quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CCJ da Câmara aprova cota racial para deputados federais e estaduais

Texto fixa um mínimo de deputados negros na Câmara e nas assembleias.
Proposta ainda não tem prazo para ser levada ao plenário.


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (30) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) (leia a íntegra) que estabelece reserva de vagas para parlamentares de origem negra na própria Câmara e nas assembleias legislativas.

Não há previsão de quando a proposta será votada no plenário. Antes, o texto ainda terá de ser submetido a uma comissão especial a ser formada especificamente para analisar a proposta. Para alterar a Constituição, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado, por maioria de três quintos dos membros de cada uma das casas (308 deputados e 49 senadores).

Segundo a proposta, o percentual das vagas destinadas aos parlamentares de origem negra corresponderá a dois terços do percentual da população que se declarou preta ou parda no último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelos dados do último censo, de 2010, esse percentual seria de 50,7%.


Se a PEC estivesse em vigor hoje, dois terços dos 50,7% corresponderiam a 173 vagas para negros entre os 513 deputados da Câmara.

A proposta aprovada na CCJ também determina que o percentual de vagas destinadas a parlamentares negros não pode ser inferior a 20% ou superior a 50% do total de vagas.


'Voto específico'

De acordo com o projeto, a reserva de cotas raciais teria validade por cinco legislaturas (o equivalente a 20 anos). Pelo texto, durante esse período, cada eleitor teria direito a um "voto específico" destinado a candidatos negros.

Segundo o autor do texto, deputado Luiz Alberto (PT-BA), deverão ser criadas duas listas de votação nas eleições para deputados federais e estaduais.

“Pela proposta, você tem direito a dois votos. Um voto vai para a lista geral, que pode ser negro, branco, mulher, índio, e um outro voto específico da lista da candidatura negra”, disse Alberto, parlamentar que se declara negro. “Hoje fazendo uma análise superficial, podemos perceber que menos de 5% dos deputados federais são negros.”

'Choque de democracia'

Na justificativa da PEC, Luiz Alberto, coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas, afirma que o projeto busca “superar insuficiência” na democracia brasileira.

“O que se propõe aqui é dar um choque de democracia nas casas legislativas e que esse choque recaia justamente sobre a questão decisiva em todas as discussões histórica e teoricamente mais relevantes sobre a democracia no Brasil, que é a das relações entre equidade racial e equidade social, econômica, cultural e política”, escreveu o parlamentar do PT ao assinar a proposta.

Fonte: G1.com



sábado, 26 de outubro de 2013

Yaya Touré pede boicote de jogadores negros na Copa do Mundo de 2018

Vítima de racismo na Rússia, país que sediará o próximo Mundial, volante disse ter ouvido gritos de macaco

Mais um caso de racismo em uma partida de futebol pode ser vista na vitória do Manchester City sobre o CSKA Moscou, na última quarta-feira (23, pela Liga dos Campeões. Foi o que revelou o volante marfinense Yayá Toure, do clube inglês. Vítima de gritos ofensivos por parte da torcida do time inglês, o jogador afirmou, em entrevista ao "Daily Mail", que os jogadores negros podem boicotar a Copa do Mundo de 2018, que será disputada na Rússia.

O país, recorrente nesse tipo de situação, advertiu que, caso providências não sejam tomadas em relação aos torcedores russos continuarem insultando os jogadores, os atletas podem não disputar a competição.

"É um problema real aqui, algo que acontece o tempo todo, e é claro que eles precisam resolver o problema antes da Copa do Mundo. Caso contrário, se não tivermos confiança para ir à Copa do Mundo na Rússia, nós não iremos", disse Touré.

Quando pegava na bola, os russos imitavam sons de macaco para provocar o marfinense. Apesar de acusar a torcida do CSKA, o diretor de comunicação do clube russo, Michael Sanadze, negou tal insulto a Yaya. O clube também divulgou um comunicado oficial para esclarecer a situação.

"Nada de especial aconteceu. Ninguém mais, além Touré, ouviu alguma coisa", disse ele.

“Depois de termos estudado cuidadosamente o vídeo do jogo, não encontramos insultos racistas de torcedores do CSKA. Em muitas ocasiões, especialmente durante os ataques à nossa meta, torcedores vaiaram e assobiaram para colocar pressão sobre os jogadores rivais, mas, independentemente de sua raça. Por que o meio-campista marfinense tomou como tudo sendo direcionado para ele?”

Jogador do CSKA, o atacante Seydou Doumbia declarou não ter ouvido nada por parte da torcida. Segundo Doumbia, Touré está exagerando.

"Não ouvi nada assim (ofensivo) dos torcedores do CSKA. Sim, eles sempre fazem barulho e apoiam o time, tentando colocar o máximo de pressão possível sobre o adversário, mas eles jamais se permitiriam gritar cânticos racistas. Meu colega da Costa do Marfim está nitidamente exagerando", frisou.

Após o incidente, a UEFA, depois de receber o relatório do árbitro romeno Ovidiu Hategan e do delegado do jogo, abriram um procedimento investigativo contra o clube por comportamento racista dos seus torcedores e por causa de sinalizadores atirados no gramado.

Fonte: Yahoo! Esportes

30 ANOS DO BLOCO AFRO AKOMABU

O Bloco Afro Akomabu do CCN, surgiu no dia 03 de março de 1984. A palavra Akomabu significa “A cultura não deve morrer”. O bloco é antes de tudo um trabalho político-cultural que o CCN, objetivando a preservação e divulgação da cultura negra, vem desenvolvendo com seus integrantes e pessoas da comunidade. O Akomabu resgata e leva para as ruas de São Luís, durante o carnaval, o som dos atabaques, agogôs e cabaças, com grande influência em seu ritmo dos toques dos terreiros de mina do Maranhão. O Akomabu não é um bloco no modelo convencional, assim, não disputa prêmio nenhum, pois tem o objetivo de levar uma mensagem de valorização da auto-estima dos afrodescendentes e tem se tornado uma expressão cultural da população negra maranhense.

O Akomabu saiu pela primeira vez em 03 de março de 1984 com 45 participantes, cantando músicas dos terreiros de tambor de Mina do Maranhão e algumas músicas do Bloco Afro Ilê Aiyê, da Bahia.

Em 2014, o Bloco Afro Akomabu completa 30 anos e levará às ruas de São Luís o tema:  “AKOMABU: 30 anos de luta e resistência”.

Trata-se de um tema rico que se propõe fazer um resgate dos 30 anos do Akomabu e 34 anos do CCN com suas ações diversificadas em prol da cultura do povo negro no Estado do Maranhão.

Dia 26 de Outubro do corrente, a partir das 17h, iniciam os ensaios do Bloco Afro Akomabu para o Carnaval de 2014.

Oficinas de percussão toda quinta-feira a partir das 19h.

