sábado, 30 de outubro de 2010

VI Simpósio Internacional de Estudos Caribenhos

Territorialidades e Influências Afro-Caribenhas nas Américas”
Campus Universitário do Bacanga-UFMA

São Luís, Maranhão – 03 a 06 de Novembro de 2010
PROMOÇÃO: 

CENTRO DE ESTUDOS DO CARIBE NO BRASIL – CECAB
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – NEAB-UFMA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS. NEAB-UFMA
ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE PESQUISAS AFRO BRASILEIRAS (AMPEAFRO)

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS:
Universidade de Brasília; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal Fluminense; PUC-São Paulo

A instalação, manutenção e aceleração dos processos de intercâmbio econômico e cultural estão mudando rapidamente a nossa percepção do mundo. Mas essa dinâmica relacional foi antecipada de muitas maneiras no Caribe, que sempre apresentou um alto índice de mobilidade populacional e intercâmbio cultural, desde quando as terras continentais e as muitas ilhas da região eram ocupadas somente por grupos ameríndios. Desde então, o Caribe começou a participar diretamente do processo globalizante, a partir da entrada voluntária e forçada de europeus, africanos e asiáticos na região, o que a transformou no primeiro sistema colonial mundializado da história da humanidade. Essa condição marcou de modo indelével a sua trajetória, estabelecendo conexões profundas com todo o continente americano. É uma história que continua a repercutir no presente, pois o Caribe é hoje origem e destino de ondas migratórias, de tendências culturais, teóricas e materiais. Antes compreendida como um enorme arquipélago engolfado pelo continente americano, a região vem sendo cada vez mais estudada por meio de sua história compartilhada, das interseções culturais e das influências mútuas, principalmente entre os países banhados pelo Oceano Atlântico. Assim, o Caribe hoje se apresenta como um espaço transterritorial.

Essa tendência em encarar a região de modo mais amplo foi ratificada na 32a Conferência Anual da Associação de Estudos Caribenhos (CSA), entidade internacional que se reuniu pela primeira vez no Brasil em maio de 2007, em Salvador (BA) e também no V Simpósio Internacional do Centro Brasileiro de Estudos Caribenhos (CECAB), que teve lugar em 2008 na mesma cidade. Tais eventos foram importantes para demonstrar que existe um movimento coletivo, desenvolvido espontaneamente no confronto com problemas práticos e teóricos de pesquisa, no sentido de repensar a região de modo a enfatizar as conexões e as conjunções, não apenas as fronteiras nacionais e identitárias. O entendimento do Caribe se constrói cada vez mais sob um ponto de vista transcultural, 


Por tudo isso, a realização do VI Simpósio Internacional do CECAB na cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão com profundas ligações com o Caribe, não apenas por ser conhecida como a “Jamaica brasileira”, mas por toda uma história de cultura compartilhada, se mostra de extrema importância para ampliar e aprofundar a nossa compreensão da região como área social e cultural, não apenas geográfica.


O CECAB

O Centro de Estudos do Caribe no Brasil (CECAB), foi fundado em 1999, é um grupo de pesquisa registrado no CNPq, com o nome de Grupo de Estudos do Caribe, além de ser uma sociedade civil e científica, sem fins lucrativos. É um centro científico brasileiro voltado para os estudos caribenhos, em nível nacional e internacional, que congrega pesquisadores de diversas áreas, de diferentes instituições e níveis de graduação acadêmica, que se dedicam ao estudo do Caribe e suas relações com o mundo. O CECAB edita a cada semestre a Revista Brasileira do Caribe, publicação científica que reúne artigos em espanhol, francês, inglês e português de pesquisadores interessados nas culturas caribenhas e no diálogo com outras regiões.

O VI Simpósio Internacional do CECAB foi planejado para agregar os seguintes temas:

1-RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE

2-IDENTIDADES NACIONAIS

3-TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADES

4-PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E ARTES

5-GÊNERO SEXUALIDADE E GERAÇÃO

6-RITMOS IDENTIDADES E PERFORMANCE CORPORAL;

7-DIREITOS HUMANOS E NOVAS CONCEPÇÕES DE CIDADANIA

8-SAÚDE AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE.
 
