Afro-feminismo, porque?
Quando eu comecei a ouvir barulhinhos sobre feminismo sempre eram sobre mulheres brancas, mulheres europeias e estadunidenses. O máximo que chegava perto de uma negra era para falar de Xica da Silva, e como uma lenda surreal, nunca como representação, resistência. Quando os barulhinhos se tornaram ruídos mais frequentes, ouvi falar de uma tal de Angela Davis e uma negrinha ousada que atendia por Rosa Parks, só ouvia falar mesmo. Sem internet eram só ruídos pois estas mulheres não estavam na biblioteca, menos ainda na videoteca da escola ou do bairro. Eu gostava da idéia do feminismo, sou mulher e sentia que aquilo tinha tudo a ver comigo, mas faltava alguma coisa, minha representação ali ia somente até a página 2.Sou mulher, e o feminismo me representa, me ajuda. Assim segui até a chegada da internet, aí então os tambores transformaram os ruídos em música! Música africana, latino-americana e caribenha.
Descobri que o feminismo apesar de se apresentar branco, ele não é só isso. Descobri que além de mulher sou negra e isso faz toda a diferença! Para as mulheres negras fica muito difícil entender o feminismo e suas demandas porque não há representação negra. Os livros indicados pelos sites feministas por exemplo, são 99,99% de escritoras brancas que tem uma história completamente diferente, estes livros servem como conhecimento mas não servem para a prática feminista. As mulheres negras precisam olhar para o feminismo e ver mulheres negras, precisamos de espelhos, representação. Precisamos aprender quem somos pela perspectiva preta, negra da diáspora africana.
As pretas das favelas que sofrem sendo as maiores vitimas de violência doméstica, sofrem com os piores salários, piores empregos , maior índice de abandono pelos companheiros, maior Índice de mortalidade, racismo, lesbofobia, machismo e outras violências históricas normatizadas pelo espelho branco tem muito a nos ensinar. Nós somos elas, temos a mesma face delas. Se colocarmos um espelho agora em nossa frente, quem ele refletirá, as brancas dos livros empolados ou as negras da diáspora? Faça o teste e diz aí então quem deve nos representar.
Eu: Negra Mulher e Feminista, resisto!
Acessem: Serviço de Preta
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