Em anexo AGENDA
Ensaios Internos (aos sábado):
Dia 26 – Outubro (sábado) a partir das 17 h.
Mês de Novembro (09, 16, 23 e 30);
Mês de Dezembro (07, 14, 21 e 28);
Janeiro de 2014 (04, 11, 18 e 25);
Fevereiro – 1º

Atenciosamente,      


Comissão Akomabu

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Enem já tem mais negros que o Censo

Em 21 Estados e no DF, proporção de pretos, pardos e indígenas é maior do que a registrada pelo IBGE

Em 21 Estados, além do Distrito Federal, a proporção de candidatos pretos, pardos e indígenas (PPI) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já supera à registrada no Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O principal motivo é a Lei de Cotas nas federais, que fazem a seleção de universitários por meio da prova.


No Rio Grande do Sul, por exemplo, a proporção de inscritos como PPI é de 18,9% - enquanto no Censo esse índice é de 16,45% -, a maior diferença. Apesar de a reserva de vagas já ter valido para quem ingressou neste ano, as inscrições haviam sido encerradas no ano passado, quando as regras foram sancionadas. Segundo a legislação, o porcentual de PPI de cada Estado deve ser atendido entre os cotistas de escola pública.

Neste ano, as federais devem garantir a matrícula de 25% dos novos alunos, por curso, oriundos da rede pública. Em 2016, a participação deverá ser de no mínimo 50%. Enquanto o total de inscritos subiu 24% entre 2012 e 2013, a alta de cotistas foi de 29%. A proporção de PPI no Enem chegou a 56%, maior também do que o Censo registra na população brasileira: 51%.

A maior proporção de PPI entre os inscritos foi em Sergipe, com 80,58%. O censo registra que 71% da população do Estado é PPI. Tanto o IBGE quanto o Enem usam o critério de autodeclaração - preto, pardo, indígena e branco. Os negros são a soma de pretos e pardos.

Apenas Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Amazonas e Maranhão registram proporção de PPI inferior à do Censo. Os dois últimos estão entre as quatro maiores proporções de PPI, com 77,87% e 77%, respectivamente.

Tendência crescente. Além da Lei de Cotas nas federais, a expansão do Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas parciais e integrais em instituições particulares de ensino superior, ajuda a explicar os números. "Os dados revelam que as políticas de inclusão estão no caminho certo", avalia o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio. Segundo ele, novas chances de acesso têm encorajado mais candidatos.

Para o presidente do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, Jorge Werthein, a tendência de aumento de PPI, registrada desde 2010, deverá manter-se. "Mas ainda são necessários mais mecanismos de permanência desse grupo nas universidades."

Mil ainda estão sem cartão de ingresso. Pouco mais de mil estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio não foram encontrados pelo Ministério da Educação e não receberam seu cartão de ingresso. A avaliação exige que os estudantes apresentem o cartão e um documento com foto para entrar nos locais de prova. Ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que os mais de 7 milhões de cadernos de provas já estão impressos e estão sob a proteção da Polícia Federal nos Estados onde serão aplicados.

Fonte: Estadão

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"Associar exu a diabo é uma ignorância", diz babalorixá Professor King

"Associar exu a diabo é uma ignorância", diz babalorixá Professor King e outros vídeos - TV UOL

O programa UOL Astral conversa com o babalorixá nigeriano Professor King, que esclarece o que exu e ainda explica para André Mantovanni sobre o jogo de adivinhação Ifá.

Fonte: TV UOL


Chamada de Artigos Revista da ABPN




É com imenso prazer que a Equipe Editorial da Revista da ABPN comunica a todos(as) que até 31 de dezembro estará aberta a fase de submissão de artigos para a décima segunda edição da Revista com temática livre no que tange as questões raciais. Lembrando que a Revista da ABPN tem qualificação B2 no Qualis para a área de História, Educação e Interdisciplinar.
Esperamos que a diversidade das abordagens apresentadas nos artigos possa contribuir para ampliar nossos conhecimentos e no estabelecimento de novos debates e reflexões.
A Equipe Editorial

Acesse: Revista ABPN

Atriz acusa autor de "Amor à Vida" de racismo

A atriz Tatiana Godoi


A atriz Tatiana Godoi procurou a coluna, informando que foi ameaçada pelo autor Walcyr Carrasco por ter manifestado sua opinião sobre o filho adotivo dos personagens do Tiago Fragoso e Marcelo Anthony, que é negro, ser obrigado a cortar o cabelo na novela "Amor à Vida".

Como resposta, diz que foi chamada de chata e ameaçada por Walcyr, que disse que "iria guardar o seu nome, para nunca ser contratada". Eis algumas das mensagens, que a atriz recebeu pelo Facebook:  "Você está se baseando na noticia de um jornal que não falou comigo. O que eu pedi pra a equipe de figurino foi outra coisa. Mas sinceramente, prefiro encerrar a conversa por aqui. Vou te bloquear e tentarei guardar seu nome, já que é atriz, para nunca te contratar"...





À coluna, Tatiana declarou: "Taí a conversa. Eu até entendo ele achar esse assunto chato , porque ele não passa isso na pele. Até entendo ele me chamar de chata e querer bloquear, poderia sim ter escrito isso, o que não gostei e não; E entendi ele falar que vai guardar meu nome para não contratar já que sou atriz , ou seja pessoa vingativa, agora entendo o porque dele ter matado a Marina Ruy Barbosa por conta do cabelo e a Claudia Raia em "Morde e Assopra". Se com as que já são famosas ele fez isso imagina com outras pessoas... Eu também o questionei mesmo eu sendo hétero sobre o Eron transar com mulher. Eu tenho muito amigos gays e sei  o quanto é difícil para eles, agora fazendo isso na novela, dá impressão que se "apertar" e transar com mulher, todo gay vai virar hétero, ou seja ele só pode ser louco escrevendo histórias assim. Mas enfim, Deus tudo vê...abraços e obrigada".

Outro lado

Procurado, Walcyr Carrasco argumentou que o menino vai mudar de visual na trama porque troca de família ao ser adotado. "Ela me enviou uns vinte facebooks, baseada numa informação totalmente tirada da cabeça dela, de que eu cortaria o cabelo do menino para parecer com um cabelo de branco. Eu pedi para cortar porque o menino, ao ser adotado, deve mudar o visual em roupas e cabelos. Nunca houve nenhuma menção ao fato dele ser negro. Eu é que pedi um menino negro justamente para estimular as adoções inter-raciais. Então, ela começou a me chamar de racista. Eu expliquei que escrevi 'Xica da Silva', etc. Ela continuou me atacando, e dizendo que era atriz.... ou seja, no fundo queria descolar algo. E então disse que faria uma campanha contra a novela. Então eu respondi literalmente que lembraria do nome dela para eu (eu pessoalmente) não trabalhar com ela, não por ser negra, mas por ser chata. Imediatamente, ela me ameaçou dizendo que espalharia isso na imprensa, em termos que configuram chantagem. E botou uma mensagem no Twitter adulterando o que eu tinha dito, dizendo que eu não a contrataria por ser negra. Mentira absoluta. Ela jamais questionou o corte do cabelo do garoto, já começou chutando o balde, me chamando de racista e fazendo ameaças. É isso aí".

