sábado, 31 de agosto de 2013

EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX

Os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos

O presidente estadunidense, Barack Obama, participou nessa quarta-feira (28), em Washington, de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.

De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.

“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.

No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.

Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.

“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.

Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.

Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Jornalista diz que médicas cubanas “parecem empregadas domésticas”

Jornalista brasileira causa revolta ao lamentar chegada de profissionais de Cuba ao Brasil: “médicas cubanas têm cara de empregada doméstica; será que são médicas mesmo? Coitada da nossa população”

Jornalista Micheline Borges diz que médicas cubanas parecem empregadas domésticas. Ela deletou sua conta no Facebook após as declarações preconceituosas (Reprodução)

A chegada de profissionais de saúde cubanos no Brasil revela a face mais hipócrita, egoísta e retrógrada de parte da sociedade brasileira, provocando reações que causam constrangimento em qualquer brasileiro com o mínimo de bom senso.

No Ceará, médicas brasileiras hostilizaram sem nenhum pudor médicos cubanos que participavam do primeiro dia de curso. Em Minas Gerais, o presidente do Conselho Regional de Medicina, João Batista Gomes Soares, afirmou que orientará seus médicos para não socorrerem pacientes que sejam vítimas de “possíveis erros” de cubanos. A declaração do presidente do CRM/MG deflagra um claro estímulo ao crime de omissão de socorro.

Nas redes sociais os posicionamentos não são menos desastrosos. O mais recente foi o da jornalista potiguar Micheline Borges, que afirmou que as médicas cubanas “têm cara de empregadas domésticas”, questionando se as profissionais da ilha caribenha são realmente formadas em medicina.

Em outro trecho, ela reitera sua reclamação a respeito da imagem dos profissionais cubanos. “Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência”.

Após a repercussão, Micheline Borges deletou sua conta do Facebook.

(Atualização)

Micheline Borges pediu desculpas no Twitter pelo que falou sobre as médicas cubanas. “Sou inteligente para mudar de opinião”, disse. “Errar é humano, reconheço o erro”, complementou, pedindo paz.

Micheline Borges utilizou o twitter para pedir desculpas sobre declaração dada no Facebook (Reprodução)



Fonte: Africas.com



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Que horror! Amo secador e uma boa chapinha!" Mais um caso de racismo contra o cabelo afronatural

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Mais um caso de racismo atacando o cabelo afronatural, desta vez contra a modelo Scar Lopeez. Pelo Facebook (novamente) foi ofendida por Jacyara Alves. Fica a espera de que a irmã tome as providências judiciais cabíveis e que faça valer seus direitos denunciando o crime cometido contra ela.

Via Facebook


domingo, 18 de agosto de 2013

Blogs Afrocentrados: Liberte os Cachos



O blog foi feito justamente para isso, pra falar um pouco mais sobre como cuidar dos nossos cachos. Quem tem cabelos AFROS, CRESPOS, CACHEADOS, Ondulados, naturais ou quimicamente tratados. Aqui o importante é a saúde dos nossos cabelos e o bem estar de cada uma e o bem estar claro dos nossos cachos livres.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Anitta, embranquecimento e elitização

Seja pelo preconceito de classe ou pela intolerância diante de letras com conteúdo sexual explícito, as mulheres do funk são grandes vítimas da misoginia e do racismo. Esse grande repúdio contra as artistas femininas do funk é intimamente relacionado à repulsa às mulheres negras, não somente porque a maioria das funkeiras são negras, mas porque o funk tem raizes históricas e é intimamente ligado à cultura negra brasileira.

No entanto, há pelo menos um exemplo atual de mulher que veio do funk e é amplamente aceita e celebrada na mídia: a Anitta. Enquanto as outras artistas têm suas raízes no funk tradicional com letras explícitas, a Anitta é apresentada como uma funkeira voltada para a cultura pop, com uma produção higienizada e pronta para o consumo. Artistas como a Anitta são reposicionadas em uma nova classe social, que embranquece suas expressões artísticas e as torna muito mais “adequadas” para a televisão brasileira.


Há divergências sobre os motivos que levam a Anitta a ter mais sucesso que outras artistas similares. Alguns ativistas acreditam ser devido a uma suposta branquitude. No entanto, enxergar Anitta como uma pessoa branca demonstra a naturalização do processo de embranquecimento racial. Em uma sociedade que tem como branca qualquer pessoa miscigenada de pele clara, o caso de Anitta merece no mínimo uma reflexão.

