segunda-feira, 30 de maio de 2011

Liderança do Quilombo Charco sofre tentativa de assassinato no Maranhão

Enquanto o mundo tomava conhecimento do assassinato de Dinho, sobrevivente do massacre de Corumbiara – Rondônia, ocorrido em 1996, no mesmo dia aqui no Maranhão, mas precisamente em São Vicente Ferrer, o sindicalista Almirandi Pereira Costa, 41 anos, casado, pai de 3  filhos e vice-presidente da associação quilombola de Charco sofria uma tentativa de assassinato.
Almirandi está na luta pela titulação do território quilombola do Charco em conflito com Gentil Gomes, pai de Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes, recentemente beneficiados por um salvo-conduto concedido pelo TJ-MA. Os dois estão denunciados pelo Ministério Público Estadual sob a acusação de serem os mandantes do assassinato de Flaviano Pinto Neto, líder do mesmo quilombo, no dia 30 de outubro de 2010.
A tentativa ocorreu por volta das 21h30min do dia 27 de maio, depois de ele ter voltado de uma reunião no quilombo Charco. Segundo o próprio Almirandi, ele estava na sala de sua casa com as portas fechadas quando ouviu parar em frente da mesma um carro modelo celta, de cor preta, de onde, depois de alguns minutos, foram feitos 03 disparos. Segundo a polícia civil de São Vicente Ferrer, trata-se de uma pistola calibre 380 – igual à arma utilizada para matar Flaviano.  Os projéteis atingiram paredes e telhado da casa.
Esse “recado” dado por pistoleiros  aumenta nossa indignação porque a decisão do TJ-MA é uma ameaça gravíssima  não só à liberdade, mas à própria vida dos quilombolas de Charco- São Vicente Ferrer e Cruzeiro-Palmeirândia; porque o governo federal DESCUMPRE  a Constituição Federal que determina a titulação das terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombos ao cortar recursos do Orçamento Público Federal  – do Ministério do Desenvolvimento Agrário  ao qual está vinculado o INCRA foi quase Hum bilhão de reais; porque o governo da sra. Roseana Sarney Murad fez corpo mole e não prendeu os denunciados pelo assassinato de Flaviano Pinto Neto.
Vamos continuar a luta. Não nos intimidarão as balas do latifúndio.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

ABDIAS DO NASCIMENTO



Nascido em Franca, São Paulo, 14 de março de 1914.
Professor Emérito, Universidade do Estado de Nova York, Buffalo (Professor Titular de 1971 a 1981, fundou a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo no Centro de Estudos Porto-riquenhos).
Artista plástico, escritor, poeta, dramaturgo.

Formação acadêmica
Bacharel em Economia, Universidade do Rio de Janeiro, 1938.
Diploma pós-universitário, Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), 1957.
Pós-graduação em Estudos do Mar, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/ Ministério da Marinha, 1967.
Doutor Honoris Causa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1993.
Doutor Honoris Causa, Universidade Federal da Bahia, 2000.

Cargos Eletivos e Executivos Exercidos
Deputado federal (1983-86).
Secretário de Estado, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) (1991-1994).
Senador da República (1991-99). Suplente do Senador Darcy Ribeiro, assumiu a cadeira no Senado, representando o Rio de Janeiro pelo PDT em dois períodos: 1991-1992 e 1997-99.
Secretário de Estado de Direitos Humanos e da Cidadania, Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1999. Coordenador do Conselho de Direitos Humanos, 1999-2000.

Atividades e Realizações Principais
1930-1936. Alista-se no Exército, e na capital de São Paulo participa da Frente Negra Brasileira. Participa das Revoluções de 1930 e 1932, na qualidade de soldado. Combate a discriminação racial em estabelecimentos comerciais em São Paulo.

1936. Muda para o Rio de Janeiro com o objetivo de continuar seus estudos de economia, iniciados em São Paulo.

1937. Protestando contra a ditadura do Estado Novo, é preso e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional e cumpre pena na Penitenciária da Frei Caneca.

1938. Organiza junto com um grupo de militantes negros em Campinas, SP, o Congresso Afro-Campineiro, com o objetivo de discutir e organizar formas de resistência à discriminação racial.

1938. Diploma-se pela Faculdade de Economia da Universidade do Rio de Janeiro.

1940. Integrante da Santa Hermandad Orquídea, grupo de poetas argentinos e brasileiros, viaja com eles pela América do Sul. Em Lima, Peru, faz uma série de palestras na Universidad Mayor de San Marcos (Escola de Economia). Assiste à peça O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, estrelada por um ator branco, Hugo D'Evieri, brochado de preto. A partir das reflexões provocadas por esse fato, planeja criar o Teatro do Negro Brasileiro ao retornar a seu país. Na Argentina, onde mora por mais de um ano, participa de movimentos teatrais com o objetivo de melhor conceitualizar a idéia do Teatro Negro.

1941. Voltando ao Brasil, é preso na Penitenciária de Carandiru, condenado à revelia por haver resistido a agressões racistas em 1936. Funda o Teatro do Sentenciado, organizando um grupo de presos que escrevem, dirigem e interpretam peças dramáticas.

1943. Saindo da prisão, procura em São Paulo apoio para a criação do Teatro do Negro. Não encontrando receptividade junto a intelectuais como o escritor Mário de Andrade, e outros, muda para o Rio de Janeiro.

1944. Funda, com o apoio de um grupo de negros e de setores da intelectualidade carioca, o Teatro Experimental do Negro (TEN). Na sede da UNE, realizaram-se os primeiros cursos de alfabetização, treinamento dramático e cultura geral para os participantes da entidade.