Fonte:BOL

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Requerida apuração de denúncia de abuso de autoridade e racismo praticado por PMs


Campinas, 21 de outubro de 2013- Um documento assinado pelo vereador Carlão do PT, pela Secretaria de Combate ao Racismo da Macrorregião de Campinas do PT e por nove entidades do Movimento Negro de Campinas foi protocolado, nesta sexta (18/10), na sede do Comando da Polícia Militar de Campinas, pedindo apuração de possível prática de racismo e abuso de autoridade por policiais militares, na semana passada, no Condomínio Residencial Arlete Cardoso Lins, no DIC (Campinas-SP), onde residem trabalhadores da Unicamp. As entidades que assinam o documento são Comunidade Jongo Dito Ribeiro, Casa de Cultura Fazenda Roseira, Instituto Cultural Babá Toloji, Grupo Força da Raça, Associação das Comunidades Tradicionais de Terreiros, Grupo de São Jorge, Ponto de Cultura Ibaô, Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e Casa de Cultura Tainã.

A denúncia tem como base vídeos postados no You Tube dia 12 de outubro. "Segundo apresenta o vídeo, os policiais militares que atenderam a ocorrência foram desumanos e não respeitaram sequer as crianças.", afirmam os denunciantes. Eles argumentam que as entidades do Movimento Negro vêm, ao longo dos anos, denunciando arbitrariedades impostas pelo comando da PM à população negra por meio de manifestos, marchas e outras ações. "Lutamos contra o extermínio do povo negro através do genocídio da juventude negra", concluem.

Entre os argumentos jurídicos estão os fundamentos da Constituição Federal (Artigo 1º), que proclama "A dignidade da pessoa humana". Já o artigo 5º, ao definir os direitos e deveres individuais e coletivos, estabelece no inciso XLI que "a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais" e no inciso XLII que "a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão". Os denunciantes requerem a instauração de inquérito policial para apuração de responsabilidade criminal, procedimento de apuração pela Polícia Militar, Delegacia de Crimes Raciais do Estado de São Paulo e Secretaria de Justiça de São Paulo.

A denúncia é uma ação da campanha É Racismo! Não é Um Mal Entendido!, lançada em março deste ano pelo mandato do vereador Carlão do PT em parceria com pessoas que atuam no combate ao racismo em Campinas. O objetivo da Campanha é promover a reflexão, a conscientização e a participação da população, com sugestões e denúncias. Os canais de comunicação da Campanha são site (http://eracismo.wix.com/eracismo), e-mail ( eracismo@gmail.com) e Fan Page.




Fonte: Geledés

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pesquisa revela: mais de 90% das meninas que trabalham no Brasil são negras


De acordo com dados divulgados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 93% das crianças e dos adolescentes envolvidos em trabalho doméstico no Brasil são meninas negras. Em números absolutos, são mais de 241 mil garotas executando tarefas domésticas na casa de terceiros.

Os dados foram divulgados pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), no estudo O Trabalho Doméstico no Brasil, com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, a mais recente. Em relação à cor, o perfil dessas crianças e jovens indica que 67% são negras.

Estima-se atualmente que haja cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos trabalhando no Brasil, segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mundo, há mais de 168 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) trabalhando no mundo, das quais 85 milhões em atividades consideradas as piores formas – que são perigosas, insalubres ou abusivas.

Fonte: Revista Afro.com

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Centro de ensino em comunidade quilombola no Maranhão passa por dificuldades


Codó (MA) - No Maranhão estão mais de 25% das cerca de 2 mil escolas em área remanescente de quilombos do país. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no estado existem 574 centros de ensino. Na região de Codó, estão 13 comunidades. Em uma delas, Santo Antônio dos Pretos, a 45 quilômetros de Codó, o Centro Quilombola de Alternância Ana Moreira (Ceqfaam), que atende a jovens da comunidade e dos povoados vizinhos, no ensino médio, precisa urgentemente de recursos.

O ensino médio, antes do Ceqfaam, era cursado em Codó. As famílias se mudavam para a cidade ou enviavam os filhos. O centro, fundado em 2010, foi inaugurado com muita pompa, mas, depois disso, caiu no esquecimento, disse, à reportagem da Agência Brasil e da TV Brasil, Francisco Carlos da Silva, uma das lideranças da comunidade.

No mesmo ano da inauguração, alunos, pais e diretores do Ceqfaam divulgaram uma carta denunciando a situação de abandono do centro de ensino. No documento, eles declaram que o governo mandou “cancelar a licitação do poço artesiano, deixando a escola sem água [alunos tomam banho e lavam roupas no rio]; faltam quase todos os equipamentos; quem faz a alimentação e a limpeza da escola são os professores e alunos, pois as duas cozinheiras, após trabalhar cinco meses sem receber os vencimentos, deixaram o serviço, e o mesmo fez o vigilante; e a energia elétrica é gambiarra”.

Em junho deste ano, a Promotoria de Justiça da Comarca de Codó ingressou com uma ação civil pública, com pedido de liminar contra o estado do Maranhão, solicitando à Justiça que determine a regularização do fornecimento de alimentação aos alunos. Segundo o Ministério Público do Maranhão, por causa desse problema, os estudantes deixaram de ir às aulas. Além disso, a escola recebeu do Ministério da Educação computadores para instalar um laboratório de informática, mas todo material permanece encaixotado, guardado em uma sala. “A rede elétrica não comporta” a instalação dos computadores, disse Solon Nóbrega, um dos professores do centro.



Apesar das dificuldades, o Ceqfaam formou a primeira turma, de 29 alunos. A cerimônia ocorreu no dia 7 de março deste ano. Francimara Delgado Nunes, que concluiu o curso, falou das dificuldades enfrentadas. “Minha turma foi a primeira a chegar na escola. Então para a gente se acostumar com pouca coisa que tinha na escola foi muito difícil. Teve muita dificuldade em tudo, com água, energia, até professores, tinha muita dificuldade”, disse a estudante que ainda não recebeu o diploma.

O professor Solon Nóbrega ressaltou a importância do Ceqfaam para preparar os jovens da comunidade para o trabalho na área agrícola. “A gente não trabalha para formar técnicos que saiam daqui e vão trabalhar em grande fazendas, embora estejam preparados para isso. A intenção é que voltem para a comunidade e, o que eles aprendem aqui, possam aplicar lá”. O professor disse ainda que as técnicas aprendidas podem aperfeiçoar o tipo de cultivo, ainda tradicional e de subsistência. “Aqui, a fome é muito grande, por causa desse inverno curto. A fome este ano foi muito grande, foi muito pouca a colheita”, declarou.

O governo do Maranhão foi procurado pela Agência Brasil e, em nota, diz que a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) mantém permanente diálogo com a comunidade escolar para resolver as questões pertinentes ao funcionamento da escola. “Para resolver o problema da água, está sendo licitada a construção do poço artesiano. Quanto à alimentação escolar para os alunos, o repasse financeiro é efetivado regularmente. O preparo das refeições vem sendo feito por uma moradora voluntária do projeto na Comunidade Quilombola de Santo Antonio dos Pretos”, diz. Além disso, o governo informa que mantém “regularmente” o pagamento dos professores.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Capes aprova novo mestrado profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas na UFRB

O novo curso de Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O curso contará com 15 vagas anuais e será ministrado no campus de Cachoeira.

