quarta-feira, 18 de julho de 2012

Evangélicos tentam invadir terreiro em Olinda


Vídeo que mostra grupo evangélico tentando invadir terreiro em Olinda, domingo, foi repudiado por internautas.

Babalorixá Érico Lustosa filmou o que classificou de ato de intolerância religiosa
Foto: Marcos Pastich/JC Imagem



Centenas de evangélicos com faixas e gritando palavras de ordem realizam protesto em frente a um terreiro de matriz africana e afro-brasileira – candomblé, umbanda e jurema. As imagens poderiam ser de um filme sobre a Idade Média. No entanto, foram registradas no domingo, no Varadouro, em Olinda, Grande Recife. As cenas de intolerância religiosa circularam ontem nas redes sociais e provocaram a revolta de milhares de internautas.





As imagens foram captadas pelo filósofo e babalorixá Érico Lustosa, vizinho do terreiro alvo dos ataques. Segundo ele, por pouco os evangélicos não invadiram o espaço. “Eles gritavam ‘Sai daí, satanás’ e forçaram o portão. Foi aí que me coloquei em frente ao portão e meu filho começou a gravar. Um deles gritou para a gente tomar cuidado, que ele era evangélico mas era também um ex-matador”, relembrou.

O fato ocorreu uma semana depois que pessoas invadiram terreiros em Brejo da Madre de Deus, no Agreste, após o assassinato de uma criança, segundo a polícia, a mando de um pai de santo. Pesquisadores dizem que essas religiões não realizam sacrifício de humanos.



Com a repercussão nas redes sociais – o vídeo teve mais de 1,5 mil compartilhamentos no Facebook e cerca de 400 visualizações no YouTube em menos de 12 horas – representantes de dezenas de terreiros se reuniram, ontem à tarde, no Palácio de Iemanjá, no Alto da Sé, em Olinda.




terça-feira, 17 de julho de 2012

Racismo no Facebook

O grupo Identidade Preta denunciou uma demonstração de racismo nos comentários de uma foto postada por uma de suas participantes.



Página onde ocorreu a ofensa.

Perfil da Racista.

domingo, 15 de julho de 2012

Adiado para agosto curso para capacitar defensores públicos no atendimento a comunidades tradicionais



O evento, que estava marcado para começar na próxima segunda-feira (16), será realizado de 20 a 24 de agosto, em São Luís do Maranhão
Os defensores públicos da União terão um Manual de Procedimentos de Conflitos com orientações sobre como atuar em situações de enfrentamento que envolvam comunidades tradicionais. O documento será formulado a partir de subsídios tirados dos cursos de capacitação que a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e a Defensoria Pública da União (DPU) estão realizando com participação de representantes de comunidades quilombolas.

De segunda a sexta-feira próxima (20 a 24/08), São Luiz do Maranhão sedia mais uma etapa da quarta edição da atividade, que foi iniciada em 2010.

“A idéia é que o material resultante nos dê condições de criar procedimentos comuns, que possam ser divulgados a outros operadores do Direito, para eles lidarem da melhor forma possível com esses povos que estão em condição de extrema vulnerabilidade”, explicou a secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da SEPPIR, Silvany Euclênio.

Também segundo a gestora, o objetivo é que os defensores atuem extrajudicialmente em situações de conflito, proponham ação civil pública e entrem com ações junto ao poder público, a fim de garantir benefícios de prestação continuada às comunidades quilombolas, aos povos tradicionais de matriz africana e de cultura cigana. “Esses servidores estão se especializando para que o poder público possa ser aliado na garantia dos direitos dessas comunidades”, afirma o ouvidor Nacional da SEPPIR, Carlos Alberto Souza e Silva Júnior.

Histórico
Os Cursos de Capacitação de Defensores Públicos são realizados desde 2010, a partir de uma parceria firmada entre a SEPPIR e a DPU. De lá pra cá, 100 defensores públicos federais e 30 estaduais, além de outros operadores do Direito – juízes e membros do Ministério Público - foram capacitados para lidar com as especificidades dos povos de cultura cigana, quilombolas e tradicionais de matriz africana, reconhecidos pelo Decreto 6040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos de Comunidades Tradicionais.

Em 2012, novo acordo de cooperação técnica foi assinado, garantindo a continuidade dos cursos. A previsão é que sejam realizadas as atividades em todas as regiões do país. Este ano, nordeste e a sudeste estão contempladas, ficando as demais para 2013.

