quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Reforma Agrária do Zimbabwe - Parte 1

"É uma ocupação legítima. Se a Inglaterra não ajuda o Zimbábue a resolver os problemas sociais, então os zimbabuanos têm o direito de lutar pela terra” Robert Mugabe.


Com este artigo pretendemos elencar os fatores histórico-sociais que culminaram na admirável reforma.


Colonização - A Espoliação

A colonização do Zimbabwe começou em 1890, quando a Companhia Sul-Africana Britânica obteve concessões da Coroa Inglesa para explorar minérios na região. Ela não queria dominar o território, nem conquistar o local, seus objetivos eram estritamente lucrativos. No entanto, isso não foi possível devido ao ouro não estar concentrado em filões, mas espalhado.


Sem conseguir lucrar com a extração aurífera, a Companhia decide patrocinar o assentamento de homens brancos com intuitos agrícolas. O resultado foi a usurpação de terras pertencentes aos africanos e a tentativa de forçá-los a trabalhar nas fazendas dos colonos.

Assim é desencadeado o primeiro chimurenga em 1896. Através da luta armada, os africanos tentaram expulsar os colonos e reconquistar suas terras. Em 1897, após as armas européias adentrarem na luta, eles são derrotados.


Guerreiros do primeiro chimurenga


A Colônia

Os colonos enfrentaram grandes dificuldades no inicio do séc. XX, pois as terras não eram muito férteis, isso resultava muito esforço, para pouco retorno. Na década de 20, a Companhia Sul-Africana Britânica retirou-se do local; os lucros não foram os esperados. Então, os colonos decidiram, por um plebiscito, estabelecer um autogoverno (uma colônia britânica autônoma).

O Ato de Indicação de Terras de 1930 designou 51% das terras, férteis e em melhores localidades, aos colonos brancos. Aos africanos coube 30%, o restante pertencia a companhias comerciais ou ao governo colonial. Além de ficarem com terras nas melhores regiões, o Estado desenvolveu uma política de desenvolvimento da economia agrícola, providenciando aos fazendeiros brancos infra-estrutura de comunicação e comercialização nas áreas de agricultura comercial, além de conceder subsídios e empréstimos. Não é de se surpreender que grande parte da produção agrária, até a reforma, vinha das fazendas brancas.
continua...

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