1945. Dirige o TEN na sua estréia no Teatro Municipal com o espetáculo O Imperador Jones, estrelado pelo genial ator negro Aguinaldo Camargo, em 08 de maio, dia da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Daí em diante, até 1968, o TEN teve presença destacada no cenário cultural e teatral brasileiro.

1945. Com um grupo de militantes, funda o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, que luta pela anistia dos presos políticos.

1945-46. Organiza a Convenção Nacional do Negro (a primeira plenária realizando-se em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro), que propõe à Assembléia Nacional Constituinte a inclusão de um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa-Pátria. A iniciativa, apresentada à Assembléia Nacional Constituinte pelo Senador Hamilton Nogueira, não é aprovada.

1946. Participa da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio de Janeiro.

1948. Funda, junto com Sebastião Rodrigues Alves e outros petebistas, o movimento negro do PTB.

1949. Organiza, com a colaboração do sociólogo Guerreiro Ramos e do etnólogo Édison Carneiro a Conferência Nacional do Negro, preparatória do 1º Congresso do Negro Brasileiro.

1949-1951. Funda e dirige o jornal Quilombo, órgão de divulgação do TEN.

1950. Realiza no Rio de Janeiro o 1º Congresso do Negro Brasileiro, evento organizado pelo TEN.

1955. Realiza o Concurso de Artes Plásticas sobre o tema do Cristo Negro, evento polêmico que mereceu a condenação de setores da Igreja Católica e o apoio do bispo Dom Hélder Câmara.

1957. Forma-se na primeira turma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Estréia a peça de sua autoria, Sortilégio: Mistério Negro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo.

1968. Funda o Museu de Arte Negra, que realiza sua exposição inaugural no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Encontra-se alvo de vários Inquéritos Policial-Militares e se vê obrigado a deixar o país. Convidado pela Fairfield Foundation, inicia uma série de palestras nos Estados Unidos.

1968-69. Durante um semestre, atua como Conferencista Visitante da Yale University, School of Dramatic Arts. Inicia sua atuação como artista plástico, pintando telas que transmitem os valores da cultura religiosa afro-brasileira e da luta pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo. (Ver lista de exposições abaixo).

1969-70. Convidado pelo Centro para as Humanidades da Wesleyan University (Middletown, Connecticut), participa durante um ano, com intelectuais como Norman Mailer, Norman O. Brown, John Cage, Buckminster Fuller, Leslie Fiedler, e outros, do seminário A Humanidade em Revolta.

1970. É convidado para fundar a cadeira de Culturas Africanas no Novo Mundo, no Centro de Estudos Portorriquenhos da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo, na qualidade de professor associado, no ano seguinte titular, e lá permanece até 1981.

1973. Participa da Conferência de Planejamento do 6º Congresso Pan-Africano em Kingston, Jamaica.

1974. Participa do Sexto Congresso Pan-Africano, Dar-es-Salaam, Tanzânia, como único representante da região da América Latina.

1976-77. Convidado pela Universidade de Ife, Ile-Ife, Nigéria, passa um ano como Professor Visitante no Departamento de Línguas e Literaturas Africanas.

1976. Participa, a convite do escritor Wole Soyinka, no Seminário Alternativas para o Mundo Africano, reunião em que funda-se a União de Escritores Africanos, em Dakar.

1977. Participa na qualidade de observador, perseguido pela delegação oficial do regime militar brasileiro, do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizado em Lagos. Denuncia, no respectivo Colóquio, a situação de discriminação racista vivida pelo negro no Brasil. Na Europa e Estados Unidos, participa da fundação, desde o exílio, do novo PTB (mais tarde, Partido Democrático Trabalhista - PDT).

1977. Participa, na qualidade de delegado e presidente de grupo de trabalho, do Primeiro Congresso de Cultura Negra nas Américas, realizado em Cáli, Colômbia.
1978. Participa em São Paulo do ato público de fundação e das reuniões organizativas do Movimento Negro Unificado contra a o Racismo e a Discriminação Racial. Participa da reunião internacional de exilados brasileiros O Brasil no Limiar da Década dos Oitenta, em Stockholm, Suécia.

1979. A convite do Bloco Parlamentar Negro (Congressional Black Caucus) do Congresso dos Estados Unidos, e do Sindicato de Trabalhadores do Correio, profere conferência na sede da Câmara dos Deputados em Washington, D.C.

1980. Participa, na qualidade de delegado especial, do Segundo Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado no Panamá, e é eleito pelo plenário Coordenador Geral do Terceiro Congresso. No Brasil, lança o livro O Quilombismo e ajuda a fundar o Memorial Zumbi, organização nacional voltada à recuperação, em benefício da comunidade afro-brasileira e do mundo africano, das terras da República dos Palmares, na Serra da Barriga, Alagoas.

1981. Funda o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) na PUC-SP. Integra a executiva nacional do PDT e funda a Secretaria do Movimento Negro do PDT, no Rio de Janeiro e a nível nacional. Participa da coordenação internacional do projeto Kindred Spirits, exposição itinerante de artes afro-americanas.

1982. Organiza e é eleito para presidir o Terceiro Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado nas dependências da PUC-SP com representantes de todo o mundo africano exceto o Pacífico.

1983. Assume a cadeira de Deputado Federal, eleito suplente pelo PDT-RJ. É o primeiro deputado afro-brasileiro a exercer o mandato defendendo os direitos humanos e civis do povo afro-brasileiro. A convite da ONU, participa do Simpósio Regional da América Latina em Apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em San José, Costa Rica. Visita a antiga sede da UNIA de Marcus Garvey em Limón. Viaja também a Nicarágua, participando de sessões da Assemblea Nacional e conhecendo as populações de origem africana em Bluefields, litoral oriental do país. Em Washington, D.C., participa do seminário Dimensões Internacionais: a Realidade de um Mundo Interdependente, a convite do Bloco Parlamentar Negro (Black Congressional Caucus), na sede do Congresso Nacional dos Estados Unidos.