A quarta edição do “Curso de capacitação para defensores públicos e operadores do direito” será realizada em São Luís, capital do Maranhão, no período de 20 a 27 de agosto de 2012.

Coordenação de Comunicação 

Fonte: SEPPIR

Banco paga US$ 175 milhões por discriminação racial




O Wells Fargo Bank — o mesmo das diligências que eram assaltadas nos filmes de bangue-bangue e é hoje o maior financiador da casa própria nos Estados Unidos — vai pagar indenizações de US$ 175 milhões a clientes negros e latinos, por cobrar deles uma espécie de "sobretaxa racial" nos empréstimos concedidos entre 2004 a 2009. O banco aceitou fechar um acordo para não ser processado, informou nesta quinta-feira (12/7) o Departamento de Justiça dos EUA, em seu site.

A discriminação praticada pelo banco consistia em caracterizar os empréstimos de clientes negros e hispânicos como de risco, colocando-os na categoria subprime (não preferencial), enquanto coloca os clientes brancos, com a mesma qualificação para obter crédito, na categoria prime (preferencial), segundo o vice-procurador geral do Departamento de Justiça, James Cole.

As taxas não eram baseadas em fatores objetivos, mas na cor ou na nacionalidade dos clientes, em violação às leis de empréstimos justos. Segundo o Washington Post, clientes latinos da área de Miami pagavam em média, por um financiamento de US$ 300 mil, US$ 2.538 a mais em taxas do que clientes brancos, com as mesmas qualificações para crédito, em 2007. Nesse mesmo ano, clientes negros pagavam US$ 3,657 a mais em taxas, do que os clientes brancos. Na área de Chicago, os clientes negros pagavam em média US$ 2.937 a mais em taxas.

A prática discriminatória do banco afetou mais de 34 mil afro-americanos e latinos, em 36 estados e no Distrito de Colúmbia. E cerca de 4 mil instituições financeiras sob controle de negros e latinos, que operavam através dos serviços de empréstimos por atacado (de grande valor) do Well Fargo, também foram induzidas a financiamentos na categoria subprime.

O acordo, o segundo maior da história, segundo Cole, vai destinar US$ 125 milhões, a título de indenizações compensatórias, a clientes induzidos a financiamentos na categoria subprime ou que pagaram taxas mais altas por causa de sua raça ou nacionalidade, e US$ 50 milhões, à vista, para assistência a tomadores de empréstimo em áreas em que o Departamento de Justiça identificou o maior número de vítimas de discriminação: Washington (D.C.), Chicago, Filadélfia, Oakland, São Francisco e Riverside (Califórnia), Cidade de Nova York, Cleveland (Ohio) e Baltimore (Maryland).

Como parte do acordo, o Wells Fargo poderia declarar que negava os maus procedimentos e que o único objetivo do acordo firmado teria sido o de evitar um contencioso com o Departamento de Justiça dos EUA. Mas o banco concordou em se sujeitar a uma medida cautelar, monitoramento e revisão interna de suas práticas de financiamento no varejo, para verificar se mais discriminações foram praticadas.

SunTrust
Em maio deste ano, o Suntrust fez um acordo semelhante com o Departamento de Justiça, pelo qual concordou em pagar indenizações de US$ 21 milhões a clientes negros e latinos, pelas mesmas razões, conforme noticiado pela ConJur em 1º de junho. Mais de 20 mil afro-americanos e latinos pagaram "sobretaxa racial" no período de 2005 a 2009.

Fonte: Geledés

sexta-feira, 13 de julho de 2012

NO DIA DO ROCK: ARTHUR 'BIG BOY' CRUDUP - * 24/08/1905 - † 28/03/1974



Nascido em 24 de Agosto de 1905 na cidade de Forest, Mississippi, Arthur 'Big Boy' Crudup, foi, apesar do pouco reconhecimento de seu trabalho, um grande ícone do Blues, e de grande importância para o astro do Rock, Elvis Presley.


Começou sua vida trabalhando nos campos rurais e começou sua vida musical num coral da igreja com seu tutor, Papa Harvey, um músico de Blues local. Mas somente aos trinta anos aprendeu a tocar violão, sozinho. Em 1940 se mudou para a elétrica Chicago com o sonho de se tornar milionário, mas rapidamente se viu sem nada e começou a tocar nas ruas. E foi nas ruas que ele conheceu o caçador de talentos Lester Melrose, da gravadora RCA.