Formar profissionais aptos a desenvolver de forma plena e inovadora o projeto de aplicação da Lei 11.645 de 2008, que torna obrigatório o ensino de História da África, da Cultura Afro-Brasileira e da História Indígena, é um dos objetivos do curso. “Em 2013, completa dez anos da referida Lei que obriga que os currículos da educação básica incluam a História e Cultura da África e dos Afro-brasileiros. Logo, a aprovação desse curso representa uma conquista em relação ao propósito de contribuir com esse Projeto de Educação das Relações Étnico Raciais”, aponta o professor Claúdio Orlando, um dos coordenadores do projeto.

O curso de pós-graduação lato sensu foi formulado a partir das experiências dos membros do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) do Recôncavo da Bahia ao realizar o Curso de Especialização em História da África, da Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nele, foram reunidos cerca de 170 professores das redes de ensino público dos municípios de Santo Amaro, Cachoeira, São Félix, Muritiba, Cruz das Almas, Amargosa, Mutuípe e Brejões. “A partir da experiência da especialização, os membros do NEAB e professores do Curso de História do CAHL enviaram a Apresentação de Propostas de Cursos Novos (APCN) do Curso de Mestrado Profissional para a Capes”, relata o coordenador do NEAB, professor Antonio Liberac.

“O Mestrado representa um avanço para formação e pesquisa no campo da História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas, ao tempo que amplia o comprometimento da UFRB em relação à formação de estudantes egressos das graduações, dos professores que estão concluindo o curso de especialização realizado pelo NEAB, e demais interessados na temática”, aponta Claudio Orlando. Das vagas disponíveis, 50% serão para atender professores das redes de ensino estadual e municipais e 10% para servidores técnicos-administrativos, as demais são para livre concorrência.

Além de Orlando e Liberac, os professores Rosy de Oliveira, Sergio Guerra, Emanoel Soares, Juvenal de Carvalho, Rita Dias, Leandro Almeida, Osmundo Pinho, Walter Fraga e outros nomes atuaram juntos na elaboração do projeto que contou ainda com a apoio da Pró-Reitoria de Pós-Graduação. O Curso foi estruturado com corpo docente formado por 19 professores, dos quais 16 doutores e 3 mestres. A previsão de oferta do curso é o primeiro semestre letivo de 2014.

Fonte: Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - BA

Apenas um pênis - Veja o namorado de Sam de Icarly

Circulando pelo Facebook alguém compartilhou um aleatório link sobre o relacionamento da atriz Jennette McCurdy, do antigo seriado infanto-juvenil Icarly. Nem nome o jovem tem, mas em outra coisa pensaram pra ele.


Clique na imagem para ampliar


Brancos nos vendo como a única coisa que eles sempre nos veem, apenas um órgão sexual.



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Advogado preso no último sábado fala sobre agressão da Guarda Municipal

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Violência obstétrica, você não vê, mas elas sentem


A violência obstétrica é um fantasma na vida de muitas mulheres: segundo um estudo realizado pela Pública, uma em cada quatro brasileiras já sofreu com esse tipo de agressão. A violência não é só o ato físico. A verbal pode ser grave e  deixa marcas. Muitas mães não denunciam ou até acham que abusos e agressões são normais.

Uma enfermeira que trabalha em Foz do Iguaçu conta que os profissionais que trabalham no centro obstétrico comentam sobre a “fama” dos médicos. “As médicas mulheres são as mais estúpidas. Os obstetras são mais atenciosos e cuidadosos, mas também cometem alguns equívocos. Muita gente não está preparada para lidar com essas pessoas passando por esse tipo de dor, fazem o procedimento correto mas não sabem como tratar a gestante”.

Há números e casos que comprovam toda essa situação: de seis entrevistadas, apenas uma não sofreu nenhum tipo de agressão. Acompanhe três dos casos mais marcantes.

Três gestações, três traumas


L.V realizou três partos normais por plano de saúde. Teve problemas para engravidar na primeira gestação, e escutou de sua ginecologista que se engravidasse perderia seu filho ou morreria. Em sua segunda gravidez, aguentou os tons de deboche de uma auxiliar de enfermagem. “Imagina quando estiver na hora do parto” foi o que ouviu quando estava com a cabeça de sua filha coroando. Mas foi seu terceiro parto que a deixou marcada físico e psicologicamente.

“Quando cheguei no hospital, me perguntaram se queria ligar para o meu médico. Avisaram que ele demoraria três horas para chegar. Como estava com contrações fortes, preferi a médica que estava de plantão. Ela também queria fazer meu parto em seu plantão, pois ganharia mais com isso. Para forçar meu bebê a nascer, ela enfiou o fórceps várias vezes seguidas. Após minha segunda filha nascer, tive meu útero retirado do meu corpo, costurado e colocado de volta, para conter uma hemorragia devido aos inúmeros cortes. Quando meu médico soube do que aconteceu, deu socos na mesa do seu consultório. Na semana seguinte, ela foi denunciada ao Conselho Regional de Medicina e foi mandada embora do hospital em que fui atendida.”

Quartos coletivos do SUS



C.B é mãe de duas meninas, uma com 11 e outra com 13. Ambos os partos (cesáreas) foram realizados pelo Sistema Único de Saúde. No texto a seguir, ela conta como foi o parto da sua primeira filha.

“Tive um trabalho de parto normal, de 12 horas seguidas. Eu havia ido ao hospital duas vezes no mesmo dia, o médico fez o toque e não havia dilatação. Na terceira vez que eu fui ele concordou em fazer cesárea, porque o trabalho de parto já tava demorando muito tempo. A parte clínica foi tranquila, a equipe era completa. O problema todo começou depois da cirurgia. Te mandam pra uma sala de recuperação da anestesia, e quando dá aproximadamente três horas, que é o tempo de recuperação da anestesia, a enfermeira só verifica se você tem sensibilidade nos pés e daí você já sai da sala direto pro quarto.Você passa em frente ao berçário, as suas pernas ainda estão abertas (meio anestesiadas) e colocam o neném no meio. Aí os enfermeiros me tiraram da maca e colocaram na cama, sem dar as 12 horas que o médico recomenda. E dali você tem que se virar e contar muitas vezes com a solidariedade das pessoas, porque no SUS os quartos são coletivos, então tinha uma moça que havia tido parto normal e me auxiliou: eu dava de mamar pra minha de um lado, e quando eu precisava trocar, ela que também havia tido uma filha, de parto normal, levantava da cama dela e trocava a neném de lado pra mim. Até mesmo me virar, era muito dolorido, muito difícil. Eu senti nos meus dois pós-partos um desespero muito grande, talvez por causa da anestesia.”