É preciso entender que a identidade que Anitta ou outras artistas possuem sobre suas cores é algo subjetivo, construído ao longo dos anos sob influência da sociedade. Não adianta relativizar o reconhecimento racial e reduzi-lo a uma questão de afirmação, pois compreender-se como negra não é um fator decisivo para que alguém seja tratada como negra; para isso acontecer, é necessário que a sociedade também consiga ver a negritude nessa pessoa.

A Anitta é um exemplo de uma mulher miscigenada que foi embraquecida e “enriquecida” para que o seu trabalho artístico fosse valorizado. A aparência de Anitta vem se tornando cada vez mais diferente desde a sua fama, com tratamentos de clareamento sobre uma imagem cada vez mais elitizada. Sabendo disso, vale a reflexão: será que Anitta é aceita por ser reconhecida como uma mulher branca ou terá embranquecido em busca de aceitação? Se outras funkeiras passassem por um processo de embraquecimento e elitização classial, seriam elas abraçadas pelos programas da televisão aberta nos mais diversos horários?

Esse processo não diz respeito somente ao embranquecimento de características físicas, como cabelos lisos, pele clara e nariz fino, mas está também relacionado à repressão da sexualidade feminina. O funk bem aceito socialmente é aquele que constrói uma sensualidade feminina tolerável, que não intimida o machismo. E a sexualidade feminina que é aceita é aquela que não causa choques. A Valesca Popozuda é um bom exemplo: embora em sua aparência atual ela seja vista como uma mulher “morena clara”, ou em alguns casos até mesmo branca, o modo como lida com o sexo sem eufemismos faz com que sua expressão artística seja repudiada socialmente.

Artistas femininas sofrem uma imposição de limite sobre a sensualidade, que só pode ser expressada de modo comedido e elitizado: uma mulher que rebola na MTV é muito mais aceita artisticamente do que aquela que rebola em um baile funk no morro. É extremamente importante notar, no entanto, que nenhuma mulher é plenamente aceita ao expressar sua sexualidade. Ao final do dia, todas essas mulheres têm algo em comum: todas elas são transformadas em objetos de consumo.

Ser consumida, nesse caso, significa oferecer a sensação de controle ao público masculino. A mulher objeto de consumo deve expressar sensualidade, mas não ao ponto de fazer com o que o homem se sinta ameaçado, nem na eminência de ser “traído”. Caso a mulher expresse sua sexualidade de forma objetiva e direta, ela é tida como uma “vadia” indigna de valor e seriedade. A mulher negra, especificamente, carrega nos ombros o estereótipo de “mulher consumível” e descartável, para ser “usada” e jogada fora, ao contrário do produto mais cotado e duradouro: a mulher branca. Essa é a realidade da misoginia: as mulheres são tratadas como mercadorias, algumas mais valorizadas do que outras.

Embora a questão da branquitude de Anitta seja debatível perante nossos olhos, o problema é muito mais profundo e está entranhado em diversas nuances da sociedade. A questão não é atribuir uma identidade a Anitta ou outras artistas brasileiras, mas sim levantar o questionamento sobre a possibilidade de sucesso e a aceitação social dependerem de uma branquitude, seja ela real ou imposta. Uma pele clara e um cabelo liso combinados com uma sexualidade moderada e restrita são necessárias para o sucesso das mulheres.

Seja ao chamar mulheres negras de morenas ou ao aceitar o “branco” como padrão, o racismo articula com a violência imposta sobre as classes desfavorecidas e encontra seu apogeu quando atua de forma machista. 

É preciso trazer todas essas nuances para o debate e trabalhar para destruir essas violências. A forma como as opressões atuam não é sempre tão óbvia, tampouco tão simplista. São necessárias uma dialética e uma visão abrangente, não polarizada, para que possamos transformar nossa cultura e conquistar a dignidade que é usurpada de tantas mulheres.

Jarid Arraes é educadora sexual, feminista e escreve no Mulher Dialética e no Guia Erógeno.



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Mantida posse de terreiro de umbanda na Vila Maranhão

Marcelo Carvalho afirmou que a empresa nunca deteve a posse do imóvel em questão (Foto: Ribamar Pinheiro)


Os desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) negaram pedido de reintegração de posse à empresa Lumiar Engenharia e Participações Ltda, que reivindicava a posse e pedia a demolição dos imóveis edificados no terreno da Chácara Santa Cruz (14.600 m²), no Distrito São Joaquim do Bacanga, onde funciona o Centro de Umbanda Nossa Senhora Piedade Xangô. A decisão manteve sentença do juiz Tyrone José Silva, da 4ª Vara Cível de São Luís.

