quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mãe diz que filho de 8 anos sofreu preconceito racial em escola do DF


Colega de turma chamou o menino de 'preto, sujo, feio e fedido', afirma.
Escola diz reprovar atitude; caso vai ser levado para Conselho Tutelar.

Um garoto de 8 anos foi ofendido por uma colega de sala por ser negro, segundo denúncia registrada na polícia pela mãe nesta quarta-feira (27) no Distrito Federal. De acordo com ela, o caso ocorreu antes do carnaval no colégio La Salle do Núcleo Bandeirante e foi relatado pela professora da turma. A instituição afirmou ao G1 não aceitar atitudes preconceituosas.

Texto sobre preconceito racial postado pela mãe em rede social  (clique para ampliar)

“Ela disse que viu uma coleguinha dizendo para ele que ele nunca vai arranjar namorada, que ninguém nunca vai gostar dele, porque ele é preto, sujo, feio e fedido”, conta Maria Paula de Andrade. “Agora ele está choroso, só chora. Ele escreveu na agenda que odeia a escola. E fica me perguntando: ‘Mãe, eu sou fedido? Mãe, eu sou sujo?’ Dói muito ver seu filho passando por isso.”

A mulher afirmou que procurou a coordenação da escola, que é privada, para organizar um encontro com os pais da criança. De acordo com a mãe, no entanto, nada foi feito. “A instituição não tomou a devida posição, só que isso é crime. Racismo é crime. Eu disse para as orientadoras: estou aqui porque meu filho foi discriminado e racismo é crime.”

A orientadora educacional Caroline Giani de Carvalho disse que a escola frequentemente conversa com as crianças sobre respeito. “A gente não aceita esse tipo de situação, temos essa questão da diversidade muito bem discuta em sala de aula. Mas falar em racismo é pesado. A gente trata isso como uma ofensa, infelizmente feita em uma hora errada”, disse.

A Polícia Civil do Distrito Federal informou que vai repassar o caso para o Conselho Tutelar. A entidade disse ainda que a escola pode ser responsabilizada civilmente pela ocorrência. Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam que houve 31 casos de injúria racial no DF no ano passado.



Segue na íntegra o desabafo da mãe Maria Paula de Andrade:

"Como mulher negra sei na pele e na alma o que é a discriminação racial. Como mãe, esta dor da discriminação se torna superlativa.

Mães querem que seus filhos vivam em um mundo melhor! Mães querem que seus filhos se sintam respeitados, acolhidos, amados!
Mães querem que seus filhos sorriam, brinquem, se divirtam, aprendam, sejam seres humanos dignos, amem seus semelhantes, respeitem seus irmãos de jornada!
Mães querem que seus filhos tenham uma boa educação para que cresçam saudáveis, prontos para enfrentar a vida, com coragem, determinação, bondade, firmeza, inteligência, coerência!
Mães querem....Eu, mulher, negra, separada, trabalhadora, MÃE: Quero!

E o que eu vejo acontecer em um colégio particular, caro, que se diz preparado para enfrentar os desafios de educar jovens saudáveis que irão comandar este País um dia? Vejo acontecer racismo com meu filho de apenas 8 anos. Vejo acontecer uma professora que não sabe lidar com este tipo de adversidade e educar seus alunos no sentido único do ser humano: Respeito!
Vejo acontecer um colégio despreparado, fechando os olhos para o racismo, fazendo ouvidos moucos para a discriminação e relutantes em aceitar e combater a discriminação, a intolerância e o racismo ocorrido nas dependências da sua Instituição..
O Colégio La Salle, no Núcleo Bandeirante, não tem uma dinâmica de educação que ofereça aos seus alunos, seus pequenos alunos, orientação segura quanto às diferenças, o respeito às diferenças. Há semanas venho tentando com este colégio para que ofereça uma palestra, curso para os pais, para os alunos, entretanto, me respondem com olhos de fingida compreensão e frases feitas para acomodar o negro no seu lugar de negro!

Estamos vendo isto acontecer neste País há séculos. E a pouca mudança que tivemos, tem sido absolutamente lenta. Tão lenta que meu filho, de apenas 8 anos, em pleno século XXI foi obrigado a ouvir de uma coleguinha de classe que ele era um "preto, sujo, fedido.................", isto dito na frente da professora, que não tomou atitude, não realizou um debate, uma conferência, uma palestra, ou seja lá o que for necessário para mostrar aos seus alunos que discriminação é crime, que é errado tratar o outro diferente e ofender o outro por qualquer motivos, principalmente se o motivo for a cor da pele.

