutos, os policiais vieram e começaram a nos acusar de sermos os responsáveis por essa tentativa de sequestro. Fomos extremamente humilhados pelos policiais, clientes e funcionários do banco.

Obrigaram o meu irmão a sacar uma quantia de R$ 3.000, 00 para provar que ele tinha dinheiro na conta. Fomos chamados de vagabundos e bandidos, acusados de um crime que não cometemos, sem chance de justificativa, até o momento que conseguimos comprovar onde trabalhávamos e as nossas devidas documentações.

Ligamos imediatamente para o nosso advogado e ele chegou ao local impedindo que fôssemos linchados. Fomos conduzidos até a Delegacia do Bequimão e, chegando lá, o delegado comprovou que havia um engano e que nós éramos as verdadeiras vitimas de todos. Vítimas dos policiais que nos humilharam, vítimas do banco, do qual sou cliente há 3 anos, vítimas das pessoas que nos acusavam, pois o sequestro tratava-se de uma ligação feita por bandidos de dentro de um presídio (isso foi esclarecido pela delegado).

Os policiais sequer averiguaram as nossas últimas ligações, fomos humilhados e tratados como bandidos na frente de todos.

Esclarecidos os fatos, fizemos boletins de ocorrências contra todos os envolvidos e estamos lutando incansavelmente em busca de nossos direitos, sendo que os danos causados a nós e a nossa família foram irreparáveis.

Hoje, quando acordamos, algumas mídias impressas e televisivas estavam tratando desse caso como uma detenção por engano, reconhecendo que somos vítimas do estado e do banco.

Porém a TV mirante e o blog do Sr. Luis Cardoso publicaram uma nota dizendo que somos sequestradores e que ainda estamos presos, sendo que tudo foi esclarecido ainda ontem e saímos da delegacia como vítimas, prestando queixa contra todas as partes.

Venho através desse anúncio comunicar a todos os meus amigos dessa rede social que denunciem comigo essas calúnias e difamações que estão sendo feitas contra mim e ao meu irmão. Não aceitem essas falsas informações.

O crime foi claramente impulsionado pela questão do estereótipo, sendo que somos negros e tinham várias outras pessoas dentro da agência naquele momento e não apresentaram nenhuma prova contra nós.

Quem nos conhece sabe das nossas lutas diárias e dos nossos valores de vida. Somos jovens estudantes e trabalhadores que estão sofrendo com a pífia administração de órgãos que deveriam ser mais preparados para lidar com os cidadãos de bem.

Esse é o retrato do Brasil. Ações de injustiça acontecem todos os dias com pessoas que não podem se defender.

Nota: O titular do blog procedeu a algumas alterações gramaticais do texto, com vistas somente a deixá-lo dentro das regras do português vigente. Contudo, a íntegra do conteúdo da denúncia é de inteira responsabilidade de seus autores.

Esperamos que casos como este não caiam no esquecimento e que os responsáveis sejam exemplarmente punidos, a fim de que fatos de tal monta sejam extirpados do seio de nossa sociedade. Com a palavra, o Ministério Público.

Fonte: Hugo Freitas

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Existem leis que protegem os Povos Tradicionais de Terreiro



As leis existem, mas o povo do Axé precisa conhecê-las e ser um ativista da causa do Orixá, Vodum, Nkisi.

Somos uma identificação de religião negra que resiste ao tempo e aos odiosos religiosos, portanto iremos nos unir e juntos exterminar o câncer do preconceito

Por: Oluandeji

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

NOTA DA SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, SEPPIR / PR, ciente do documento intitulado ‘Comunicação Interna da Vigilância Sanitária e Ambiental de Petrolina, No. 003/2012’, que resultou no processo investigatório do Ministério Público de Pernambuco e na admoestação pela ilustre representante do PARQUET estadual à senhora Renilda Bezerra, apresenta o que se segue:

1. AUSÊNCIA DE ABATE CLANDESTINO E MAUS TRATOS DE ANIMAIS – deve-se considerar que as Casas Tradicionais de Matriz Africana criam pequenos animais, para uso doméstico, na sua relação com o sagrado e também para a alimentação humana, e não para o comércio, não configurando abate clandestino. E, também, que em nenhuma parte do texto do documento constam quaisquer relatos ou identificação que consubstancie tal denúncia;