Seu primeiro grande single, "If I Get Lucky", foi gravado junto com o baixista Joe McCoy, no dia 11 de Setembro de 1941, pela marca "Bluebird", uma subsidiária da RCA. Seguido de vários outros singles.

Ele gravou cerca de 80 músicas para a RCA, até descobrir que foi enganado pela mesma, quanto aos direitos autorais de suas músicas.


Até que em 1952 ele assina com a Trumpet Records com o nome de James Elmer e pela Checker Records com o nome de Percy Crudup Lee. Logo em 1954 o astro branco do Rock (ainda não era entitulado assim), Elvis Presley regrava a canção de Crudup, chamada "That's Alright Mama" (a primeira música gravada por Elvis pela Sun Records). Com o sucesso da música, Elvis ainda gravaria mais duas canções dele: "My Baby Left Me" e "So Glad You're Mine". Isso até rendeu a Crudup o título de pai do Rock 'n Roll.

Mas, mesmo entitulado dessa maneira, logo caiu no esquecimento e voltou para a vida no campo, e ficou por lá durante todo restante da década de 50. Voltando apenas em 1961 para gravar pela gravadora Fire.

No final da década de 60, com a popularização do Blues, Crudup volta a ativa fazendo turnê pela Europa, e se apresentando várias vezes por todo Estados Unidos. Seu concerto no dia primeiro de Março de 1974 no Hunter College, em Nova Iorque, é o último.

Em 28 de Março de 1974 ele vem a falecer na cidade de Nassawadox, Virgínia.

A técnica de Crudup é bastante primitiva, ele tem um forte senso de rítmo e de musicalidade.

"THAT'S ALL RIGHT MAMA" - ARTHUR 'BIG BOY' CRUDUP





Well now, that's all right, now mama
That's all right for you
That's all right now, mama
Anyway you do

But that's all right
That's all right
That's all right now mama
Anyway you do

Well, my mama she done tol' me
Papa tol' me, too
'The life your livin, son
Now, women be the death of you'

That's all right
That's all right
That's all right, now mama
Anyway you do

'Yeah, man!'

(guitar & instrumental)

Baby, one an one is two
Two an two is fo'
I love that woman
But I got to let her go

That's all right
That's all right
That's all right, now mama
Anyway you do

Babe, now if you don't want me
Why not tell me so?
You won't be bothered wit' me
'Round yo house no mo'

But that's all right
That's all right
That's all right, now mama
Anyway you do

(guitar & instrumental)

De-ah-da, de-de-de, de
De-de-de, de
De-de-de, de
De-de-de

De-de-de, de
De-de-de
Now, that's all right
That's all right
That's all right, now mama
Anyway you do.


Fonte: Blues de Raiz

FELIZ DIA DO PATRIMÔNIO CULTURAL ROUBADO!!!!


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Nota de Falecimento - Professor Eduardo de Oliveira






A União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO manifesta pesar pelo falecimento do militante do movimento negro, Professor Eduardo de Oliveira, compositor do Hino à Negritude e Presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro – CNAB.

Sua trajetória política em defesa da população negra e luta para superação do racismo é um exemplo a ser seguido por toda militância que desejam um Brasil próspero, justo e sem racismo.

A UNEGRO guardara do Professor Eduardo de Oliveira os mais belos ensinamentos, pois ele tinha profunda consciência de quem era os inimigos do povo. Combatia com destemor os racistas e defendia com paixão e doçura causa que todo movimento negro defende.

Que no Orun, ao lado de Abdias dos Nascimento, Hamilton Cardoso, Lélia Gonzalez, Arlindo Veiga, Beatriz Nascimento, José Correa Leite, dentre outros, protejam nossa luta!



União de Negros Pela Igualdade


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“Hino à Negritude (Cântico à Africanidade Brasileira)

I
Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)

II
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a solenidades
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)

III
Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)

IV
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São Galardões aos negros de altivez.


Fonte: Facebook de Edson França

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Páginas Afrocentradas: Pura Melanina





Notícias, Música e Moda. Tudo sobre a cultura e o idealismo Negro!

Pagina destinada a valorização do idealismo negro e dissociação da cultura Afro.

Curtam: Pura Melanina

terça-feira, 10 de julho de 2012

Crimes Contra Direitos Humanos na Internet – Denuncie




Você sabia que é possível denunciar crimes de ódio, pornografia infantil, genocídio e tráfico de pessoas pela internet?