Este é o meu desabafo como mãe! Sei que milhares de mães se sentem assim: doídas, magoadas, feridas, tristes, desamparadas, por não poderem oferecer aos seus filhos um mundo melhor, seres humanos melhores. Mas quem sabe, juntas, mães negras, mães de homossexuais, mães de Portadores de Necessidades Especiais, todas nós, juntas, possamos ajudar a mudar mais um pouquinho este mundo?"

Fonte: G1.com e Sou Negro SIM e EXIJO Respeito

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Justiça condena autor de blog racista e estabelece uma cartilha moral na internet

As ideias racistas devem ser duramente combatidas pela imprensa do povo negro organizado, só assim se trava, verdadeiramente, a luta política contra o racismo



O brasiliense Marcelo Valle Silveira Mello foi condenado pela Justiça Federal, Seção Judiciária do Paraná, a seis anos e sete meses de prisão em regime semiaberto, além de multa de aproximadamente quatro mil reais, pelos crimes de indução à discriminação ou preconceito de raça; incitação à prática de crime; e publicação de fotografia com cena pornográfica envolvendo criança ou adolescente.

O rapaz, que é analista de sistemas, foi preso em Curitiba, em março de 2012, na chamada “Operação Intolerância”, da Polícia Federal. Ele e o comparsa, Emerson Eduardo Rodrigues, mantinham um blog que pregava o ódio a negros, nordestinos, judeus, gays e mulheres.

De acordo com a sentença, Marcelo vai cumprir pena em regime semiaberto, mas como ainda cabe recurso, a prisão preventiva foi mantida. Assim, ele continua preso na Penitenciária de Piraquara (PR).

A internet hospeda uma série de sites que divulgam as mais variadas ideais. Dentre elas as racistas e outras tantas ideologias conservadoras, especialmente quando o assunto são os segmentos explorados e reprimidos pelo capitalismo.

No entanto, por ser uma ideia, uma política conservadora que está sendo defendida, não se deve autorizar investigações promovidas pela justiça e pela Polícia Federal, sob pena de ser estabelecida uma cartilha da “moral e dos bons costumes”.

A manifestação ideológica conservadora deve ser combatida com o ponto de vista oposto, progressista. As publicações racistas devem ser duramente combatidas pela imprensa do povo negro organizado, só assim se trava, verdadeiramente, a luta política consequente em direção ao fim do racismo.

Fonte: Causa Operária

sábado, 16 de fevereiro de 2013

62% apoiam cotas para alunos negros, pobres e da escola pública, diz Ibope

Pesquisa feita para o ‘Estado’ revela que aprovação às cotas raciais em universidades públicas é proporcionalmente menor que às outras duas - para carentes e estudantes da rede pública; mesmo entre negros, apoio a cotas por cor é menor que para pobres

Quase dois em cada três brasileiros são a favor de cotas em universidades públicas tanto para negros quanto para pobres como para alunos da escola pública. Pesquisa nacional do Ibope feita a pedido do Estado mostra que 62% da população apoia a implementação dos três tipos de cotas - mecanismos que facilitam o acesso desses segmentos sociais às vagas do ensino superior.

Há variações significativas, porém. O grau de apoio muda de região para região, entre classes sociais, de acordo com a cor da pele do entrevistado e segundo o seu grau de escolaridade.

Outra constatação importante da pesquisa é que há um apoio significativamente maior às cotas que levam em conta a renda (77%) e/ou a origem escolar (77%) dos pretendentes às vagas que às cotas baseadas só na cor autodeclarada do aluno (64%).

Em contraposição aos 62% que apoiam todos os tipos de cotas, 16% dos brasileiros são contra qualquer uma delas, segundo o Ibope. Os restantes não souberam responder (5%) ou são a favor de um ou dois tipos de cotas, mas contra o terceiro: 12%, por exemplo, defendem cotas para alunos pobres e para alunos da rede pública, mas são contrários às cotas para alunos negros.

A oposição às cotas para pobres, negros e alunos da rede pública tende a ser maior entre brancos, entre brasileiros das classes de consumo A e B, entre pessoas que cursaram faculdade e entre os moradores das capitais e das Regiões Norte e Centro-Oeste.

Nível de estudo. Já o apoio à política de cotas nas universidades públicas é proporcionalmente mais alto entre quem estudou da 5.ª à 8.ª série, entre os emergentes da classe C, entre nordestinos e moradores de cidades do interior do País.

Essa diferença de perfil entre os contrários e os a favor sugere que aqueles que estão em busca de ascensão social e econômica tendem a ter mais simpatia por políticas que aumentem suas chances de chegar à faculdade, enquanto aqueles que já chegaram lá - a maioria sem ter se beneficiado desses mecanismos - têm maior probabilidade de serem contrários a esse favorecimento.