Me esqueceram


Daiana F. Martins passou 24h em trabalho de parto. Ficou sozinha no quarto com outras mães, sem direito a acompanhante. Foi esquecida na ducha pela enfermeira durante 2h, e só saiu de lá porque outra gestante que estava em pré-parto lhe ajudou. Quando já estava em trabalho de parto, pediu ajuda às auxiliares de enfermagem que estavam jogando baralho em uma mesa ao seu lado. Foi acusada de tumultuar e assustar as outras mães que estavam com ela. Quando o médico finalmente veio e foi examiná-la viu que o neném já estava coroando. Para levantar da maca, ela tentou apoiar em uma das auxiliares e escutou dela um “não me encosta”. Confira a história completa:



Leis

 Em junho de 2000, foi estabelecida a Portaria n.º 569 que diz que “o acesso das gestantes e recém-nascidos a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto, puerpério e período neonatal são direitos inalienáveis da cidadania”

Em 2005, entrou em vigor a lei n° 11.108, que obriga os sistemas de saúde (privados e SUS) a permitir a presença de um acompanhante (indicado pela parturiente) durante o trabalho de parto, no parto ou pós parto.

 Cesariana

 A cesárea é um procedimento mais rápido e mais rentável que o parto normal para o profissional que realizará o procedimento. A imposição da cesariana tem sido encarada como uma forma de violência. O risco de morrer durante a operação é quase quatro vezes maior que no parto normal. O Brasil é o campeão mundial nesse tipo de cirurgia (52%).

Muitos médicos manipulam e incentivam as gestantes a fazer este procedimento no pré-natal. Conselhos de saúde e estudiosos chamam a atenção para o fato de que o feto não possui “hora marcada” para nascer. O corpo da mulher dá os sinais com contrações e o rompimento da bolsa, por isso, a cesariana deveria ser uma medida de emergência e não um método usual.

Parto humanizado

A Rede Humaniza SUS (RHS) é uma rede social para pessoas que estão interessadas em humanizar a gestão e o cuidado no Sistema Único de Saúde. Em 2001, surgiu o PNHAH (Programa Nacional de Humanização do Atendimento Hospitalar) que, em 2003, virou a PNH (Política Nacional de Humanização). Esta política incentiva e instrui seus profissionais para que eles possam atender os pacientes com qualidade e respeito.

Assim como outros procedimentos, há o parto humanizado. Nele, as gestantes são as protagonistas: escolhem a posição que desejam ter seu filho e têm direito assegurado a um acompanhante em todas as fases (pré parto, parto e pós parto).  Esta ação visa garantir que a mulher não tenha seus direitos (estabelecidos na Portaria n.º 569) violados no sistema público de saúde.

O que elas escutam

Foi realizada uma pesquisa pela Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo com gestantes que realizaram seus partos em rede pública. As frases mais ouvidas durante o parto foram:

Não chora que ano que vem você está aqui de novo (15%);
Na hora de fazer não chorou/não chamou a mamãe, por que está chorando agora? (14%);
Se gritar eu paro agora o que estou fazendo, não vou te atender (6%);
Se ficar gritando vai fazer mal pro seu neném, seu neném vai nascer surdo (5%).


 
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Aluna de intercâmbio diz ter que responder constantemente a questões preconceituosas sobre a África

Ela foi trazida de Cabo Verde pelo Programa Estudante Convênio de Graduação


Desde a promulgação da Carta Constitucional de 1988, o racismo é declarado como crime inafiançável. No entanto, resquícios histórico-culturais presentes na sociedade brasileira mantêm vivo, mesmo que de forma velada, um intenso preconceito racial por parte da elite branca dominante.

Em um caso recente envolvendo a UFRJ, o estudante negro Delmar Lopes Siga, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), foi autuado pela Polícia Militar em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por um suposto assalto de celular. De acordo com depoimento apresentado na delegacia, Delmar, natural de Guiné-Bissau (país cuja língua oficial é o francês), pediu informação a uma mulher, que fugiu assustada. Ao passar pelo local, um policial achou que se tratava de um roubo e prendeu o aluno. Atualmente, o guineense responde ao processo em liberdade.

A estudante do 8º período da Escola de Comunicação da UFRJ, Rossana Ribeiro, de 22 anos, cursa Jornalismo desde 2010, quando veio para o Brasil através do mesmo programa que trouxe Delmar, o PEC-G (Programa Estudante Convênio de Graduação). Ela engrossa as críticas ao racismo, por vezes dissimulado, que encontrou no Rio de Janeiro. Natural de Cabo Verde, país localizado na costa ocidental da África, Rossana observou que a chamada "hospitalidade brasileira" não passa de um mito.

Rossana diz que a integração entre os estudantes de países africanos e os brasileiros não é tão aprofundada: "Vejo na verdade maior integração entre os estudantes de origem africana do que propriamente com os brasileiros. É recorrente sairmos juntos e termos amizades mais próximas com quem vivia por lá e acredito que isso não é o propósito de um intercâmbio", completa.

Para ela, é comum a necessidade de desconstruir muitos dos estereótipos dados ao continente africano, como responder se existem prédios em Cabo Verde. Também nota olhares estranhos quando relata a alguém seu país de origem.

Sonho de estudar no Rio

Apesar dos problemas, Rossana conta que sempre sonhou em morar no Rio de Janeiro e após receber boas indicações de tios, ambos formados na Universidade Federal Fluminense (UFF), escolheu a cidade. "Desde criança eu via o Rio de Janeiro nas novelas e quando descobri a qualidade da UFRJ não pensei duas vezes antes de vir para cá", confessa.

O Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G) atrai estudantes de países da América Latina e do continente africano após completarem o equivalente ao Ensino Médio brasileiro, em seus respectivos países. Ele atende universidades federais, estaduais e até mesmo particulares, porém não cobre nenhum tipo de gasto dos alunos. Eles devem receber bolsas de seus países para se sustentarem aqui durante o curso. Para estudantes de países não lusófonos, também é necessário realizar um curso de proficiência de língua portuguesa durante um ano chamado Celpe-Bras.

Segundo dados do programa, dos países que mais exportam estudantes, destacam-se na África: Cabo Verde (possui português como língua oficial), além de Togo, Congo e Guiné-Bissau (todos possuem o francês como língua oficial). Já pelo continente americano, alunos de países como Paraguai, Colômbia e Bolívia aparecem com mais frequência. Em relação aos cursos, os mais tradicionais como Direito, Engenharia e Medicina são majoritariamente os mais procurados. Contudo, outras graduações como Arquitetura, Comunicação Social, além de outros cursos da área de saúde também demonstram grande demanda.

Atualmente o programa atende um total de aproximadamente 90 alunos dentro da UFRJ, sendo contabilizados apenas os que possuem matrícula ativa. Chefe da Seção de Seleção e coordenador do PEC-G, Carlos Celano ressalta que muitos desses estudantes estrangeiros vêm para o Brasil com uma educação de base deficitária, o que acarreta em dificuldades para concluírem a graduação. "Notamos que cursos das ciências exatas, por exigirem muito de Matemática e Física nas suas cadeiras, como cálculo e álgebra, dificultam o domínio por parte desses estudantes. Isso ocorre, em outras proporções, também na área de humanas", afirma.