2. PROIBIÇÃO DA SACRALIZAÇÃO DE ANIMAIS - é importante frisar que quaisquer impedimentos ao abate de animais nas práticas tradicionais de matriz africana significam um constrangimento de seus adeptos à renúncia de sua crença, o que ensejaria evidente infringência aos preceitos constitucionais, e de outros marcos legais, que garantem os direitos fundamentais. O abate dos animais nas Casas Tradicionais de Matriz Africana é feito com base nos ritos tradicionais pertinentes, portanto estão protegidos:

i. pela Constituição Federal, que no artigo 5º, inciso VI, estabelece a inviolabilidade da liberdade de consciência e crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a sua liturgia. Além disso, cabe destacar o que explicita o artigo 19, inciso I, o qual veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, EMBARAÇAR-LHES o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança.

ii. pela Convenção 169 da OIT, aprovada em 1989, instrumento internacional vinculante, supralegal, que trata especificamente dos direitos dos povos tradicionais no mundo, do qual o Brasil é signatário;

iii. pela Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 2005, aprovada pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo no 485, de 20 de dezembro de 2006;

iv. pela lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, SISAN, com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências, que protege as práticas alimentares tradicionais; e

v. pelo Decreto 6040, de 2006, que estabelece a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais, que em seu artigo 3º, inciso I , estabelece como “Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”;
3. SAÚDE E COSTUMES ALIMENTARES TRADICIONAIS - Há que se considerar ainda que a Política Nacional de Saúde e a Política Nacional de Vigilância Sanitária são constituídas a partir de indicadores epidemiológicos concretos. Não existem indicadores que apontam dados sobre a morbidade e a mortalidade resultantes dos costumes alimentares tradicionais de matriz africana nas pesquisas que tratam de saúde e adoecimento. Podemos aferir daí que não é possível criminalizar e proibir uma prática tradicional sem ferir os direitos fundamentais assegurados pelo Estado Democrático de Direito, e sem configurar ato de racismo, em função do histórico de negação e violência contra a ancestralidade africana no país.

4. PRÁTICAS SÓCIO-CULTURAIS - As Casas Tradicionais de Matriz Africana são hoje consideradas como espaços promotores de saúde, por seus conhecimentos fitoterápicos e práticas de acolhimento e cuidados para com as pessoas que ali acorrem, pelo Ministério da Saúde, que vêm apoiando diversas ações de qualificação e potencialização das suas tradições. Também o CONSEA, Conselho Nacional de Segurança Alimentar, reconhece o papel exercido ao longo da história, e atualmente, pelas Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, para a segurança alimentar e nutricional de um grande número de pessoas negras e periféricas, em situação de extrema pobreza, por ser o alimento um princípio fundamental das práticas sócio-culturais inerentes a estas tradições.

Esperando ter contribuído para o debate ora em andamento na audiência pública solicitada pela Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco, e acatada democraticamente por este Ministério Público, que tem sido um aliado de todas as horas na promoção dos direitos e cidadania do povo brasileiro, nos colocamos à disposição.

Brasília, 10 de outubro de 2012.

Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
Ouvidoria Nacional de Promoção da Igualdade Racial
SEPPIR / PR

Esplanada dos Ministérios, Bloco “A”, 5º e 9º Andares  - 70540 – 906 – Brasília/DF

Fone: 61 2025-7100 / Fax: 2025-7124

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cerca de 70% dos brancos se relacionam com pessoas da mesma cor, aponta IBGE


Dados inéditos do Censo Demográfico 2010 mostram que quase 70% da população brasileira têm relacionamentos amorosos com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça, o que representa uma queda estatística de cerca de 1% em relação ao levantamento censitário feito em 2000. Os números sobre endogamia fazem parte da amostra "Nupcialidade, fecundidade e migração", divulgada nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O estudo aponta que a maioria dos brancos (69,3%) se une a pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Entre os pretos (na classificação do IBGE, pretos e pardos são subdivisões raciais que representam os negros), menos da metade da população (45,1%) têm relacionamentos com indivíduos da mesma cor. Pardos (68,5%) e indígenas (65%) completam a lista.

PERCENTUAL DAS UNIÕES DE PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS, SEGUNDO A ESCOLHA DO HOMEM



As estatísticas variam pouco quando consideradas as escolhas feitas por homens e mulheres. Cerca de 75,3% dos homens brancos se relacionam com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça; entre as mulheres, o dado estatístico cai aproximadamente dois pontos percentuais.

A disparidade é um pouco maior quanto aos pretos: o IBGE registrou índices de 39,9% em relação aos homens e 50,3% referente às mulheres. Pardos e indígenas, por sua vez, estão bem próximos no desdobramento estatístico por gênero.