Em nenhum estrato social, porém, a oposição às cotas nas universidades públicas é maior que o apoio a elas. Segundo o Ibope, num único segmento há empate. É justamente entre os brasileiros que já se formaram na faculdade - e, mesmo assim, só no que se refere à política de cotas para negros: 49% dos diplomados são contra e 49% são a favor. O resto não respondeu.

Como acontece com todos os estratos sociais, os brasileiros com nível superior são francamente a favor das cotas para alunos de baixa renda (78%) e para alunos originários da rede pública de ensino (75%). Por que, então, só 49% defendem as cotas por cor?

Uma hipótese é que esse terço que apoia as duas primeiras, mas não a terceira, avalie que as cotas por renda e por tipo de escola de origem do aluno já sejam suficientes para cobrir as necessidades dos alunos negros, por se sobreporem.

Das três cotas, a cor é a única que não se baseia em critérios verificáveis, mas na autodeclaração de quem pleiteia a cota.

Embora a resistência às cotas por cor seja maior entre quem cursou faculdade, ela aparece também entre outros segmentos sociais.

Mesmo entre negros, que se beneficiariam diretamente delas, as cotas por cor recebem apoio menor que as cotas por renda e escola de origem: 26% dos negros são contra as cotas para negros, mas só 16% deles são contrários às cotas para pobres.

Grande maioria. Apesar das diferenças, a maioria absoluta é favorável às cotas. Mesmo os 64% de apoio às cotas para negros são raros de encontrar. Por comparação, menos brasileiros são a favor do voto obrigatório (45%) ou defendem a reeleição dos políticos (58%), por exemplo (Ibope, 2006).

A pesquisa Ibope foi feita entre os dias 17 e 21 de janeiro. Foram realizadas 2.002 entrevistas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais.

Fonte: Estadão

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ato Público contra o Racismo no COLUN/UFMA e suas Repercussões

Conforme divulgado aqui, no último dia 6 de fevereiro foi realizado o Ato Público contra o Racismo no COLUN/UFMA por contado do caso de discriminação sofrido pela estudante Wgercilene Martins. Após o ato uma das notícias causou espanto por conta de um comunicado atribuído à Universidade.




NOTA OFICIAL UFMA


A Universidade Federal do Maranhão vem a público esclarecer que a denúncia do ato de racismo, supostamente ocorrida no Colégio Universitário, no dia 28 de janeiro de 2013, está sendo apurada pela Instituição.

No entanto, informamos que em uma primeira avaliação não identificamos, até o momento, nenhum ato de racismo, mas a criação de fato político para prejudicar o processo eleitoral que está ocorrendo no citado colégio.



Fica uma série de perguntas a respeito desta nota: Quem é o autor? O reitor? A Assessoria de Comunicação? Algum professor com pesquisas na área das relações raciais? Essa pessoa sabe que a maioria dos casos de racismo denunciados à justiça terminam inocentando o racista? Sabe de casos de discriminação sofridos por mulheres por conta dos cabelos afronaturais? E outros casos de racismo constantemente denunciados? Quem está promovendo a investigação sobre o caso? Por que a vítima e suas testemunhas não foram ouvidas? Por que este caso tem uma posição oficial tão rápido e o caso Nuhu Ayuba permanece há mais de um ano sem conclusão? Que grupo seria beneficiado pela "fabricação" de um ato desta natureza considerando que nenhum dos professores citados na denúncia é candidato no processo eleitoral e que ambas as chapas são majoritariamente formadas por pessoas negras? Que provas embasam tal posicionamento? Se existe essa posição oficial, quando a chapa que "produziu" tal fato será impugnada? Terá direito de defesa assegurado ou será unilateralmente atacada por um ghost writer? 

Ficam as reflexões sobre o assunto e a necessidade de que o Movimento Negro do Maranhão pressione a Universidade e a justiça para que apurem o caso.















quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Relembrando Casos de Racismo: Racismo: por atraso no pagamento de aluguel, dono de prédio chama funcionária do SINDETUR/MA de “neguinha e macaca”

Claudiane Nogueira

A auxiliar de editoração Claudiane Malaquias Nogueira, 24 anos, funcionária do SINDETUR/MA, foi agredida verbalmente pelo proprietário do edifício Royal Center, localizado na Av. Daniel de La Touche, na Cohama, em São Luís, no último dia 29.

Segundo relatos constantes do Boletim de Ocorrência, Claudiane conta que Carlos foi ao Sindetur/Ma fazer uma cobrança de aluguel em atraso e solicitou que ela assinasse um documento de débito locacional. Depois que ela assinou, Alan Coutinho perguntou por que ela não fazia o pagamento. Respondeu-lhe que não tinha dinheiro em caixa e que o chefe estava viajando.