A Policia Federal possui um canal online direto para denúncia desses crimes. Hoje em dia é muito fácil compartilhar e curtir tudo que aparece na internet, mas não temos o costume de denunciar. Na página "O Tal Racismo Mascarado", aqui no blog, contém algumas imagens de crimes de ódio contra o povo negro, divulgadas na internet. Esse tipo de conteúdo precisa ser denunciado. Não só por negros, mas por qualquer ser humano que se sinta ofendido.

O site da Policia Federal em questão é o http://nightangel.dpf.gov.br/.   Nele existe um formulário, conforme a imagem acima, onde você escolhe o tipo de crime praticado, coloca o link do site onde o crime foi visto e deixa um comentário.


Dentre os crimes contra os Direitos Humanos qe podem ser denunciados no site encontramos:

Pornografia Infantil

Pornografia infantil, popularmente conhecida como pedofilia, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, ocorre quando há o envolvimento de menores de 18 anos (criança ou adolescente) em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais do menor para fins sexuais.
A lei brasileira considera crime a divulgação e a troca de material pornográfico envolvendo menores. Guardar material dessa natureza no computador também é crime.

Crimes de Ódio

São considerados Crimes de Ódio a prática de qualquer tipo de preconceito (de cor, religião, etc), assim como a fabricação, a venda, a distribuição ou a divulgação de símbolos nazistas.

Genocídio

É considerado crime de genocídio qualquer ação que tenha por objetivo destruir determinado grupo de pessoas, por causa de diferenças de raça, cor ou nacionalidade. Acontece quando alguém mata, fere ou impede os nascimentos de determinado povo, para fazê-lo desaparecer.

Tráfico de Pessoas

O tráfico de pessoas para exploração sexual entre estados brasileiros ou para fora do país é crime. As pessoas são aliciadas com a falsa proposta de um futuro melhor, mas encontram uma realidade em que seus documentos podem ser retidos, são aprisionadas, obrigadas a fazer o que não querem, induzidas ao consumo de drogas ou contraírem dívidas que não podem pagar.

Homens, mulheres e crianças, independentemente da opção sexual podem ser vítimas. O tráfico de pessoas para a exploração do trabalho se configura também com base em falsas promessas de emprego, contratação de emprego em condições diversas das que são encontradas pelas vítimas, que acabam se endividando e se tornando verdadeiras escravas dos patrões.

No tráfico de órgãos as quadrilhas organizadas compram e vendem órgãos como rins e córneas aproveitando-se da necessidade econômica da vítima e obtendo altos lucros com este tipo de comércio clandestino.

Além do site citado, existem outros canais para acionar a Policia Federal em casos de racismo. São eles: http://denuncia.pf.gov.br/

O preenchimento do formulário disponível no site é o meio mais rápido para fazer a sua denúncia. Se o crime que você tem conhecimento não foi cometido por uma página da internet, utilize o serviço Disque 100 ou mande um email para denuncia.ddh@dpf.gov.br, e procure a Delegacia mais próxima.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pesquisa mostra que número de terreiros cresceu nas últimas duas décadas




Eles nasceram Bruno de Souza, Renato Araújo e Aída Rodrigues. Mas a fé os transformou em Bruno de Omolu, Renato D’Ogunjá e Matambareuá de Yansã. Perseguidos desde os tempos de escravidão, os sacerdotes dos cultos afro vislumbram novo horizonte. E, cada vez mais, expandem suas raízes em solo fluminense. É o que revela o Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Rio de Janeiro, realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

O estudo revela que a maioria das 847 casas mapeadas foi fundada a partir da década de 90. O que contraria a previsão de estudiosos do campo religioso, que anunciavam um encolhimento do culto de matriz afro nos últimos anos. A crença, que resistiu aos navios negreiros, às senzalas e à repressão policial, também floresce em tempos de intolerância religiosa.

— Nenhuma casa foi aberta antes de 1930. A grande maioria é bem recente. Apesar de sofrer com o assédio das seitas, as religiões de matriz africana se fortaleceram na fé e aumentaram numericamente — explica a pesquisadora Denise Pini.

Por causa da pesquisa, babalorixás e ialorixás levam para as salas de aula da tradicional universidade católica seus conhecimentos ancestrais. E caminham junto às coordenadoras do projeto, Denise Pini e Sonia Maria Giacomini, entre os prédios da PUC, onde já houve até gira de jurema, culto inspirado nos índios de Pernambuco. Tolerância máxima.