Além disso, o alto custo de vida nas grandes capitais do país, isto é, no eixo da Região Sudeste, inviabiliza muitas vezes um bom aprendizado. Celano explica que o programa pretende estender essa parceria com universidades de regiões fora dos grandes centros, pelo custo de vida menor: "Convênios com universidades da região Nordeste devem ser firmados para evitar o elevado número de desistências".

Dificuldade em arcar com os custos no Rio de Janeiro

Morar na cidade não está fácil. Mesmo estagiando na Coordenadoria de Comunicação da UFRJ, Rossana Ribeiro destaca que os altos preços dos aluguéis dos imóveis aliados à histórica dificuldade de mobilidade urbana dificultam o acesso à moradia. Principalmente para quem vem de fora, pois outro empecilho é a necessidade de um fiador. Inicialmente, ela se instalou numa república de cabo-verdianos, porém ressalta que rapidamente o local tornou-se insustentável (o imóvel era dividido com mais nove pessoas). Atualmente, vive no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio, junto de mais duas amigas brasileiras, uma das quais conseguiu a mãe como fiadora. "Sempre me disseram que o Rio de Janeiro era caro, só não imaginei que fosse tanto", completa.

Fonte: Geledés

Racismo no PPGA (Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará)

A carta abaixo foi enviada para a Coordenação do PPGA e para outras pessoas e instituições, da Universidade Federal do Pará e de outros órgãos, por uma professora na universidade.

A carta abaixo foi enviada para a Coordenação do PPGA e para outras pessoas e instituições, da Universidade Federal do Pará e de outros órgãos (discriminados no parágrafo final), por uma professora na universidade. Seu nome é Cristina Maria Areda Oshai, e ela escreve, porém, na qualidade de aluna do Doutorado em Antropologia da UFPA. A carta, datada de 24 de Setembro de 2013, é ao mesmo tempo uma denúncia revoltante e uma exigência em termos de reflexão e de ação. Como não sei se a forma como ela me chegou às mãos poderia causar problema a quem a enviou, prefiro omitir essa informação. Aí vai o texto. (Tania Pacheco)

Senhora Coordenadora,

Sou docente desta UFPA e, desde abril/2013 estou licenciada para cursar o doutorado nesse Programa, onde tenho me realizado academicamente. No dia 03/09/2013 eu e outros alunos, matriculados na disciplina Teoria Antropológica Contemporânea, estávamos na sala de aula nº. 01 do PPGA, quando o Prof. Dr. Fabiano Gontijo, responsável por ministrar a disciplina, nos levava a refletir sobre estereótipos e, a exemplo, relatou que ouvira de alguém próximo à sua residência que “dois pretos em Belém e de bicicleta são ladrões.” Em seguida condenou a naturalização dos estereótipos e problematizou sobre o uso e legitimação desta e de outras expressões preconceituosas e racistas, principalmente se for feito por antropólogos e alunos.

Ao longo de sua exposição o Prof. Dr. Fabiano foi interrompido por uma aluna, Elizabete Pereira Pires que, até então eu não conhecia. Essa aluna, com uma naturalidade de alguém que, se sentindo totalmente à vontade no ambiente e acima de tudo sem considerar o outro como sujeito, disse em alto e bom tom que era isso mesmo; que os ladrões em Belém são assim mesmo; que ela foi assaltada na porta de sua casa e o cara que pôs uma arma em sua cabeça era preto e que o conselho que ela dava ao professor (que é recém-chegado em Belém) e a todos nós, até porque ela fazia isso era, “se vê dois pretos, corre porque é ladrão.

Eu sou negra, tenho pele preta, com imenso orgulho. Afinal os meus ancestrais é que foram surrupiados por determinados povos europeus, que por terem sido absolutamente incapazes de garantirem sua sustentabilidade dignamente precisaram piratear, saquear e traficar coisas e pessoas por eles coisificadas. Os que afirmam ou que concordam que “todo preto é ladrão” querem na verdade inverter uma lógica que predominou por mais de trezentos anos neste pais, denominado pelos usurpadores de “Brasil”. Trata-se de um esforço infrutífero para apagar e limpar historias que já foram escritas nos livros e nas memórias coletivas, com tintas, sangue e a ferro e fogo, literalmente. O passado jamais poderá ser apagado, embora qualquer história possa ser recontada. E, já que a verdade parece ser um dos pressupostos da Ciência e que no espaço acadêmico há muitos que se dizem cientistas, o verdadeiro seria dizer que determinados povos europeus não negros e não indígenas invadiram terras, roubaram, saquearam e assassinaram por mais de 300 anos; que muitos ficaram ilesos apesar de todos os crimes praticados e ainda puderam deixar a herdeiros e herdeiras bens materiais e imateriais como o prestigio, dos quais muitos se valem até hoje e esperneiam para não perder, porque, a exemplo de seus ancestrais, são incapazes. Nessa lógica, espaços e cargos públicos continuam sendo preenchidos pelo critério da cor da pele (que não deve ser preta) e do prestígio deixados por ladrões, escravocratas e traficantes. Reconheço que há exceções. Sou preta e descendo de pretos africanos e apesar de todas as atrocidades cometidas contra nossos antepassados (estupros, saques, torturas, apropriação de saberes, dentre outras), estamos aqui e representamos hoje 52% da população brasileira e 72% da população paraense (se somados pretos e pardos).

Após ter explanado seu pensamento a aluna Elizabete Pereira Pires continuou participando da aula tranquilamente e emitindo suas opiniões. Foi quando constatei que ela continuou desconsiderando que eu negra, preta e que estava diante dela. Obviamente já passei por inúmeras situações de discriminação e racismo, mas nunca tinha visto nada igual. Fiquei em estado de choque. Fui pega de surpresa. Passado o choque, mas não a indignação, a humilhação e até a vergonha de ter uma colega no doutorado proferindo frases racistas descaradamente, perguntei o nome da referida aluna (foi quando soube o nome dela) e disse que sou negra, preta, tenho filhos pretos, porém não somos ladrões. A aluna Elizabete Pereira Pires se desculpou dizendo que era professora de biologia em uma escola pública e que, infelizmente, era aquilo mesmo. Ela tinha muitos alunos pretos que, embora bastante aconselhados por ela, não queriam largar a vida do crime (…).

Preciso dizer que jamais imaginei ouvi algo assim e dito com tanta naturalidade em uma sala de aula de uma pós-graduação, dito por uma aluna de doutorado, em uma universidade pública e, acima de tudo em um curso de Antropologia. Imediatamente me lembrei de um ocorrido recentemente na Universidade Estadual do Pará – UEPA, quando uma antropóloga (por coincidência, ou quem sabe nem tanto) chamou um trabalhador negro de macaco. Penso que se fatos como esses continuarem sendo naturalizados em nossas universidades, não tardará serem os antropólogos os “objetos de estudo”, o que me parece já ser interessante para acontecer. Haveria algum determinismo nisso? Talvez Lamarck, Lineu, ou Darwin possam nos ajudar a compreender.