1984. Cria, junto com um grupo de intelectuais e militantes negros, a Fundação Afro-Brasileira de Arte, Educação e Cultura (FUNAFRO), integrando o IPEAFRO, o Teatro Experimental do Negro, a revista Afrodiaspora, e o Museu de Arte Negra.

1985. A convite da ONU, participa da Simpósio Mundial em apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em Nova York. Participa, novamente, de reunião internacional patrocinada pelo Bloco Parlamentar Negro dos Estados Unidos: a Conferência Internacional sobre a Situação dos Povos do Terceiro Mundo, na sede do Congresso norteamericano em Washington, D.C. Integrando comitiva oficial brasileira, visita Israel a convite do respectivo governo.

1987. Participa, na qualidade de delegado de honra,da Conferência Internacional sobre a Negritude e as Culturas Afro nas Américas, Florida International University, Miami. Integra o Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro.

1987-88. Integra o Comitê Dirigente Internacional, Festival Pan-Africano de Artes e Cultura, Dakar, Senegal. Participa da direção internacional do Memorial Gorée, organização dedicada ao projeto de construção de um memorial aos africanos escravizados na ilha senegalesa que serviu como entreposto do comércio escravista. Integra a direção internacional do Instituto dos Povos Negros, organização internacional promovida com o apoio da UNESCO pelo governo de Burkina Faso e de outros países africanos e caribenhos.

1988. Profere a conferência inaugural da Série Anual de Conferências Internacionais W. E. B. DuBois em Accra, República de Gana, promovida pelo Centro de Estudos Pan-Africanos W. E. B. DuBois, e visita o país a convite do governo. Participa da Comissão Nacional para o Centenário da Abolição da Escravatura. Realiza exposição individual intitulada Orixás: os Deuses Vivos da África, na sede do Ministério da Educação e Cultura, o Palácio Gustavo Capanema.

1989. Na qualidade de consultor da UNESCO para assuntos culturais, passa um mês em Angola. É eleito Presidente do Memorial Zumbi e atua no Conselho de Curadores da Fundação Cultural Palmares, Ministério da Cultura. É nomeado Conselheiro representante do Município no Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Fazenda.

1990. A convite da SWAPO (movimento de libertação nacional transformado em partido político eleito ao primeiro governo da nação), participa da cerimônia de independência da Namíbia e posse do Governo Sam Nujoma, em Windhoek.

1990-91. Durante um ano atua como Professor Visitante, Departamento de Estudos Africano-Americanos, Temple University, Philadelphia. Acompanha Darcy Ribeiro e Doutel de Andrade na chapa do PDT para o Senado, sendo eleito suplente de senador.

1991. Assume a pasta de Secretário de Estado para a Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) no Governo do Rio de Janeiro. A convite do Congresso Nacional Africano (ANC) da África do Sul, participa de sua 48a Conferência Nacional presidido por Nelson Mandela, em Durban. É nomeado membro do Conselho de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

1991-92. Assume a cadeira no Senado. Integra a comitiva presidencial em visita a Angola, Moçambique, Zimbabwe, e Namíbia. Participa no Primeiro Congresso Internacional sobre Direitos Humanos no Mundo Africano, patrocinado pela organização não-governamental AFRIC e realizado em Toronto, Canadá.

1993-94. Retoma a Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras.

1995. Participa das atividades do Tricentenário de Zumbi dos Palmares, em vários estados e municípios do Brasil e nos Estados Unidos. Lança o livro Orixás: os Deuses Vivos da África, com reproduções de suas pinturas, texto sobre cultura e experiência afro-brasileiras, e textos críticos de diversos autores (africanos, norteamericanos, caribenhos, e brasileiros) sobre a sua obra de artes plásticas. É Patrono do Congresso Continental dos Povos Negros das Américas, realizado no Parlamento Latinoamericano em São Paulo, em comemoração ao Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1995.

1996. Recebe da Câmara Municipal de São Paulo o título de Cidadão Paulistano.

1997. Assume em caráter definitivo o mandato de senador da República. Recebe o prêmio de Menção Honrosa de Direitos Humanos outorgado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP. Realiza exposição de pintura no Salão Negro do Congresso Nacional.

1998. Participa com um comentário ao Artigo 4º da Declaração de Direitos Humanos por ocasião do cincoentenário desse documento da ONU em 1998, incluído em volume organizado e publicado pelo Conselho Federal da OAB. Outros artigos foram comentados por personalidades como o rabino Henry Sobel, Adolfo Pérez Esquivel, Evandro Lins e Silva, Dalmo de Abreu Dallari, João Luiz Duboc Pinaud, e outros. Realiza exposição de pintura (28 telas) na Galeria Debret em Paris.

1999. Assume, como titular fundador, a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro. É homenageado pela Câmara Municipal de Salvador entre cinco personalidades do mundo africano: Malcolm X, Abdias Nascimento, Martin Luther King, Patrice Lumumba, Samora Machel.

2000. Extinta a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, preside provisoriamente o Conselho de Direitos Humanos e volta a dedicar-se às atividades de escritor e pintor. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.