— É um novo fazer acadêmico baseado no respeito. Todos os detalhes do mapa, cores e símbolos são discutidos com o conselho de religiosos — conta a pesquisadora da PUC Sonia Giacomini.

Responsável pelos cânticos sagrados da Casa do Perdão, templo umbandista fundado em 1999, o administrador André Meireles Gomes de Oliveira, de 33 anos, nasceu em uma família católica. Há dez anos, descobriu sua nova religião, sem conflitos. Ele conta com a aprovação e o interesse dos parentes, com quem divide o culto ao Evangelho em casa.

Para ele, o respeito da sociedade pode ser obtido em paz. E com base nas leis.

— Em virtude do processo histórico de preconceito, as religiões se mantiveram escondidas. Agora é a hora, não de se exibir, mas de valorizar, mostrar a religião para a sociedade e combater o preconceito — explica André.

Para a professora Cida Abreu, de 40 anos, o estudo lançou luz sobre religiões afro, muitas vezes, vítimas de preconceito:

— Por que ninguém olha estranho para a batina de um padre, para a Bíblia de um pastor, e comenta sobre as nossas roupas brancas? Essas perguntas têm que ser feitas. E afirma sua religiosidade:

— Quando você está na entrega total da sua fé, na espiritualidade, a discriminação é irrelevante.
E ponto final.

Litoral surpreende pesquisadores

Ao dar à luz o primeiro filho, Rosilda Duarte, de 44 anos, conta ter tido um pressentimento: seu menino teria "uma missão especial". Dois anos depois, segundo sua fé, a intuição de mãe seria confirmada: um babalorixá disse que, adulto, o garoto se tornaria pai de santo.

Histórias como a de Pai Bruno de Omolu colorem o mapa religioso do litoral do estado. Ele fundou, em 2008, seu terreiro na casa de veraneio da família, em Itaipuaçu, Maricá. Esse cenário surpreendeu pesquisadores, que não esperavam a presença significativa de casas afro na Baixada Litorânea.

— Eu morava em Icaraí, em Niterói, e tinha casa aqui em Itaipuaçu. Dei a terra para ele. Somos registrados. Por que temos que nos esconder? O movimento contra a intolerância ajudou muito. Todo mundo nasce com uma missão. Um dia descobre qual é a sua — defende Rosilda.

Método da pesquisa

Chamada de bola de neve, a metodologia da pesquisa é realizada em rede. Lideranças do culto afro foram contatadas e indicaram as casas a serem mapeadas. O universo de 847 não representa o total de terreiros do estado. Mas o estudo dessa fatia revela características gerais, como o engajamento na área social, principalmente no combate à fome, com distribuição de cestas básicas em áreas de pobreza extrema.

— Essa pesquisa foi uma dádiva — brinda Denise, após desvendar os caminhos da fé.

Fonte: Extra

domingo, 1 de julho de 2012

Candidatos apostam na militância negra e social na busca de voto



Com o anúncio oficial da vereadora comunista Olívia Santana na vaga de vice na chapa do candidato petista Nelson Pelegrino, nesta sexta, 29, após a retirada da candidatura da deputada federal Alice Portugal (PCdoB), os três principais nomes à sucessão desse ano em Salvador têm como parceiros de chapa pessoas negras, o que deixa claro que as candidaturas estão de olho, também, nos votos dessa população e no eleitorado que cada um desses nomes agrega, de formas distintas. 

Além de Olívia, "a negona de Salvador", que sobe no palanque ao lado de Pelegrino, neste sábado, 30, na convenção do PT, que acontece no Bahia Café Hall, entraram no jogo eleitoral a militante negra Célia Sacramento (PV) com ACM Neto (DEM) e o jovem da periferia Nestor Neto com Mário Kertész – chapa esta oficializada em convenção nesta sexta. Isso sem falar nos candidatos do PRB, Bispo Marcio Marinho, e Hamilton Assis (PSOL), também negros, mas com origens políticas muito diferentes.

A escolha de vices negros é visto como “feliz coincidência”, pelo deputado federal Daniel Almeida (PCdoB). Fato é que o vice tem função pragmática na chapa: a de agregar valor e atrair votos. Em caso de vitória, o partido do vice divide espaço no poder.