No dia 13/09/2013 procurei o Prof. Dr. Hilton Pereira da Silva (meu orientador e da outra aluna) para relatar o que havia acontecido. Embora ele já soubesse por terceiros, pediu que eu repetisse. Após me ouvir esse professor demonstrou surpresa e disse não compreender minha indignação, pois não via nada de errado no que a aluna havia falado. Para ele, Elizabete Pereira Pires apenas fez uso de sua liberdade de expressão e afirmou que ele era terminantemente contra o cerceamento da liberdade de expressão, chegando a me perguntar se eu queria instalar uma polícia ideológica no PPGA e que não via necessidades para tanto barulho, pois esse tipo de assunto deveria ficar em sala de aula. Refleti com o professor que, a meu ver, há uma diferença abissal entre liberdade de expressão e liberdade para opressão, para o constrangimento, desrespeito e racismo. Conversamos por um determinado tempo, suficiente para que o professor apresentasse seus argumentos teóricos sobre tolerância a colegas e direito à liberdade de expressão; sobre a necessidade de fazer valer nosso discurso de humanização e aceitar a opinião das pessoas, quaisquer que sejam; e sobre a necessidade de compreendermos que a universidade não é lugar para militância. Manifesto minha admiração pela elevada capacidade crítica do Prof. Dr. Hilton, cujos argumentos apresentados são dignos de um doutor em Bioantropologia e, pelo jeito, dignos de alguém a altura de ser o porta voz oficial da UFPA no trato dos assuntos relacionados ao Brasil e aos 53 países do continente africano, já que foi empossado recentemente na Coordenação da Casa Brasil África.

Desejo, sinceramente que ele tenha sorte e seja guiado pela força da ancestralidade negra. Afinal, combater o racismo em um país que se tornou nação pela força de corpos de pretos e pretas e de indígenas, subjugados com base no racismo é para quem tem coragem e não barganha suas convicções. Até porque, é por causa do racismo pessoal e institucional que espaços, como os universitários, continuam ocupados e sob domínio de uma minoria, à custa de uma imensa maioria que jamais terá a chance de cursar ensino superior e, menos ainda, uma pós-graduação; que continuará sendo tratada como objeto de estudo, sendo utilizada para ilustração de teses e dissertações, como pretextos para captação de recursos, e trunfos para carreiras profissionais meteóricas.

Embora eu tenha me apresentado no início desta correspondência como docente desta instituição, eu venho aqui na condição de aluna, ávida por conhecimento, solicitar que este PPGA (e demais grupos e coletivos que receberão uma copia desta correspondência) se manifestem com relação ao exposto, pois estou muito confusa. Quando acho que estou começando a aprender sobre Antropologia e sobre sociabilidades pautadas pela cidadania, vejo que estou entendendo tudo ao contrário… O que pensam sobre isso? Na opinião de vocês, dizer que todo preto é ladrão é apenas uma expressão de liberdade ou é crime de racismo? Esse tipo de expressão, falada por um discente do nível de doutorado, demonstra boa qualidade ou uma má qualidade do processo de formação profissional? O respeito à diversidade, que consta como primeiro princípio no regimento da UFPA, bem como sua missão institucional, faz algum sentido para nós? Se um/a jovem preto(a) nos perguntasse para que serve uma universidade ou para que um curso de pós-graduação ou, ainda, o que é ou para que serve a Antropologia, o que responderíamos? Não tenho a intenção aqui de por em xeque os argumentos do Prof. Dr. Hilton, mas preciso saber se há outras opiniões e possibilidades de interpretação dos fatos que aqui relatados, afinal os processos para construção de conhecimento são dinamizados tanto por respostas quanto por perguntas.

Pelo exposto sugiro que o PPGA realize um evento ampliado onde jovens pretos e pretas tenham voz. Um evento do qual participem representantes do movimento negro (Cedenpa, Malungu, Mocambo, Rede Mocambos, dentre outros) e de órgãos do Poder Público (Secretaria de Segurança Pública, Conselho de Segurança Pública, Defensoria Pública, Ministério Público, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, dentre outros) que vêm atuando a fim de reduzir o extermínio da juventude negra brasileira, motivado exatamente pelo estereótipo de que preto é ladrão – vejamos o Mapa da Violência contra a juventude brasileira publicado em 2012. Sugiro ainda que no acolhimento dos futuros alunos sejam apresentados os regimentos da UFPA e do PPGA, os artigos da Constituição Federal e do Código Penal referentes ao direito a diversidade e a criminalização do racismo, para que não venhamos a falar e fazer asneiras, principalmente se forem contrárias àqueles(as) que arcam com nossos empregos e nossos estudos. Considerando que esse PPGA adotou políticas afirmativas, a exemplo de poucos programas de pós-graduação instituídos nas universidades públicas brasileiras, sugiro que sejam realizados tantos eventos, quantos forem necessários com o intuito de “deseducar” as pessoas preconceituosas e racistas e educá-las para exercerem a tolerância e o respeito à diversidade. Com base na liberdade de expressão, exercerei meu direito para denunciar o racismo nas dependências do PPGA, fazendo isso por meio de cartazes educativos lembrando que racismo é crime, inclusive inafiançável.

Considerando que meus estudos são sobre saúde de populações negras quilombolas, que têm como um de seus elementos identitarios a resistência ao racismo e a outras formas de opressão, eu não poderia ser orientada por um professor que nega ou naturaliza práticas racistas ou as confunde com liberdade de expressão. Por isso, além de manifestar minha indignação e tristeza pelo ocorrido, manifesto também meu interesse em ser orientada por outro professor.

Fui indagada pelo Prof. Dr. Hilton sobre o que eu queria e esperava da Coordenação e do Colegiado do PPGA e da UFPA expondo o fato ocorrido na sala de aula. Respondi que apostava na reflexão e capacidade de aprendizado e também esperava que posturas racistas fossem coibidas, mas jamais o cerceamento da liberdade de expressão. Afinal, quem sou eu para fazer prescrições, ainda mais no mundo de brancos, e de brancos antropólogos… A única certeza que eu tenho é que os posicionamentos sobre o que expus aqui serão diretamente proporcionais à decência de cada um(a), ao compromisso e à responsabilidade que se tem, ou não, no trato da coisa pública, dos interesses coletivos e para a construção da cidadania.

Peço desculpas pelo tamanho da correspondência. Não me levem a mal pela iniciativa, só estou fazendo uso da liberdade de expressão. Sou apenas uma aluna preta, querendo aprender um pouco mais sobre os mecanismos de funcionamento desse mundo acadêmico tido por muitos como “civilizado”, no qual alguns acreditam que estão produzindo Ciência.

Serão enviadas cópias também para os Profs. Drs. Fabiano Gontijo e Hilton Pereira da Silva (por e-mail), para a Casa Brasil África, Grupo de Estudos Afro-Amazônicos, Representações discentes do PPGA (por e-mail) e para a Assessoria de Diversidade Étnico-racial da UFPA.