2001. É agraciado pelo Schomburg Center for Research in Black Culture, centro de referência mundial que integra o sistema de bibliotecas públicas do município de Nova York, com o Prêmio Herança Africana comemorativo dos 75 anos da fundação daquela instituição. A comissão de seleção dos premiados foi constituída pelo ex-prefeito de Nova York, David N. Dinkins, a poetisa Maya Angelou, o cantor Harry Belafonte, o ator Bill Cosby, a diretora da editora Présence Africaine Mme. Yandé Christian Diop, o professor Henry Louis Gates da Harvard University, a coreógrafa Judith Jamison, o cineasta Spike Lee e o reitor da Universidade das Antilhas Rex Nettleford. As outras cinco personalidades homenageadas com o prêmio em cerimônia realizada na sede da ONU foram o intelectual senegalês e ex-diretor da UNESCO M. Amadou Mahktar M'Bow, a coreógrafa e antropóloga Katherine Dunham, a ativista dos direitos civis e fundadora da Organização das Mulheres Negras dos Estados Unidos Dorothy Height, o fotógrafo Gordon Parks, e músico e fotógrafo Billy Taylor.
Convidado pela Fórum Nacional de Entidades Negras, faz o discurso de abertura da 2ª Plenária de Entidades Negras Rumo à 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Rio de Janeiro, 11 de maio de 2001.
É agraciado com o Prêmio Cidadania 2001, da Comunidade Bah'ai do Brasil, conferido em Salvador em junho.
Inaugura-se em julho o Núcleo de Referência Abdias Nascimento, contra o Racismo e o Anti-Semitismo, e seu Serviço Disque-Racismo, iniciativas da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro.
Profere discurso de abertura do 1º Encontro Nacional de Parlamentares Negros, Salvador, Bahia, 26 de julho de 2001.
Convidado pela Coalizão de ONGs da África do Sul (SANGOCO), profere palestra na mesa Fontes, Causas e Formas Contemporâneas de Racismo, Fórum das ONGs, 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Durban, África do Sul, 28 de agosto de 2001.
É agraciado com a Ordem do Rio Branco, no grau de Oficial, Brasília, outubro de 2001.
É agraciado com o Prêmio UNESCO, categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz, outubro de 2001.

2002. Lança os livros O Brasil na Mira do Pan-Africanismo (CEAO/ EdUFBA) e O Quilombismo, 2ª ed. (Fundação Cultural Palmares).
É convidado pelo Liceu de Artes e Ofícios da Bahia a ser o palestrante da segunda de suas novas Conferências Populares, continuando essa tradição centenária no seu 130o aniversário.
Participa das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra em Porto Alegre, 20 de novembro.
É homenageado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, na sua 4ª Conferência Nacional realizada em Brasília em 11 de dezembro, como personalidade destacada na história dos direitos humanos no Brasil.
Exposição Abdias do Nascimento: Vida e Arte de um Guerreiro, Centro Cultural José Bonifácio, Rio de Janeiro, inaugurada em dezembro.

2003. Discursa, na qualidade de convidado especial, na inauguração da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Brasília, 21 de março.
É homenageado pela Fala Preta! Organização de Mulheres Negras de São Paulo, como personalidade destacada na defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes brasileiros, 22 de abril.
Publica em maio edição em fac-símile do jornal Quilombo (São Paulo: Editora 34).
Recebe o Diploma da Camélia, Campanha Ação Afirmativa/ Atitude Positiva, CEAP e Coalizão de ONGs pela Ação Afirmativa para Afrodescendentes, Rio de Janeiro, 17 de novembro.
Recebe o Prêmio Comemorativo das Nações Unidas por Serviços Relevantes em Direitos Humanos, Rio de Janeiro, 26 de novembro.

2004. No Seminário Internacional Políticas de Promoção Racial, recebe o Prêmio de Reconhecimento da Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Brasília, 21 de março de 2004.
Recebe homenagem da Presidência da República aos 90 anos "do maior expoente brasileiro na luta intransigente pelos direitos dos negros no combate à discriminação, ao preconceito e ao racismo". Brasília, 21 de março de 2004.
Recebe prêmio de Reconhecimento 10 Years of Freedom - South Africa 1994-2004, do Governo da África do Sul, abril de 2004.
Profere palestra "Memorial de Luta", no Seminário O Negro na República Brasileira: Pautas de Pesquisa, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afro-Descendente da PUC-Rio, maio de 2004.
Participa do VII Congresso da BRASA, Associação de Estudos Brasileiros, na qualidade de homenageado no Painel sobre a sua vida e obra, realizado em sessão plenária do dia 10 de junho de 2004, na PUC-Rio.
Participa do Fórum Cultural Mundial, realizado em São Paulo em julho de 2004, como homenageado no painel Abdias Nascimento, um Brasileiro no Mundo, organizado pela SEPPIR, em que é lançado oficialmente o seu nome para o prêmio Nobel da Paz, ampliando a repercussão da indicação feita pelo Instituto de Advocacia Ambiental e Racial - IARA.


Descansem Paz, grande lutador da Negritude!!!!!


domingo, 22 de maio de 2011

EUA: A Despedida de Oprah

Oprah Winfrey se emociona durante a gravação doantepenúltimo programa, em Chicago

Faltam mais três programas, e depois Tom Cruise vai ter que procurar um novo sofá para declarar seus amores: oOprah Winfrey Show chega ao fim na próxima quarta, 25 anos depois de sua estreia nacional. Na semana que vem, Oprah, 57, põe fim ao seu programa, o principal da tarde da TV americana e sem um concorrente que possa ser visto como um substituto provável para receber seus milhões de telespectadores.

De 1986 para cá, Oprah não só desbancou todos os rivais como também se tornou uma das celebridades mais influentes dos EUA. Também teve um raríssima penetração global para apresentadores americanos (alguém se lembra do bigodudo Geraldo Rivera, que chegou a passar no SBT?). O apoio dela à candidatura do então novato senador Barack Obama à presidência foi considerado um dos motores que impulsionaram a vitória do democrata em 2008.

Ainda que tenha perdido a liderança da lista da Forbes de celebridades mais poderosas, é improvável que a sua sucessora, Lady Gaga, consiga tal façanha. Aliás, os programas de segunda e terça serão uma coleção dessas celebridades: Cruise, Madonna, Will Smith e Michael Jordan estarão no palco em Chicago para se despedir da apresentadora. Até Maria Shriver apareceu no programa, gravado nesta semana, em meio ao escândalo da sua separação de Arnold Schwarzenegger.