Trata-se de coincidência ou estratégia política? “Em parte é coincidência, em parte estratégia”, analisa o professor de ciências políticas da UFBA, Joviniano Neto. “Em termos gerais há uma estratégia de se aproximar de forma simplista o eleitorado do pobre, cuja maior parte é negro”, diz o professor. Entretanto, “cada negro que sai a vice tem uma trajetória diferente” e uma especificidade em cada candidatura. “Não dá para dizer que é tudo uma coisa só”, diz.

Articulação - O caso do DEM, que saiu na frente na escolha de uma militante negra, Célia Sacramento, para vice de Neto, a parceria pode funcionar como “complemento ou vacina”, diz Joviano: a imagem do DEM pode ser associada ao partido que entrou na Justiça contra as cotas raciais, por exemplo. Célia, figura respeitada, pode aproximar a população negra da candidatura. Soma-se o fato de ser mulher. A reportagem não conseguiu, nesta sexta, falar com o presidente do Democratas baiano, José Carlos Aleluia.

O caso do PT é diferente. A candidata preferida era Alice, que não quis a vice na chapa e não é negra. O movimento orquestrado pelo governador Jaques Wagner (PT) fez os candidatos da base desistirem, menos Alice, que ficou isolada, tornando inviável a manutenção de sua candidatura. “Para mim é sem dúvida motivo de lamento, mas a conjuntura política não é só a arte do desejo, mas a arte do possível”, disse a deputada.

Porque Olívia? “Tem uma grande trajetória, é mulher como eu e ainda agrega a questão étnica, anti-racista, ligada à cultura e educação. Militante social”, afirmou. Para Daniel Almeida, “ela é a cara da cidade”. Junte a isso 9,6 mil votos em 2008 e outros 9,9 mil nas eleições de 2010 para deputada federal.

Questionada, Olívia, que corre o risco de ficar sem mandato em 2013 caso a vitória não seja do PT, disse que em política sempre há riscos e dá a dica: “a união de forças de parceiros históricos é para o projeto maior”. De fato, a parceria unifica a articulação, para militância, com movimentos social e sindical, ligados ao PT e PCdoB.

Já a candidatura do PMDB pode ser a que mais chega perto da estratégia de querer  aproximar do eleitor o negro pobre: “Ele (Nestor) não tem militância negra, mas é atuante e pode complementar a candidatura de Kertész”, diz Joviniano Neto.

Mas segundo o presidente estadual do PMDB, Lucio Vieira Lima, o que moveu a escolha do vice Nestor Neto foi “o talento de um jovem que mostra intenção de renovar a política baiana”. E completa: “Ele é nascido e criado na periferia, é líder comunitário, tem sangue jovem para unir à experiência de Mário”.

Quem é quem:

Nestor Neto (PMDB) - Nestor Neto começou a vida política no movimento estudantil, chegando a presidir a Grêmio Estudantil do Colégio Central e a Associação Baiana Estudantil Secundarista (Abes). Liderança na “Revolta do Buzu”, em 2003, Neto filiou-se ao PMDB no mesmo ano. Aos 31 anos, administrador de empresas, possui experiência nas urnas, adquirida em 2004, 2006 e há quatro anos, quando obteve mais de 6 mil votos. Em 2010, preferiu participar da campanha de Geddel Vieira Lima ao governo do Estado.

Olívia Santana (PCdoB) - Nasceu em Salvador no dia 25 de março de 1967, na comunidade do Alto de Ondina, filha de empregada doméstica e pai marceneiro. Sua mãe teve oito filhos, mas só sobreviveram três: ela e mais dois. Está no terceiro mandato do Legislativo municipal. Pedagoga formada pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Olívia começou na política com o movimento estudantil, em destaque na luta contra a discriminação racial. É dirigente da Unegro e eleita ouvidora-geral da Câmara (2011-2012).

Célia Sacramento (PV) - Célia Sacramento é professora universitária e militante pela igualdade racial. Candidatou-se a deputada federal em 2010 e teve 7.674 votos, não sendo eleita. Filiada ao PV de Salvador, Célia Sacramento tem como referência, além da sua atuação no movimento negro, o seu discurso de esquerda e a sua forte inserção nos movimentos sociais da capital baiana. Célia Sacramento, 44 anos, nasceu em São Paulo, mas foi criada no Subúrbio Ferroviário de Salvador, tendo estudado em escolas da rede pública.

Fonte: A Tarde
 
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