Cristina Maria Areda Oshai

Discente do PPGA – Matr. 201325080001

Fonte: CEDENPA

Indicado por Ana Paula Corrêa

sábado, 5 de outubro de 2013

Policial suspeito de matar por racismo se entrega e fica livre


O crime aconteceu na avenida Kennedy em um bar na última terça(02). O policial civil se entregou dentro do flagrante.
O principal suspeito de matar o funcionário da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), o vigilante Cícero Sousa Santos, 66 anos, o policial civil Raimundo Braga se entregou às 11 horas de ontem (03) na Central de Flagrantes. O assassinato ocorreu a tiros em um bar próximo ao Zoobotânico, zona Leste de Teresina (PI), às 18 horas da última quarta(02). Antes de morrer, a vítima teria discutido com o assassino por ser chamado de "negro".

O policial estava acompanhado de um advogado e também entregou a arma do crime, um revólver calibre 38, da Polícia Civil. Ele deu as declarações ao delegado de plantão na Central de Flagrantes e depois foi embora.

Ele se apresentou 17 horas após o crime ter sido cometido. De acordo com o delegado Willon Gomes, titular do 11º Distrito Policial (bairro Piçarreira), ele não ficou preso porque não foi preso em flagrante.

“O policial já tinha sido identificado como autor dos disparos. Mas, só se caracteriza flagrante quando a polícia prende ou está em perseguição. Como ele se apresentou com o advogado, ele foi interrogado por lá mesmo”, afirmou o delegado.

Hoje o delegado Willon está ouvindo o dono do bar, na avenida Presidente Kennedy, no Parque Universitário, onde o homicídio ocorreu e mais duas testemunhas. “Estou me antecipando, já que a Delegacia de Homicídios é que começou os trabalhos, mas como a autoria é conhecida o inquérito será feito por aqui”, destacou o titular do 11º DP.

No depoimento, o dono do Bar do Maru, Mariano da Costa, disse que era a terceira vez que o policial ia ao seu bar e que a vítima era freguês frequente, mas que não ouviu nenhuma discussão anterior aos tiros, pois estava atendendo no balcão. Ele informou que ouviu apenas os quatro disparos.

Fonte: Geledés

Racismo em plena Universidade… - Mais um caso de Racismo na UFMA

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Uma estudante da Universidade Federal do Maranhão, Letícia Rabelo, relatou, em um grupo da UFMA, racismo sofrido dentro do ônibus da Universidade. Letícia afirma que nunca havia sofrido preconceito e ficou perplexa com a situação.

A jovem havia sentado no único lugar vago ao lado de um garoto. Este, por sua vez, se levantou e comentou com um amigo:

- Tive que me levantar porque não posso me sujar… Eu nem sei porque preto ainda anda no mesmo lugar que gente da nossa cor.

Complicadíssimo ouvir isso nos dias atuais, quando se acha que o racismo está findando, mas situações como esta mostram o contrário.

Fonte: Geledés

Lembrando que a UFMA tem um histórico de ocorrências neste sentido.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Escravidão foi berço do tráfico para exploração sexual, diz especialista



Não foi apenas a segregação racial, a desigualdade social entre brancos e negros e o preconceito que a escravidão herdou ao Brasil. Dentre as mazelas do período escravocrata, o tráfico de pessoas para a exploração sexual é produto direto do nefasto comércio praticado no País.

De acordo com a especialista em direito penal Thaís Camargo Rodrigues, embora o primeiro intuito do tráfico de negros para o Brasil não fosse a exploração sexual, muitas escravas foram obrigadas por seus senhores a se prostituir. "Mesmo após abolida a escravidão, era possível encontrar ex-escravas negras na prostituição. Aos poucos, porém, foram sendo substituídas pelas europeias, escravas de outros senhores", explica a autora do livro Tráfico Internacional de Pessoas para Exploração Sexual (Editora Saraiva). "Hoje vemos desde meninas vendidas no nordeste do País para serem exploradas sexualmente em grandes capitais ou locais de garimpo a jovens pobres (meninas e travestis) traficadas para a Europa, Estados Unidos, Japão, Israel, Venezuela, Suriname."

No livro, que surgiu de sua dissertação de mestrado em direito penal, defendida em 2012 na USP, ela explica que o tráfico de pessoas, seja para exploração sexual, trabalho escravo ou venda de órgãos, é um delito presente em todos os continentes e suscita a necessidade de uma vigilância internacional, uma vez que envolve graves violações de direitos humanos.

Segundo dados fornecidos em 2010 pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime), a movimentação financeira envolvida no delito de tráfico de pessoas com fim de exploração sexual para a Europa alcança 3 bilhões de dólares anuais. O número de novas vítimas chega a 70 mil por ano.

Das vítimas traficadas para a Europa Ocidental e Central, 84% são destinadas à exploração sexual. A maior parte é proveniente do Leste Europeu, devido aos problemas políticos e sociais que atingem a região. Mas, ela lembra, "das vítimas com origem na América do Sul, é cada vez maior o número de brasileiras, incluindo transexuais, provenientes principalmente das regiões mais pobres do País". Portugal, Espanha, Itália e França são os principais países de destinos das brasileiras, que também são encontradas nos Países Baixos, na Alemanha, na Áustria e na Suíça.

A autora observa, ainda, que o século XX trouxe uma espécie de inversão dos fluxos migratórios. "Se no início do século a preocupação era com as escravas brancas, as europeias trazidas para a prostituição nas capitais sul-americanas como Rio de Janeiro e Buenos Aires, desde o final do século XX o que se vê são os países pobres e subdesenvolvidos como fornecedores de pessoas para a exploração sexual em nações ricas, especialmente para o mercado euro-ocidental", explicou.

Leis. O Brasil, apesar de ter adotado um sistema na política criminal brasileira baseado na "abolição" - que não pune a prostituta, mas sim quem a trafica ou explora -, tem uma legislação insuficiente no combate ao tráfico de pessoas para exploração sexual, de acordo com a autora.

"O Código Penal possui lacunas, e os delitos referentes ao tráfico se apresentam sem sistematização ou proporcionalidade de penas. Mas não podemos pensar apenas em Direito Penal", alerta. "Sem a cooperação internacional e a implementação efetiva de uma política interna de enfrentamento ao tráfico de pessoas, que adote um trabalho em rede, incluindo entidades estatais e a sociedade civil, não haverá a prevenção ao crime, a punição dos traficantes e exploradores e a proteção e assistência às vítimas."

Além da estratégia de prevenção no campo legal, seria necessário também incremento de políticas públicas e sociais com foco em pontos fundamentais, como educação, trabalho e moradia.

"Lembremos que, dentre as causas, estão a pobreza, a falta de acesso à educação, de emprego ou de oportunidades, a discriminação de gênero, étnica ou de religião, as crises humanitárias, os conflitos bélicos, os desastres naturais, a globalização, o consumismo", analisa. "Os países ou locais de origem são, em regra, locais miseráveis, onde há total ausência do Estado (saúde, educação, trabalho), como América Latina, Leste Europeu, África, Leste Asiático."

Fonte: Geledés
 
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