Até o fechamento desta edição, o último programa era uma incógnita. A única dica é que será com o "convidado favorito de todos os tempos". Improvável, portanto, que seja David Letterman, com quem Oprah ficou de mal durante anos depois de ele zombar do nome dela.


Patrimônio

Apesar de ser exibido cinco dias por semana em 140 países, o programa perdeu audiência ao longo dos anos com a maior concorrência da TV a cabo e de outras mídias. Foi de uma média de 12,6 milhões de telespectadores nos anos 90 para 5,5 milhões na última temporada.

Além do patrimônio de US$ 2,7 bilhões, Oprah é dona do seu próprio canal de TV a cabo, o OWN (Oprah Winfrey Network), que estreou nos EUA neste ano. O canal deve ser o caminho dela, ainda que ela não tenha data para estrear o seu programa lá. No Brasil, o último episódio de Oprah Winfrey Show vai ao ar no GNT em 10 de junho, às 18h, com reapresentação às 23h15.

Fonte: Folha.com

sábado, 21 de maio de 2011

O verdadeiro Monteiro Lobato

Por Francisco Antero Mendes Andrade em 17/5/2011

A imagem criada em torno de Monteiro Lobato construída no século 20 sofreu nos últimos dois anos um golpe de efeito arrasador, quando o Ministério da Educação, provocado a se manifestar sobre o racismo incluso na obra Caçada de Pedrinho, propôs a inclusão de notas explicativas, bem como uma qualificação apropriada de educadores ao apresentarem o livro em sala de aula. Dentre as várias passagens racistas na obra, eis a seguinte: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou na árvore que nem uma macaca de carvão."


Não se tratava de censura. Porém, operou-se uma verdadeira gritaria no meio acadêmico na medida em que defensores de Lobato atacaram o governo e demais contestadores da obra. A democracia racial se apresentava como de costume. A obra deveria ficar intacta, insistiam, e insistem. Para os democratas raciais, a obra estava perfeita em sua mensagem, o que os fazia acreditar – diziam e dizem! – na capacidade das crianças não levarem adiante aquilo que chamamos de bullying. A criança divide seu tempo entre o meio familiar e o meio escolar. Quando ambos não estão preparados para repassar valores que a criança levará consigo para o resto da vida, corre-se o perigo de se estar destruindo futuras gerações. E foi esta a situação provocada pelas mensagens subliminares negativas contidas em obras do escritor.

Um sentimento de liberdade

Neste ínterim, seus defensores em uníssono evocam tanto ser o contexto de uma época quanto ser apenas produto de ficção. Como se isso fosse uma generalidade entre os pensadores da primeira metade do século passado. Mas se tentam salvar a imagem do Lobato ficcionista, não têm o mesmo sucesso em relação ao Lobato que se relacionava com seus amigos por meio de cartas. E é nesta relação que tomamos conhecimento de um escritor até então desconhecido. Alguém que agregava à sua personalidade um ódio mortal aos negros. A sequência de cartas publicadas na revista Bravo! deste mês (maio de 2011) nos revela um criminoso conforme se observa a seguir: "País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos. [...] Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva" (carta enviada a Arthur Neiva em 10 de abril de 1928, pg. 26). Seus defensores alegam a distância temporal como causa de absolvição. Como se fosse possível absolver Hitler em meados do ano de 2036.

O Estado racista brasileiro foi eficaz em sua missão de silenciar o grito de protesto de todos e todas. Este silêncio propiciou a Monteiro Lobato desfilar em carro aberto pelas ruas e avenidas do século 20. O discurso da democracia racial serviu como uma película protetora para proteger o pensamento vivo de Lobato. Foi preciso avançar no século seguinte para sentir o baque: Monteiro Lobato racista.

Convém informar que Lobato escolheu seus leitores definitivos na década de 20, ou seja, os pequenos. Sua literatura de ficção para adultos não encontrava acolhida esperada e foi nos pequenos o terreno fértil. Felizmente, a história não é estática. Tanto não é estática que estamos aqui divulgando este Monteiro, este Lobato, o verdadeiro. Muitos dos leitores e leitoras, de todas as cores, após os últimos acontecimentos, transitarão de um sentimento a outro em relação a Lobato – eu diria um sentimento de liberdade – e poderão contribuir com a divulgação da verdade a partir deste mês de maio de 2011.

Fonte: Observatório da Imprensa.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Empresa paulista seleciona a partir da cor da “cútis”

Clientes que procuram empregados domésticos têm a opção de exigir pessoas brancas ou negras. Deputado vai acionar a Federal

POR MARCOS GALVÃO
Rio - A cor da pele vem sendo usada como critério para a contratação de pessoal em São Paulo. Conforme a reportagem de O DIA constatou ontem, a empresa de recursos humanos Resilar, situada no bairro Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista, dá ao cliente a opção de escolher, na ficha que preenche no site, a opção “cútis” (pele) para ajudar a definir o “perfil” do empregado que quer em sua casa.

Criado em 1989, o Estatuto da Igualdade Racial pune com pena de prisão de um a três anos o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Para o deputado federal e ex-ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, o site (www.resilardomesticas.com.br) da empresa é uma forma de segregação racial. Ele promete levar o caso à Polícia Federal.
Em telefonema da redação de O DIA à Resilar, um repórter se fez passar por contratante e uma funcionária da empresa confirmou que o critério de seleção é baseado na etnia. Ao pedir informações sobre opções de perfil de empregada doméstica, a funcionária respondeu: “O senhor tem que me dizer o serviço que ela vai exercer na residência, a idade, alguma preferência de etnia...”, explicou. Depois, disse que a pergunta sobre etnia é feita para evitar possível “constrangimento” durante a fase de entrevistas, em que empregado e patrão em potencial ficam cara a cara.