9-ARTES VISUAIS, LITERATURA E MÚSICA

O pagamento das inscrições poderá ser realizado até o dia de início do simpósio na conta :


Conta Corrente 13.333-7
Agência 4445-8
Banco do Brasil

Valor das Inscrições:

Apresentadores Residentes no Brasil: R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais).
Apresentadores Estrangeiros: US$ 100,00 (cem dólares).
Estudantes de Pós-Graduação residentes no Brasil: R$ 100,00 (cem reais).
Ouvintes: R$ 50,00 (cinqüenta reais).
Estudantes de Graduação: R$ 25,00 (vinte e cinco reais)


Maiores Informações em: http://simposiocecab2010.com/



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Impossibilidade de Um Negro Ser Racista

Constantemente em rodas de conversas ouço alguém, leia-se branco, dizendo: “Os nego tão ficando racista” (...) “que nego racista”. O “racismo ao contrário” é bastante evocado em discussões sobre o tema; seja para transferir/redimir a culpa ou mascarar as mazelas causadas, exclusivamente, aos negros, pelo racismo. Os brancos estão passando por um surto de coitadismo. Frente a algumas iniciativas negras, nota-se um apequenamento e intensa tentativa de provar que negros estão tão racistas quanto brancos.

Vejamos o que Carlos Moore, em O Racismo Através da História, nos fala,
“... o racismo beneficia e privilegia os interesses exclusivos da raça dominante, prejudicando somente os interesses da raça subalternizada. O racista usufrui de privilégios e do poder total enquanto o alvo do racismo experimenta exatamente a experiência contrária.” Ele continua; “O racista se beneficia do racismo em todos os sentidos: econômica, política, militar, social e psicologicamente. Não somente ele se sente superior, mas vive uma vida efetivamente superior à vida daqueles que ele oprime.”


Carlos Moore

Ora, um negro pode até cometer algum tipo de preconceito contra uma pessoa branca, mas ele nunca cometerá racismo. Para isso ser possível a estrutura dominante mundial, ou no mínimo nacional, precisaria ser drasticamente mudada; os negros passariam de oprimidos a opressores. Aí sim, um negro poderia ser chamado de racista e usufruir “... privilégios econômicos e sociais que são negados à população-alvo.” Deter “... um poder hegemônico, de fato, na sociedade...” Que lhe permitiria “... reproduzir e perenizar as estruturas de dominação sócio-raciais em favor da sua prole e dos seus descendentes genéticos...” C. M. – Racismo Através da História.


Para haver um "racismo negro" a estrutura de poder teria que mudar.

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No documentário Café com Leite – Água e Azeite? O Antropólogo João Batista Félix resume bem a questão; “Discutir racismo no Brasil é discutir relação negro e branco. E discutir relação negro é branco é: o branco é racista e o negro não é racista. Eu, por exemplo, todo debate que eu vou não engulo mais essa discussão; - ‘Ah, mas tem negro que não gosta de branco’. Tem. Mas ele não é racista porque racismo é uma ação de poder; quem tem poder é o branco.”

Com a falácia de que o negro está racista iguala-se o racista branco com o “racista” negro – notem o perigo que isso representa; podendo um negro ser racista qualquer ação que vise à melhora de condições da raça (termo sócio-político-cultural) negra pode ser acusada de racista; cotas, por exemplo. Portanto, cuidado. Não sejam vocês reprodutores de um discurso de caráter, no mínimo, duvidoso.

domingo, 24 de outubro de 2010

Reafirmando Ações: Desconstruindo os Principais Argumentos contra as Cotas para Negros no Ensino Superior - Parte 2

Continuando nosso texto sobre Ações Afirmativas nas Universidades Públicas. Para ver a primeira parte acesse: Reafirmando Ações: Desconstruindo os Principais Argumentos contra as Cotas para Negros no Ensino Superior


2. “Cotas são inconstitucionais” (ou Marco Legal para a implementação das Ações Afirmativas)


Os discursos anti-cotas costumam atacá-las com base no artigo 5º da Constituição Federal, que prevê a igualdade de direitos perante a Lei. O ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa em seu artigo intitulado O debate constitucional das ações afirmativas desconstrói esse argumento ao mostrar diversas outras leis que justificam e dão jurisprudência às Ações Afirmativas de maneira geral. Dentre os artigos da Constituição Federal por ele  apontados como justificativa para a implementação das Ações Afirmativas podemos destacar:


Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; [...] III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais [...] XX – Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

Art. 37. VII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Art. 145. § 1º - sempre que possível, os impostos  terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte;

Art. 170. – A ordem econômica [...] tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] VII – redução das desigualdades regionais e sociais [...] IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.