PERCENTUAL DAS UNIÕES DE PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS, SEGUNDO A ESCOLHA DA MULHER


A amostra revela ainda que a união consensual é maioria entre os negros: 46,6% em relação aos pretos e 42,6% acerca dos pardos. Entre os negros que afirmaram estar casados, as estatísticas variam na faixa dos 30%. Mais da metade (51,9%) da população branca, por sua vez, declarou ter optado pelo matrimônio (civil e religioso).

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS TIPOS DE UNIÃO


Escolaridade
O IBGE também analisou a escolha de parceiros segundo critérios de escolaridade, e descobriu que a maioria dos homens (82,9%) e das mulheres (85,3%) sem instrução e fundamental incompleto se relacionam com pessoas com a mesma situação educacional.

No geral, 68,2% das pessoas uniram-se a outras de mesmo nível de instrução (em 2000, esse percentual era de 63,0%), sendo que 47% dos homens com diploma universitário escolhem parceiras com o mesmo grau de escolaridade. No caso das mulheres, esse índice sobe para 51,2%.

Brancos ganham o dobro
Os dados do Censo 2010 mostram que a desigualdade racial continua no Brasil, com brancos recebendo salários mais altos e estudando mais que os negros (pretos e pardos).

Segundo o levantamento, essa realidade é ainda mais acentuada na região Sudeste, onde os rendimentos recebidos pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.

ENSINO SUPERIOR

31,1% brancos

13,4% pardos

12,8% pretos

De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, esses indicadores pouco mudaram com o passar dos anos. “Nós até observamos uma redução da desigualdade nesse aspecto, mas a queda é muito tímida”, diz.

Para a o analista, a cidade de São Paulo serve como um “ótimo exemplo” dessas desigualdades. “A população do Alto de Pinheiros [bairro da zona oeste], por exemplo, é majoritariamente branca, enquanto em Parelheiros [bairro no extremo da zona sul] predomina a população negra."

“O rendimento médio domiciliar per capita de Parelheiros corresponde a 10% do rendimento dos moradores do Alto de Pinheiros. Não por acaso, a população negra do Alto de Pinheiros, assim como a branca de Parelheiros, é inexpressiva”, afirma Mariano, citando dados do IBGE.

O Censo 2010 mostra que os brancos também dominam o ensino superior no país: considerando a faixa etária entre 15 e 24 anos, 31,1% da população branca frequentava a universidade. Em relação aos pardos e pretos, os índices são de 13,4% e 12,8%, respectivamente.


A pesquisa observou ainda diferenças relevantes na taxa de analfabetismo entre as categorias de cor e raça. Enquanto para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e  14,4%, respectivamente.

População negra aumenta
Embora a população que se autodeclara branca ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas cresceu, enquanto o número de brancos caiu, diz o levantamento do IBGE.

O percentual de pardos cresceu de 38,5%, no Censo de 2000, para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Por outro lado, enquanto mais da metade da população (53,7%) se autodeclarava branca na pesquisa feita dez anos antes, em 2010 esse percentual caiu para 47,7% (91 milhões de brasileiros).

De acordo com o analista do IBGE, essa inversão faz parte de uma mudança cultural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. “Muitos que se autodeclaravam brancos agora se dizem pardos, e muitos que se classificavam como pardos agora se dizem pretos. Isso se deve a um processo de valorização da raça negra e ao aumento da autoestima dessa população”, diz Mariano.

O analista, no entanto, afirma que “o Brasil ainda é racista e discriminatório”. “Não é que da noite para o dia o país tenha deixado de ser racista, mas existem políticas. As demandas [da população negra], a questão da exclusão, tudo isso começou a fazer parte da agenda política. A cota racial em universidades, por exemplo, é um desdobramento disso”, afirma Mariano.

Censo 2010
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram divulgados em abril de 2011. Ao longo de 2012, estão sendo produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos. (Com reportagem de Débora Melo, em São Paulo)

Fonte: UoL













terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dilma vai criar cota para negro no serviço público



O Palácio do Planalto prepara o anúncio para este ano de um amplo pacote de ações afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal.

A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados.

O percentual será definido após avaliação das áreas jurídica e econômica da Casa Civil, já em andamento.

O plano deve ser anunciado no final de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra (dia 20) e estarão resolvidos dois assuntos que dominam o noticiário: as eleições municipais e o julgamento do mensalão.

O delineamento do plano nacional de ações afirmativas ocorre dois meses depois de o governo ter mobilizado sua base no Congresso para aprovar lei que expandiu as cotas em universidades federais.