Sede da Resilar fica em prédio de dois andares, na Zona Sul de São Paulo | Foto: Daniel Ramalho / Agência O Dia
Em visita à sede da empresa, em São Paulo, equipe de O DIA perguntou a uma funcionária da Resilar os critérios da escolha de uma empregada doméstica e também ouviu como resposta que a cor da pele é usada como fator de seleção. Informada sobre a denúncia de racismo, uma outra funcionária afirmou, por telefone, que o “responsável pela empresa” só estaria na sede hoje, às 10h.
A presidente do Sindicato das Empregadas Domésticas do Rio, Carli Maria dos Santos, achou um absurdo o critério adotado. “É muito descaramento. Geralmente, as empresas pedem fotos e escolhem as pessoas pela aparência. Aí, não temos como provar que há preconceito. Neste caso, a discriminação é clara”, disse.
Brasil tem 7 milhões de domésticas
De acordo com pesquisa do IBGE, cerca de 7 milhões de brasileiras desempenham a função de empregadas domésticas, sendo que 73,8% do total não têm carteira assinada. A maioria é negra.
Na informalidade, de acordo com a pesquisa, as empregadas acabam ganhando 30% menos das que têm carteira assinada. Quando a trabalhadora é negra e vive na informalidade, o ganho é ainda menor: o equivalente a 64,7% do salário mínimo por mês.

Ex-ministro da Igualdade Racial garante: é racismo
Procurado por O DIA, o deputado federal Edson Santos (PT), ex-ministro da Igualdade Racial, disse que vai protocolar denúncia de racismo contra a Resilar na Polícia Federal. Ele também vai denunciar o caso no Ministério Público Estadual de São Paulo, e falou que abordará o assunto na reunião de hoje, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Edson Santos disse que não tem dúvidas de que a Resilar praticou racismo. “Ao usar a expressão cútis no site, está claro que o critério de seleção é baseado na etnia, o que é proibido”. 

O deputado viu com tristeza o critério usado na seleção dos funcionários. Ele disse que, agindo desta forma, a empresa deixa de oferecer emprego a grande parte da população. “As empregadas domésticas são, geralmente, pessoas muito humildes. E a maioria é negra. Com certeza, uma parcela grande destas profissionais está ficando fora do mercado de trabalho devido à questão racial.”
FUNCIONÁRIA EXPLICA COMO É A SELEÇÃO
O DIA: É da Resilar?
ATENDENTE: Isso
Oi, eu vi o site de vocês e gostaria de tirar umas dúvidas e obter algumas informações.
Pois não, pode falar.
Que tipo de serviços vocês oferecem? Só diaristas?
Não, aqui temos empregados domésticos de modo geral. Tanto diarista, quanto arrumadeira, passadeira, copeira, serviços gerais e empregadas domésticas.
Certo. Deixa eu te explicar: eu moro aqui no Rio e minha irmã ganhou um bebê há pouco tempo. Estou precisando contratar uma babá. Gostaria de saber como vocês fazem a seleção da funcionária.
A Resilar tem 40 anos de tradição nessa área. Há cadastros de funcionários qualificados há mais de um ano na empresa, e a gente já tem bancos de dados de profissionais. Então, você abre a solicitação, eu verifico no banco de dados que eu tenho aqui, que é o da empresa e o pessoal, e vejo se encaixou o perfil. Se encaixar, eu aviso ao senhor, e o senhor entrevista aqui ou onde o senhor estiver. Se for para trabalhar no Rio de Janeiro, não vou abrir a solicitação.
Ela mora em São Paulo mesmo. Ela está morando há algum tempo em São Paulo. Aí, eu preencho o cadastro pela Internet?
Aí, tem um cadastro parcial, mas, se o senhor quiser me passar mais detalhes por telefone, eu acho mais viável, porque tem algumas coisas que a gente precisa perguntar para vocês e que são necessárias para a seleção sair corretamente.
Eu tenho um perfil que eu gostaria. Vocês fazem a seleção mediante perfil?
Exatamente.
Eu também posso fazer um cadastro baseado nas fotos da pessoa. Posso escolher pela foto?
Eu faço a seleção aqui da seguinte maneira: o senhor abre a sua solicitação, eu faço o seu cadastro inicialmente, confirmando telefone, endereço, o que é norma da empresa. A pessoa que for selecionada dentro do perfil que o senhor me passar, todas elas já estão com referência, antecedentes indicados. Ou o senhor entrevista aqui na agência de uma vez ou recebe elas onde achar melhor. Pelo perfil, o senhor vai passar justamente os detalhes. Se gosta de alta, baixa, gorda, magra, feia, bonita, e vamos escolher pelo perfil da pessoa, baseado naquilo que o senhor me passou.
De que tipo de informação você precisa?
Por exemplo, se o senhor precisa de uma empregada, o senhor precisa me passar tudo. E também o nome completo da empregadora, endereço, telefone e local da entrevista. Sobre a empregada, o senhor tem que me dizer o serviço que ela vai exercer na residência, a idade, alguma preferência de etnia, alguma coisa assim. A pessoa tem que me falar também, senão vai constranger ambos. 

A senhora pergunta antes para não constranger, né?
Para evitar um constrangimento tanto para você quanto para ela, tipo assim, pessoas de um tipo, eu mando de outro, então já pergunto tudo para evitar isso.
Mas aí nesse cadastro você pode me mandar umas fotos e eu selecionar dentre essas fotos?
Não, não trabalhamos com fotos. O senhor já vai me dizer o tipo da pessoa para a gente responder. Não mandamos fotos de ninguém por e-mail.
Então, eu mando essa relação para você e, dessas, você seleciona umas seis e, das seis, eu posso escolher uma? É assim?