GOMES, 2003, p. 38, 39. SANTOS, LOBATO, 2003, p. 69


 Joaquim Barbosa Gomes,  Ministro do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte Jurídica do país.

O texto é bem explícito quanto à necessidade de tratamento diferenciado aos grupos discriminados da sociedade brasileira. A utilização de verbos como construir, erradicar, promover, proteger, reservar, definir, graduar, assegurar, reduzir e favorecer, mostra que o Estado brasileiro é colocado em posição de protagonismo na eliminação das desigualdades sociais no país, ao contrário da omissão e defesa da igualdade meramente formal como colocam os anti-cotas.

Vemos ainda a defesa da implementação de Ações Afirmativas no setor tributário para as empresas de pequeno porte e no mercado de trabalho para as mulheres e os deficientes físicos. No caso desses dois últimos, a própria Constituição cita o processo histórico de discriminação por eles enfrentado. Se nesses casos a discriminação pode ser corrigida com reservas de vagas, deve-se considerar aceitável que também seja a mesma medida no caso dos negros, outro grupo que também encontra-se marginalizado.

Existem ainda outras leis que vão no mesmo sentido e regulamentam as Ações Afirmativas para mulheres e deficientes no trabalho nos setores público e privado e ainda a presença das mulheres no setor político-partidário:


Dec.-lei 5452/43 (CLT) – Art. 373A – adoção de políticas destinadas a corrigir as distorções responsáveis pela desigualdade de direitos entre homens e mulheres;

Lei 8112/90 – Art. 5º - §2º - reserva de até 20% para as pessoas portadoras de deficiência no serviço público da União;

Lei 8213/91 – Art. 93 - reserva para as pessoas portadoras de deficiência no setor privado;

Lei 9504/97 – Art. 10 - §3º - reserva de vagas para as mulheres nas candidaturas partidárias.

GOMES, 2003, p. 38, 39. SANTOS, LOBATO, 2003, p. 69, 70.


Além disso, podemos citar que o Supremo Tribunal Federal, máxima corte do Judiciário brasileiro e guardião máximo da Constituição expediu edital de licitação que prevê cotas para negros nos setores terceirizados do Tribunal em dezembro de 2001 (cf. SANTOS, LOBATO, 2003).

É interessante fazer uma reflexão acerca dessas leis em comparação profunda repulsa de parte expressiva da população às cotas para negros nas Universidades Públicas. As Ações Afirmativas para mulheres e deficientes são pouquíssimo contestadas; isso significa que a maioria da população pensa que os negros foram e são menos discriminados que eles? Ou simplesmente permanece na sociedade brasileira o mesmo racismo que considerava os negros simples objetos que deveriam ser usados exaustivamente para trabalhar até se tornarem inúteis e serem descartados sem acesso a quaisquer direitos?

Posteriormente continuaremos o texto, demonstrando o quanto a argumentação anti-cotas é rasa e desprovida de fundamentação teórica ou prática, baseando-se meramente em falácias. Acompanhem o vídeo da edição do programa Brasilianas.ORG que tratou justamente sobre cotas raciais. Um raro momento em que foi dado espaço para a argumentação em defesas do processo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Campanha do MPT-RS Aborda a Desigualdade Racial

Recentemente me deparei com um outdoor em via pública com a temática racial. Olhando com uma maior atenção, vi que se tratava especificamente da mulher negra e o mercado de trabalho.



O MPT-RS (Ministério Público do Trabalho) lançou uma campanha: “Pela Igualdade da Mulher Negra no Mercado de Trabalho”, em junho deste ano. Através de questionamentos é mostrada a dura e impiedosa desigualdade que, impulsionada pelo racismo vigente no Brasil, assola a mulher negra.


Esses outdoors estão espalhados pela região metropolitana de Porto Alegre


Não há como ficar indiferente ao passar por um outdoor desse porte. Ele expõe, aos olhos da sociedade, uma triste realidade; a ferida aberta pelo racismo faz sangrar uma grande parte do povo brasileiro – as mulheres e os homens negros.

Cartaz explicitando a profunda desigualdade

É de grande valia ver órgãos do Estado brasileiro tomando iniciativas para expor as mazelas causadas pelo racismo. Logicamente sabemos que muita coisa ainda há para ser feita e DEVE ser feita. No entanto, campanhas como essas são importantes para mostrar as pessoas que não sofrem com o racismo o que ele provoca.