A empresa ajuizou ação de reintegração de posse e demolição, alegando ser possuidora do imóvel denominado Sítio Tauá, dentro do qual estaria situado o terreno da Chácara Santa Cruz, onde invasores estariam explorando clandestinamente a extração de pedra bruta.

Argumentou ainda sobre a necessidade de paralisação imediata das obras de construção iniciadas no local, onde foram construídos um terreiro, uma igreja, uma casa de hospedagem e três casas residenciais.

O senhor José de Ribamar Lisboa de Castro, contra quem a empresa moveu a ação, defendeu-se afirmando que não ficou provada a invasão do terreno, sendo indiscutível a propriedade da terra, que seria da União Federal, tendo recebido, por transferência dos antecessores, o direito de posse, que já somaria mais de 50 anos de ocupação pacífica.

O desembargador Marcelo Carvalho da Silva relatou o recurso da empresa que pedia a reforma da sentença, mantendo a decisão por constatar que a empresa nunca deteve a posse do imóvel em questão, não tendo apresentado nem mesmo testemunhas sobre esse fato.

O magistrado observou que os documentos apenas demonstraram direito de uso e ocupação da empresa ao Sítio Tauá, imóvel que sequer pode ser localizado pela perícia, e não à Chácara Santa Cruz.

“O que se conclui é que não há prova de que a apelante alguma vez tenha exercido posse sobre o imóvel, e sim o apelado e aqueles que o antecederam na ocupação do terreno”, frisou.

O voto foi seguido pelo desembargador Jorge Rachid e pela juíza convocada Oriana Gomes, em razão do impedimento do desembargador Vicente de Paula, autor de decisões anteriores no primeiro grau.

Juliana Mendes
Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça do Maranhão
asscom@tjma.jus.br
(98) 3198-4370

Fonte: TJMA

Indicado pelo companheiro Nonnato Masson




A Resposta Católica - Pe Paulo Ricardo - O que devemos pensar a respeito do candomblé, essa religião "pagã"


Em homenagem aos "defensores" do Papa e àqueles que fazem de conta de fingir que o passado de perseguição e preconceito não existe. Uma análise que finge não demonizar, mas que possui diversas ideias etnocêntricas, como o cristianismo como um todo.

Miss Universo Mirim é negra e de Niterói


Já na infância a niteroiense Maria Victórya Manzi de Sant’Anna, participa de concursos de beleza e ela acaba de ganhar no méxico o concurso no Miss Universo Mirim.

Assim noticiou o informe de o Fluminense de hoje:  ”A niteroiense Maria Victoria Sant´Anna, de 8 anos , foi eleita a menina mais bonita do mundo. A jovem miss, ganhou no último sábado, o título de Miss Universo Mirim 2013, que aconteceu na cidade de Chiuhuahua, no México.

Maria Victórya chega em Niterói amanhã e sua família prepara uma recepção calorosa no aeroporto  e um café da manhã especial de boas-vinda para a grande campeã.”

Com seus cabelos naturalmente encaracolados, Victórya, além de mostrar o exemplo de alegria e disciplina, irá sem dúvidas ser modelo para muitas meninas, que ainda não veem nas televisões, revistas, propagandas e jornais com crianças negras que se destacam no Brasil e no mundo!

Seja bem-vinda Victória, a população negra se orgulha de você!


Fonte: Mama Press

Lançamento Revista da ABPN nº 10



Com imensa satisfação e entusiasmo apresentamos este novo número da Revista da ABPN, sua décima edição.  A continuidade da Revista da ABPN indica o compromisso com a produção acadêmico-científica de qualidade, resultado de pesquisas, experiências e vivências que contribuem para a construção do conhecimento. Representa, ao mesmo tempo, a atuação marcante de militantes e acadêmicos negros/as na concretização de estudos sobre relações raciais e demais temáticas pertinentes à sociedade na qual nos inserimos. 
Agradecemos aos/às colaboradores/as – pareceristas, autores/as, tradutores/as, editores/as, secretaria, Conselho Editorial, Conselho Consultivo, Diretoria e demais membros da equipe e parceiros/as –, que possibilitaram a publicação deste número e sua continuidade, como também cada pesquisador/a. Nossos agradecimentos a todas e a todos!

Equipe Editorial

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