Eu vou selecioná-las e vou chamá-las aqui na agência. O senhor vai vir até aqui, se for o caso, e vai entrevistá-las aqui na agência. Tem uma sala individual, o senhor vai entrevistar uma de cada vez. Depois do término, o senhor vai me dizer qual delas selecionou.
Vou ligar para minha irmã e pegar os dados dela completos. Você precisa mais do quê? Do endereço e do nome dela completo, né?
Eu preciso do endereço onde a pessoa vai trabalhar, telefone residencial, bairro etc, contatos, entendeu? Essas informações são para dados cadastrais e serão checadas para a gente saber se a pessoa existe.

Fonte: O Dia

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Crimes do Vaticano - Escravidão em nome de Deus



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O Brasil comemorou nesta semana o fim da escravidão no país. Para falar sobre o assunto, repórteres da Record fizeram, em dois meses, uma grande matéria mostrando lugares e documentos que registraram esta triste história responsável, até os dias de hoje, por grandes problemas na sociedade brasileira e de países africanos.

Alguns dizem que a Bíblia é a palavra de Deus (ou inspirada por), vamos consultar a Bíblia sobre a questão de escravos.

''Cada pessoa tem que ser submissa às autoridades, já que as que existem vieram ou foram estabelecidas por Deus''.
- Romanos 13:1

''Escravos, obedecei em tudo aos vossos senhores terrenos, não só sob o seu olhar, como se os servísseis para agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, por temor de Deus''.
- Colossenses 3:22

''Servos, sedes submissos, com todo o temor aos senhores, não só aos bons e humanitários, mas também aos maus''.
- I Pedro 2:18

''O Senhor manda amar uma mulher infiel como Deus ama os filhos de israel, que se voltam para outros deuses e gostam das tortas de uvas passas''.
- Oséias 3:1

''Todos os escravos devem considerar os seus senhores dignos de toda a honra, para que não se fale mal do nome de Deus''.
- I Timóteo 6:1

''Escravos, obedeçam aos vossos senhores''.
- Efésios 6:5

''Os escravos devem estar submissos em tudo aos senhores. Que lhes sejam agradáveis, não os contradigam, não roubem''.
- Tito 2:9-10

''Se alguém ferir seu escravo ou sua escrava com um bastão e morrer sob suas mãos, seja punido severamente, mas se sobreviver um ou dois dias, não seja punido, porque é seu dinheiro''.
- Êxodo 21:20-21

''Quando comprares um escravo hebreu, servir-te-á seis anos, mas ao sétimo sairá livre e gratuitamente. Se entrou sozinho, sozinho sairá; se estava casado, sua esposa sairá com ele. Se seu amo lhe tiver esposa, e esta lhe tiver dado à luz filhos ou filhas, a mulher e os filhos serão de seu amo e ele sairá sozinho. Se o escravo, porém, disser: 'Amo meu senhor, minha esposa e meus filhos; não quero sair livre', então seu senhor o levará diante de Deus, fá-lo-á aproximar-se da porta ou do umbrau da mesma e lhe furará a orelha com uma sovela, e ficará seu escravo para sempre''.
- Êxodo 21:2-6

''Escravos e escravas para vos servires, podereis adquiri-los entre os povos circunvizinhos. Poderes também comprá-los dentre os filhos dos estrangeiros, que habitarem entre vós e dentre suas famílias, nascidos e crescidos na vossa terra, e serão vossa propriedade''.
- Levítico 25:44-45

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A lição dos cotistas médicos da Uerj

ELIO GASPARI
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/05/11

O próximo grande julgamento do Supremo Tribunal Federal poderá ser o da constitucionalidade das cotas nas universidades públicas brasileiras. Já se conhece o voto do ministro-relator, Carlos Ayres Britto, a favor.

Está aí um caso em que a lentidão do Judiciário serviu para limpar o debate, impondo-lhe fatos da realidade. Quando ele começou, em 1999, valia tudo. As cotas seriam uma coisa "escalafobética", medida "para inglês ver". Degradariam as universidades levando-lhes alunos despreparados que não concluiriam os cursos. Pior: abririam as portas para o ódio racial.

Passaram-se 12 anos, 70 das 98 universidades públicas adotaram algum tipo de cota, sobretudo para alunos vindos de escolas públicas. Entre elas, 40 abriram vagas para estudantes descendentes de escravos ou índios. O ódio racial continuou onde sempre esteve, na cabeça de quem o tem.

A repórter Márcia Vieira radiografou a turma de 94 alunos que se formou em Medicina na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Entre eles há 43 médicos que só chegaram ao curso superior porque a Assembleia Legislativa criou um regime de cotas. Evasão? Quatro para cada grupo.

O apocalipse ficou para outra ocasião. Essa conversa é antiga. Nos debates da Abolição, o Visconde de Sinimbu avisava: "Brincam com fogo os tais negrófilos". As cotas seriam constrangedoras para os negros. Tudo bem, segundo o romancista José de Alencar, a Lei do Ventre Livre também lhes seria prejudicial, verdadeira "Lei de Herodes". Como dizia o Visconde de Sinimbu, "a escravidão é conveniente, mesmo em bem ao escravo". Só os cativos e os negrófilos não entendiam isso.

Em alguns casos, como o da Uerj, as universidades cumprem leis estaduais. Em outros, cada uma exerce sua autonomia e desenha a própria política. A maioria das escolas ficou na norma autodeclaratória. Se o jovem se declarou carente e passa férias em Ibiza (como já sucedeu na Uerj), ou se um louro de olhos azuis diz que é pardo, ambos são vigaristas. A política que fraudou nada tem a ver com isso. A exposição pública dos delinquentes e a imposição do risco de expulsão seriam bom remédio.