Link para a campanha do MPT

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Alma no Exílio – Eldrigde Cleaver




Sobre o autor: Eldrigde Cleaver ficou aproximadamente nove anos preso, saiu e tornou-se um dos mais importantes membros dos Panteras Negras, morreu em 1998 aos 62 anos.

Escrito entre a metade da década de 50 e o fim da década de 60, este livro que virou best seller, Alma no Exílio (Soul on Ice) é uma obra de extrema importância para todos que gostariam de conhecer e até mesmo entender a mentalidade de um jovem negro, vivendo durante o período de luta em prol dos direitos civis afro-americanos, revoltado com o sistema branco que impera nos Eua, e no mundo, e devido à busca pelo conhecimento autodidatamente, iniciando-o no espaço de tempo em que esteve preso, torna-se também um homem politizado que consegue fazer analogias brilhantes entre a luta pela liberdade travada pelos vietnamitas, na Guerra do Vietnã, e os inúmeros protestos protagonizados pelos negros americanos, desde Rosa Parks até o incêndio de Watts, em busca da igualdade, conquistada apenas no papel.

Rosa parks logo após recusar-se a ceder seu lugar a uma pessoa branca.

Cleaver inicia sua história em uma penitenciária. Acusado de posse de maconha, fora preso aos 18 anos. Dentro da cadeia, vive um grande conflito psicológico, revoltado, quer renunciar todos os valores da sociedade branca dominante, porém não consegue repudiar sua atração à mulher branca. Padrão de beleza no mundo branco, ele trava uma relação de atração-ódio, senti-se atraído, mas odeia sentir-se. Devido à isso, no momento em que é solto, torna-se um estuprador. “O estupro era um ato de insurreição”, relata Eldrigde. Fazendo-o ele ignorava a lei do homem branco, os seus valores, assim vingaria todas as mulheres negras que foram estupradas por seus senhores. Não demorou muito para voltar à prisão, só sairia após nove anos. Chegando, começou a rever seus atos, admitiu o erro, “... não podia aprovar o estupro. (...) Perdi o auto-respeito. (...) Eis porque comecei a escrever. Para salvar a mim mesmo.” E conseguiu! Conseguiu ser um homem livre. Livre de estado, mas principalmente de espírito. Conseguiu quebrar as correntes que o e/ou nos aprisiona à dominação ideológica branca, impondo seus conceitos, juízos e valores. Eldrigde quebrou. Eu quebrei. Você quebrou?
É excelente o modo como Cleaver consegue unir em um mesmo texto, linguagem formal e gírias, deixando-o enriquecido, dando um ar peculiar a seus escritos.

Panteras Negras em uma entrevista, com Cleaver ao fundo

Convertido ao islã e grande admirador de Malcolm X, Eldrigde nos descreve como foi sua reação perante a noticia do fatídico assassinato: “O que se diz a seus camaradas no momento em que O Líder cai? Todos os comentários parecem irrelevantes.” Para ele a imagem de Malcolm teria sido triunfal ainda que se tornasse “um católico, ou adventista, ou um judeu” (Faço uma ressalva para dizer que mais tarde Cleaver converteu-se ao Cristianismo.) “... porque o que era grande não era Malcolm X, mas a verdade que ele proclamava.” Toda essa admiração não era destinada a outro grande líder da época, Martin Luther King Jr. Ainda que suas críticas não ocupem um parágrafo inteiro elas existem. Comentando a respeito do Prêmio Nobel de King, Eldrigde afirma: “os únicos negros americanos que se permitiu alcançar fama internacional foram os fantoches da estrutura do poder branco, os artistas e atletas.” Reparem que essa afirmação, feita a mais de 50 anos atrás, torna-se atual para o Brasil, hoje. Pois os negros que são ouvidos pela grande mídia são os que não tem nada de relevante para falar. Então ouvimos Neymar afirmar que desconhece os candidatos à presidência e Alexandre Pires dizer que não tem mais “cabelo de crioulo”, e que "muita gente preguiçosa espera a cota cair do céu”...


Durante sua pesada e contundente crítica à Guerra do Vietnã, Cleaver elabora uma metáfora interessante, os afro americanos “constituem um cavalo de Tróia negro na América branca” que juntos são uma grande força, porém desorganizados e divididos são fracos. Nós, afro brasileiros, também. Somos uma grande força, desorganizada e dividida.