A Folha teve acesso às propostas. Elas foram compiladas pela Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e estão distribuídas em três grandes eixos: trabalho, educação e cultura-comunicação.

A cota no funcionalismo público federal está no primeiro capítulo: propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil funcionários civis.

No mesmo eixo está a ideia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros.

Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal.

Outra medida prevê punição para as empresas que comprovadamente discriminem pessoas em razão da sua cor de pele. Essas firmas seriam vetadas em licitações.

EDUCAÇÃO E CULTURA

No campo da cultura, há uma decisão de criar incentivos para produtores culturais negros. Na semana passada, a ministra Marta Suplicy (Cultura) já anunciou que serão lançados editais exclusivos para essa parte da população.

No eixo educação, há ao menos três propostas principais: 1) monitorar a situação de negros cotistas depois de formados; 2) oferecer aos cotistas, durante a graduação, auxílio financeiro; 3) reservar a negros parte das bolsas do Ciências sem Fronteira, programa do governo federal que financia estudos no exterior.

A implantação de ações afirmativas é uma exigência do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado pelo Congresso em 2010, o último ano do segundo mandato de Lula.

Segundo o estatuto, é negro aquele que se diz preto ou pardo --juntas, essas duas autodefinições compõem mais da metade dos 191 milhões de brasileiros, de acordo com o Censo de 2010.

ESSENCIAL

O plano é tido no governo como essencial para diminuir a desigualdade gerada por diferenças de cor e ampliar a queda na concentração de renda na última década.

Nesse sentido, o plano, ao usar unicamente critérios raciais, seria mais cirúrgico do que o sistema de cotas aprovado pelos congressistas em agosto, que reserva metade das vagas nas federais para alunos egressos de escolas públicas e, apenas nessa fatia, institui a ocupação prioritária por negros e índios.

Politicamente, será um forte aceno da gestão Dilma aos movimentos sociais, com os quais mantém uma relação distante e, em alguns momentos, conflituosa --como durante a onda de greves de servidores neste semestre.

Fonte: Folha.com.br

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ministro diz que imprensa brasileira é "branca e conservadora"

                       Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil





Primeiro negro nomeado ao Supremo Tribunal Federal, por indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, Joaquim Barbosa, afirmou que votou no PT nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, mesmo já trabalhando como relator do processo do mensalão nas duas últimas - e concluindo que vários membros da alta cúpula do partido devem ser condenados. "Eu não me arrependo dos votos (em Lula em 2002 e 2006), não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma", analisou, em declaração publicada na Folha de S. Paulo deste domingo. Barbosa disse ter, inclusive, votado em Lula contra Collor, em 1989, e defendido o ex-presidente no exterior no início do seu primeiro mandato. "Vou te confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: 'Lula é um democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são perfeitas'", relatou.
Barbosa já disse que a imprensa "nunca deu bola para o mensalão mineiro (também chamado de "mensalão tucano" por envolver membros do PSDB)", ao contrário do que faz com o do PT. O ministro acredita que a mídia, como as forças dominantes do país em geral, é racista e conservadora: "a imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem. Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras", disse. O racismo se manifesta em "piadas, agressões mesmo". "O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas", acusa. Ele diz já ter discutido com vários colegas do STF, porém considera que polêmicas "são muito menos reportadas, e meio que abafadas, quando se trata de brigas entre ministros brancos". "O racismo parte da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa não se admite sequer que ela abra a boca. 'Ele é maluco, é um briguento'. No meu caso, não sou de abaixar a crista em hipótese alguma...", defende. Barbosa, que já escreveu um livro sobre ações afirmativas nos EUA, diz que o racismo apareceu em sua "infância, adolescência, na maturidade e aparece agora".

Fonte: Terra

sábado, 6 de outubro de 2012

Rei mais jovem do mundo é coroado em Uganda


O rei mais jovem do mundo, soberano do reino de Toro, no oeste de Uganda, foi coroado no sábado na capital real de Fort-portal, após completar 18 anos. Oyo Nyimba Kabamba Iguru Rukidi IV foi coroado oficialmente perante milhares de seus súditos, durante uma cerimônia tradicional em seu palácio.
Oyo sucedeu seu pai - que morreu em 1995 - aos 3 anos, tornando-se o mais jovem rei do mundo na época. No entanto, a coroação só poderia ser feita quando atingisse os 18 anos, o que ocorreu na última semana. Agora o monarca pode exercer sua autoridade - simbólica - sobre seu reinado em Toro.


Fonte: Terra

 
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