Ainda no caso da Uerj, dois números indicam que a defesa das cotas deve se afastar de situações irracionais. Ela segue um sistema criado pela Assembleia Legislativa que, pura e simplesmente, fixou percentagens para a linha de chegada. Por exemplo: 45% das vagas devem ir para alunos que comprovem renda per capita inferior a R$ 960,00 na família. Isso fez com que a relação candidato/vaga no vestibular fosse de 5,33 para os cotistas e de 55,8 para os demais. Resultado: para ser admitido, um não cotista precisou tirar pelo menos 75,75 pontos. Ao cotista bastaram 41,5. Sempre haverá um não cotista com nota superior à de um candidato que foi beneficiado pela iniciativa, pois a política de cotas é um generoso incentivo à inclusão. Contudo, diferenças desse tamanho resultam numa exclusão difícil de ser explicada. A distância entre o barrado e o admitido - 34,25 pontos - foi quase do tamanho da nota do cotista.

Como resolver? Estabelecendo que a distância entre a nota de um não cotista barrado e a de um cotista admitido não poderá ser superior a um determinado número de pontos. Dez? 15? 20?

A evasão foi irrelevante, o ódio racial não apareceu e as cotas levaram mais negros e pardos ao curso superior.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

13 de maio – Jornada Brasileirafro celebra a data no Rio de Janeiro


Pra celebrar a abolição formal da escravatura, o Centro Universitário Augusto Motta  (Unisuam) promove, no dia 13 deste, a II Jornada Brasileirafro. Realizada pela coordenação do curso de psicologia da unidade de Bonsucesso, a iniciativa tem como objetivo evidenciar a contribuição da cultura africana na formação da identidade brasileira. 
O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP) fala sobre o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/10), na abertura do evento. Um dos principais articuladores do processo que resultou em sua aprovação, Eloi Ferreira de Araujo considera a lei um “instrumento estruturante para a inclusão da população negra em todos os ambientes da atividade humana”, o que é “fundamental para a consolidação da democracia”. 
DESIGUALDADES HISTÓRICAS – Aprovado em 20 de novembro de 2010, o Estatuto visa garantir a implementação de políticas públicas favoráveis à população negra, objetivando a correção de desigualdades históricas e a erradicação do racismo na sociedade brasileira. É pelo que o movimento negro luta, 123 anos depois de abolida, oficialmente, a escravidão no País. 
Cultura, arte e literatura serão os temas trabalhados na segunda edição da jornada, para afirmar a importância que têm na constituição da identidade brasileira. Haverá palestras, debates, filmes, roda de capoeira, exposição de artesanato afro, degustação de comidas típicas e um salão especializado em penteados afro, no Espaço Coisa D’Negro, onde os participantes poderão cuidar dos cabelos por preços simbólicos. 
INSCRIÇÕES – As inscrições para a II Jornada Brasileirafro podem ser feitas através do site da instituição (www.unisuam.edu.br/ccult) . A entrada é gratuita e haverá emissão de certificados para os participantes. Para os estudantes do Centro Universitário Augusto Motta  (Unisuam), o evento funcionará como atividade acadêmica complementar. 

Serviço

O quê: II Jornada Brasileirafro
Quando: 13 de maio
Horário: A partir das 09h30
Onde: Centro Universitário Augusto Mota (UNISUAM)
Endereço: AV. Paris, Nº 72, Bonsucesso – Rio de Janeiro/RJ

Programação

09h30 a 10h – Mesa de aberturaClaudia Costa (Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão da Unisuam)
Carlos Alberto Figueiredo (Pró-Reitor de Ensino da Unisuam)
Jorge França (Pesquisador/ Mestrado V)
Eloi  Ferreira de  Araújo (Presidente da Fundação Cultural dos Palmares)
10h – Conferência de abertura
Eloi Ferreira de Araújo (Presidente da Fundação Cultural dos Palmares)
10h30 a 11h30 – Mesa-redondaO negro no ensino superior pela porta da frente
Coordenação: Maria Angélica Oliveira Gabriel
Componentes:
Dr. Jorge França (Pesquisador da Unisuam)
Dr. Nilton Sousa da Silva (Coordenador do Labpsiafro/ UFRRJ)
Auditório Prof. Amarina Motta. 
11h30min a 19h  – Salão Espaço Coisa D´NegroPátio Coberto

12 a 13h – Roda de capoeira
Pátio Descoberto

13 a 14h  – Apresentação de pôsteres
Pátio Coberto 
14 a 16h – OficinasMia Couto Mosaico Cultural – João Olinto Trindade Junior
Igreja de negros: Ms. Reinaldo Bernades Tavares
Cantando a história do samba: Ms. Cláudio Honorato
Roda de conversa sobre “O racismo à brasileira”
16h a 18h – Cine-Debate: A negação do BrasilAuditório Prof.  Amarina Motta  
18 a 19h – Apresentação de dança afroResponsável: Thais Jordão (Unisuam)
Grupo de dança Akoni: Comunidade do Vidigal
Auditório Prof.  Amarina Motta 
19 a 20h – Mesa Redonda: Literaturas africanas e afrobrasileiras
Coordenação: Vera Negri (Unisuam)
Palestrantes: Dulce Mendes de Vasconcellos (Literaturas Afrobrasileiras) e Alexsandra Machado (Literaturas Africanas de Língua Portuguesa). 
20h – Exposição de Artesanato Cerâmica Negra da MaréCCULT  
21h – Degustação de Comidas TípicasCoordenação: Alejandra Cáceres (Coordenadora Técnica de Gastronomia da Unisuam)
21h30 - Encerramento 
Fonte: Palmares
 
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