quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os 10 Pontos da Plataforma de Programa dos Panteras Negras

Esses são os 10 pontos da plataforma de programa elaborado pelos Panteras Negras, estabelecidos em 15 de Outubro de 1966. Os comentários sobre cada ponto são

fragmentos do discurso de Bobby Seale, realizado em 17 de Fevereiro de 1968 em Oakland Califórnia:



1-QUEREMOS LIBERDADE, QUEREMOS O PODER PARA DETERMINAR O DESTINO DE NOSSA COMUNIDADE NEGRA.


2-QUEREMOS EMPREGO PARA NOSSO POVO.

"É o que os irmãos e irmãs vivem me dizendo, então eu pergunto o que está acontecendo? Estamos sem emprego é o que está acontecendo! Então eu digo tudo bem vamos trabalhar juntos!".


3-PRECISAMOS ACABAR COM A EXPLORAÇÃO DO HOMEM BRANCO NA COMUNIDADE NEGRA."Espere um momento, isso não parece certo, nem todos que pilham a comunidade negra são brancos muitos são negros. Pois bem não somos anti-brancos, somos a favor do que é justo então vamos revisar a número 3":
PRECISAMOS ACABAR COM A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA NA COMUNIDADE NEGRA.


4-NÓS QUEREMOS MORADIA, QUEREMOS UM TETO QUE SIRVA PARA SERES HUMANOS."Muitas pessoas pelas cidades perambulam sem um teto sob suas cabeças, a chuva vem e todos ficam vulneráveis, é um simples direito humano ter um teto sob sua cabeça ”To have a roof over your head when the hard rain fall” como nesta música de Bob Dylan."


5-"Alguma sugestão? Precisamos de educação, mas que tipo de educação? A que revele a verdadeira natureza da decadente sociedade americana? Isso é o que pensei que você fosse dizer".
PRECISAMOS DE UMA EDUCAÇÃO QUE NOS MOSTRE A VERDADEIRA HISTÓRIA E A NOSSA IMPORTÂNCIA E PAPEL NA ATUAL SOCIEDADE AMERICANA.


6-"Precisamos entrar em acordo sobre a causa do Vietnã e dizer que":
QUEREMOS TODOS OS NEGROS ISENTOS DO SERVIÇO MILITAR.
"Como pode um negro lutar contra um asiático, em nome de um branco que roubou a terra dos índios?"

7-"E por falar em Vietnã, precisamos entrar em acordo sobre Oakland e o assassinato de negros."PAREM COM OS ASSASSINATOS EM NOSSA COMUNIDADE.
"Outro dia um porco (policial) teve a audácia de me perguntar o que eu fazia com minha arma, e eu perguntei

o que você faz com a sua? Você sabe o porco desta noite é o bacon do Café da Manhã, é por isso que eu não posso ser um mulçumano negro-eu adoro bacon."


8-QUEREMOS TODOS OS NEGROS LIBERTOS DE CADEIAS FEDERAIS, ESTADUAIS, E MUNICIPAIS.
"É isso mesmo, porque eles tiveram seus direitos constitucionais violados, eles não foram julgados por um júri formado por seus semelhantes, então libertem-nos!"


9-"Deixe-me elaborar a número nove, quando um negro for trazido a julgamento neste País queremos que:
TODOS OS NEGROS SEJAM JULGADOS POR UM JÚRI FORMADO POR SEUS PARES.
E não na rua por um porco qualquer,que seja julgado conforme a constituição dos EUA, é um direito constitucional ser julgado por seus semelhantes”



10-"Vamos fazer um resumo, este é o último ponto. Agora o que queremos?"TERRA, MORADIA, EDUCAÇAO,

VESTUÁRIO.

"Eu sei que você quer nossa jaqueta preta de couro, não se preocupe terá a sua"TERRA, MORADIA, EDUCAÇÃO, VESTUÁRIO, JUSTIÇA?

"Sempre lutar por justiça, mas quando vejo o seu corredor da morte procurar por justiça o que vejo? Somente nós!
TERRA, ALIMENTO, MORADIA, EDUCAÇÃO, VESTUÁRIO, JUSTIÇA E UM POUCO DE PAZ".

É, eu tenho a sua paz; descanse em paz!


Bobby Seale, Co-fundador dos Panteras Negras.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Reforma Agrária do Zimbabwe - Final

Última parte da análise das causas e efeitos que culminaram na reforma.
Pra quem não acompanhou: 1ª Parte, 2ª Parte, 3ª Parte.