Indignado, Alan Coutinho passou a agredir a jovem. “Neguinha, macaca, o seu lugar é no lixo, junto com sua família. O meu prédio já tem preto demais. Vocês estão sujando o meu prédio”, teria dito o dono do prédio.

Pelas informações muitas pessoas presenciaram as agressões verbais, mas apenas uma uma se colocou à disposição para testemunhar o fato.




No facebook, uma amiga de Claudiane diz: “Acabo de ver o BO em questão, onde a funcionária do Jornal das Licitações/SINDETUR-MA (Claudiane Nogueira) alega ter sido vitima de RACISMO! Inaceitável nos dia de hoje um cidadão se achar melhor que outro por causa da COR!!! O dono do Royal Center (prédio onde trabalho) a chamou de MACACA, NIGRINHA e que a mesma não deveria trabalhar aqui, pois já tem PRETO demais aqui no prédio (Já ele me manda embora!)!!! Espero que o Sindetur-MA/Jornal das Licitações tenha uma atitude firme e energica, pois, nos dias atuais, isso é uma atitude abominável”.

Claudiane Nogueira, diante da revolta de amigos, diz que vai fazer valer seus direitos de cidadã e que não vai deixar isso passar dessa forma. “Eu nuca fui tão ofendida em minha vida! Vou à luta e vou mostrar pra esse cidadão quem é negrinha aqui!”, diz Claudiane.



Presidente do SINDETUR/MA diz que vai tomar providências para tentar punir o autor das ofensas contra Claudiane Nogueira

O presidente dos Sindicato das Empresas de Turismo do Maranhão, Paulo Montanha, utilizou-se do facebook para dizer que essas agressões à jovem não ficarão impunes.

Confira o que diz Paulo Montanha:

Informo a TODOS que atitudes como essa são ABOMINÁVEIS. Estive ausente do Maranhão por uma semana participando e defendendo o turismo maranhense em três grandes eventos de turismo brasileiro: ABAV, CIHAT e FISTUR.

Aproveitando minha ausência o Sr. Alan Coutinho, proprietário do imovel (Edificio Royal Center) ao qual somos locatário de uma sala, agrediu verbalmente minha secretária.

Providencias judiciais estão sendo tomadas para que pessoas PRECONCEITUOSAS iguais a esta sejama punidas pelo CRIME de RACISMO e DANO MORAL.


PAULO MONTANHA
Presidente do SINDETUR/MA

Fonte: Blog Gilberto Lima


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ato Público e Abaixo-Assinado contra o Racismo na UFMA


Em virtude  caso de racismo ocorrido no COLUN/UFMA contra Wgercilene Martins o movimento negro e o movimento estudantil se organizaram para protestar contra o infeliz incidente realizando um ato público e um abaixo-assinado como repúdio e exigência de providências do caso.

O Diretório Central dos Estudantes 17 de Setembro convida a todos a organizarem-se em frente ao COLUN (Colégio Universitário), no dia 06 de fevereiro, ESTA QUARTA-FEIRA, ÀS 16 HORAS, e manifestarem seu repúdio a prática de atitudes racistas, em especial ocorridas dentro do espaço universitário.

Segue o texto do abaixo-assinado, que pode ser assinado aqui.


"Nós abaixo assinados, indignados com a agressão sofrida pela estudante do curso de Artes Visuais da UFMA Wgercilene Martins, que ocorreu no dia 28 de janeiro de 2013, a qual realiza um trabalho de ensino da Arte Africana e Afro Brasileira. O diretor do COLUN, Francicarlos Veras Cardoso e o coordenador do ensino médio Telésforo Reis a interpelou de forma desdenhosa na presença de alunos. O ponto culminante se deu quando o professor Telésforo pegou no cabelo crespo de Wgercilene Martins e sarcasticamente dizia: ‘- e isso aqui também é arte?Consideramos isso inaceitável,pois representa um ato de discriminação não só aos artistas como também a toda população negra na medida em que atinge um dos elementos de identidade dessa população que é o cabelo crespo. Discrimina a arte de matriz africana, objeto do projeto desenvolvido na escola, motivo pela qual solicitamos que o Reitor Dr. Natalino Salgado tome as providências necessárias para que este ato absurdo seja exemplarmente punido.

É inaceitável que o racismo, crime inafiançável, passível de prisão imediata e vestígio execrável da ignorância social seja reiteradamente afirmado no ambiente de uma Universidade. Durante a gestão do Reitor Natalino Salgado, diversos casos vem sendo registrados marcando um posicionamento de gestores e educadores, mas principalmente rasurando a memória e identidade dos estudantes atingidos. Por conta disso, peticionamos o apoio de todos contra ato tão indigno. "
 
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