Não posso deixar de citar o escrito, no mínimo emocionante que finaliza o livro; A Todas as Mulheres Negras de todos os Homens Negros,
http://waalde.blogspot.com/2009/05/alma-no-exilio.html, muito bem elaborado, muito bem feito, muito bom.

A grande mensagem que ele nos deixa é que a luta deve ser contínua e ininterrupta, “Alcançaremos nossa condição humana. Ou a terra será arrasada por nossas tentativas de conquistá-la.” Eldrigde Cleaver.



domingo, 17 de outubro de 2010

Documentário BBC - Brasil: uma História Inconveniente

Documentário em 4 partes acerca da história da escravidão negra no Brasil ao longo de 4 séculos.Ganhador do Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

Título Original: Brazil: An Inconvenient History
Gênero: Documentário | Histórico
Ano de Lançamento: 2000
Duração: 47 min
País de Produção: Inglaterra | Brasil
Diretor(a): Phil Grabsky

Parte 1



Parte 2



Parte 3




Parte 4

sábado, 16 de outubro de 2010

A QUESTÃO ÉTNICO – RACIAL NA LITERATURA INFANTIL

1. DEFINIÇÃO DE LITERATURA INFANTIL


A literatura infantil nada mais é do que o imaginário e a fantasia sendo expostos pelos escritores em seus livros. Ela entende que a criança tem necessidades diferentes do adulto, carecendo de atenção especial e insere na arte da escrita conteúdos moralizantes e formativos em conjunto com o entretenimento cultural.


2. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL

A literatura infantil hoje é vista como uma aliada para a formação do indivíduo e no desenvolvimento da aprendizagem durante a infância. Contudo, quando utilizada de forma maçante e com um único intuito de alfabetizar, pode provocar sérios danos à formação do indivíduo e a sua capacidade de interpretação seja literária ou da leitura de mundo.


3. O USO DA LITERATURA INFANTIL NA SALA DE AULA.


A literatura infantil pode ser vista com diversos olhares a partir do momento em que são abordados temas variados. As histórias infantis funcionam como instrumentos de conhecimento do mundo; assim, então, como uma maneira prática do leitor de decodificar a sociedade e seus problemas na qual vivem, pois é com a literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida.


4. A QUESTÃO ÉTNICO – RACIAL NA LITERATURA INFANTIL


A Literatura Infantil como vínculo criança-mundo, pode introduzir o debate racial em sala de aula. Na verdade o que se vê são professores que ao identificarem que dentro do convívio escolar existe preconceito e racismo alegam não ter conhecimento necessário para desenvolver ações que os combatam, ainda questionam como abordar temas tão complexos com crianças da Educação Infantil.


5. COMO TRABALHAR A QUESTÃO ÉTNICO - RACIAL NA LITERATURA INFANTIL


Partindo do pressuposto da abordagem racial na Literatura Infantil, apesar de toda uma discussão em torno da história e da importância do negro para a sociedade, existem livros que continuam vinculando conteúdos racistas.

Pois cá comigo - disse Emília- só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto !

Monteiro Lobato. Histórias de tia Nastácia. Ed. Brasiliense: São Paulo. 6a. ed. 1957 p.30.

Bem se vê que é preta e beiçuda! Não tem a menor filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe ?

Monteiro Lobato. Histórias de tia Nastácia. Ed. Brasiliense: São Paulo. 6a. ed. 1957, p.132



Capa Original do livro "O Minotauro", de Monteiro Lobato


Cabe ao educador juntamente com a escola selecionar livros adequados para a abordagem adequada dessa temática dentro de sala de aula, para que assim não haja conceitos pré-concebidos e uma desvalorização da cultura africana que pela história, faz parte das nossas vidas.

§ 1° O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2° Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

BRASIL; Lei 10.639/2003



Capa e páginas internas do livro "O Cabelo de Lelê", de Valéria Belém

Adiantamos que a tarefa em torno da leitura destes livros é dupla e concomitante: reconhecer e denunciar abordagens, textos e imagens que possam de alguma maneira desfavorecer a construção positiva da identidade da população negra e também identificar materiais, livros adequados, fomentando boas práticas de leitura, capazes de questionar e desconstruir mecanismos e práticas racistas e discriminatórias. Trata- se de construir e promover espaços voltados à eqüidade social e étnico-racial.

(SOUZA; PIRES, p.1)










As crianças negras agradecem

 
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