“A África Para os Africanos”

Até 2000, um terço das terras férteis do país eram propriedades de 4,5 mil fazendeiros brancos, os outros dois terços estavam divididos entre 1,5 milhões de produtores negros. Em meados de 1999, um chefe camponês liderou a primeira ocupação de terra do Zimbábue no período pós-Independência. Ele encabeçou um grupo de centenas de famílias das terras marginais para as terras férteis. Os fazendeiros brancos tentaram, por todos os meios, como repressão e pressões no governo, despejar os camponeses, mas o Presidente Mugabe apoiou os trabalhadores e disse: ''É uma ocupação legítima. Se a Inglaterra não ajuda o Zimbábue a resolver os problemas sociais, então os zimbabuanos têm o direito de lutar pela terra''. Isto serviu de exemplo para camponeses em todo o país.

A Reforma Agrária e Plano de Implementação de Reassentamentos, aprovada em julho de 2000 pelo parlamento, autorizava o Estado a tomar a terra de fazendeiros se considerasse que esta não era produtiva ou se era muito grande para uma mesma família. Até 2004, 4 mil fazendeiros brancos tiveram suas terras redistribuídas a 300 mil famílias negras totalizando um total de 11 milhões de hectares.


Conclusão

Durante o período pós-independência a situação era essa: os proprietários brancos eram donos das melhores terras e os negros dividiam as inférteis. Apesar de terem conquistado o poder político, os zimbabuanos estavam longe de ter o poder econômico. Com benefícios comerciais e alfandegários, os fazendeiros brancos enviavam seus produtos à Inglaterra e ficavam cada vez mais ricos. Além disso, deixavam todo o seu capital em bancos do país europeu. A economia do Zimbabwe estava externalizada. É óbvio que uma mudança no status quo afetaria as grandes potências mundiais.

O que adiantava o Zimbabwe ser o “celeiro da África”, como os contestadores da reforma costumam afirmar, se os zimbabuanos viviam sob uma condição sub-humana, relegados as terras inférteis e sendo subjugados por uma minoria branca européia. Portanto, era o celeiro para quem?

Considerando que a reforma agrária tem o potencial de atingir estruturas sociais que perpetuam formações coloniais de classe, não surpreende que tal processo seja tão fortemente contestado. O governo do Zimbabwe tentando superar a dependência de financiamentos estrangeiros acaba gerando fortes resistências, pelos investidores internos e externos. Escuro, os investidores resistem a essas mudanças para preservar seus próprios interesses, isto é, o status quo.

Por que há uma forte oposição da União Européia e dos EUA, sanções, embargos econômicos, ao governo de Mugabe? Porque enquanto o “celeiro da África” engordava os bolsos da minoria branca, que enriquecia os cofres europeus e americanos era conveniente apoiar tal “celeiro”. Porém no momento em que os Zimbabuanos resolveram tomar a iniciativa, tomar as terras, vieram os embargos, vieram as sanções; dando ao “celeiro da África” a maior inflação do séc. XXI.

A proposta das grandes potências é bem visível: perpetuar uma política neocolonialista no continente africano, deixando-o dependente do capital estrangeiro e endividando-o com quantias impagáveis. Essa política gera crescimentos unilaterais, mas não para a África.


Robert Mugabe - Presidente do Zimbabwe

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Curiosidade: O primeiro rap que se tem notícia

Nos anos 80, um estilo musical popularizou-se ao redor do mundo. Essa forma peculiar de cantar, uma fala ritmada e com rimas ficou conhecida como rap, sigla de Rhythm and Poetry (ritmo e poesia). A música que deu o tiro de largada para o sucesso mundial do ritmo foi Rappers Delight do grupo americano Sugarhill Gang. Da década de 80 para cá, quase todo mundo aponta para a segunda metade dos anos 70 como o ponto de partida do rap. Uns dizem que veio da Jamaica através do DJ Kool Herc. Outros atribuem aos locutores de radio e djs da época.

Na verdade, o rap mais antigo que foi registrado em vinil data de 1967. Pigmeat Markham, o veterano artista de valdeville e ex integrante do grupo da dama do blues Bessie Smith, gravou em vinil uma música chamada “Here Comes The Judge”. Essa música nada mais é que um rap com linguagem chula, sobre um arranjo extremamente funky para a época.  


Pigmeat Markham nasceu em 18 de abril de 1904 em Durham, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.. Era cantor, dançarino, comediante, ator e compositor. Seu nome de batismo era Dewey Markham. Iniciou sua carreira como artista itinerante, participando de shows de valdeville e burlescos. 


No início da década de 1950, Pigmeat começou a ter participações esporádicas em programas de TV, culminando em diversas colaborações ao programa de Ed Sullivan.
Mas sua fama veio mesmo através do ator e cantor negro Sammy Davis Junior que convidou-o a participar de um de seus shows.

Devido ao sucesso dessa participação, Pigmeat assinou contrato para diversos shows e discos, tornando-se um ícone cultural ao divulgar a cultura musical negra do começo do século 20. Pigmeat Markham faleceu em 13 de dezembro de 1981.




Ouça um trecho do primeiro rap que se tem notícia, gravado em 1967: Pigmeat Markham – Here Comes The Judge. Via Cobra Negra

Pigmeat Markham - Here Comes The Judge .mp3
Found at bee mp3 search engine

sábado, 8 de janeiro de 2011

Capitão negro é detido injustamente no Rio Grande do Sul

 
 
O capitão do Exército Brasileiro e ativista do movimento negro baiano, José Mário Soares, conhecido  como Capitão Marinho, encontra-se detido desde a manhã de hoje (07/01) no 3º. Batalhão Logístico do Exército, em Bagé, no Rio Grande do Sul. Autor do livro O Exército na Segurança Pública, o militar que é também mestre em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes, disse à Redação do Correio Nagô não ter sido informado o motivo do aprisionamento nem quanto tempo ficará nessa situação.
 
Fontes do movimento negro acreditam que a prisão é injusta e tem motivação política, estando relacionada às críticas que Marinho têm feito na imprensa ao Exército Brasileiro. O capitão, que mantém o blog Cidadania e Segurança Públicaé também diretor de Direitos Humanos do Instituto Pedra de Raio, ONG que realiza ações na área de justiça e cidadania. 

Nos últimos meses o capitão deu várias entrevistas criticando a ação do Exército nas operações do Rio de Janeiro e denunciando o racismo dentro de instituições militares, como as Forças Armadas e a Polícia Militar. Procurado pela equipe do Correio Nagô, o advogado Sérgio São Bernardo informou que essa é a segunda vez que o fato acontece e que da última vez, no mês de setembro do ano passado, o militar foi liberado mediante a um expediente enviado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O advogado informa ainda que escreverá uma nova representação ao órgão solicitando que a situação seja resolvida e pedindo uma intervenção do ministro da Defesa, Nelson Jobim. 
 
 No Código Penal Militar é previsto que

Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar públicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Govêrno:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
 
As declarações deMarinho devem tê-lo  levado à prisão, numa clara mostra de autoritarismo.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eu Amo Meu Cabelo - I Love My Hair é a sensação do Youtube

Quem poderia imaginar que uma música que exalta as qualidades do cabelo crespo pudesse se transformar em um dos vídeos mais vistos no Youtube?  
Mais do isso, a música I Love My Hair foi capaz de despertar em crianças e adultos o respeito pelo jeito tão especial de ser do próprio cabelo.
O autor da façanha é um fantoche ou Muppet, personagem de um site americano para crianças chamado Sesame Street ou Vila Sésamo (dependendo da sua idade, você vai lembrar deste programa exibido no Brasil pela Rede Globo nos anos 70 e início dos 80).
O responsável pela criação do vídeo foi Joey Mazzarino, editor chefe do site. Ele e a esposa adotaram uma menina da Etiópia. Conforme ela foi crescendo, o casal percebeu que a filha começou a reclamar do cabelo crespo, afirmando que queria ter o cabelo loiro e longo da Barbie.
O vídeo foi a maneira carinhosa que o pai arranjou para ensinar a filha gostar do seu crespinho e colocar a estima da criança no top do pódio.
Como a música está em inglês, abaixo do vídeo segue a tradução (não quero que você perca nem uma palavra!)



Eu amo o meu cabelo *
Não preciso ir ao salão de beleza,
porque eu amo o que tenho na cabeça.
Fica lá em cima, é crespo e castanho!
É isso mesmo, meu cabelo é o que eu amo!
Eu amo muito meu cabelo.
Eu amo meu cabelo. Eu amo meu cabelo.
Não há nada que se compare ao meu cabelo.
Eu amo meu cabelo, e preciso declarar:
Eu amo muito, muito, muito meu cabelo.
Uso com fivelas e também com laço,
Às vezes faço um penteado afro.
Com tranças rastafári ele fica lindo.
Meu cabelo é tão divertido, é por isso que eu quero deixá-lo comprido.
Eu amo meu cabelo. Eu amo meu cabelo.
Eu amo e quero gritar para o mundo inteiro:
Eu amo meu cabelo. Eu amo meu cabelo!
Quero que o mundo todo saiba o quanto eu amo meu cabelo.
Uso ele preso. Uso ele solto. Uso ele todo torcidinho.
Também faço trançinhas e maria-chiquinha.
Com meu cabelo, um milhão de coisas podem ser feitas.
Com presilhas ou soltas ao vento, as tranças ficam perfeitas.
Meu cabelo é uma parte de mim, uma parte maravilhosa, sim.
Eu amo muito meu cabelo!

Eu amo meu cabelo!
(*) Tradução: Mariana Toledo

Via Cabelo Crespo é Cabelo Bom
 
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