A morte de estudante angolano nos interpela para uma reflexão e uma ação
concreta
Acabamos de receber a notícia triste de que uma discussão de bar entre
estudantes africanos angolanos com alguns clientes brasileiros acabou em morte
de uma universitária angolana e ferimento dos outros em São Paulo.
Esse fato é mais um que faz o quadro triste de não proteção dos cidadãos
africanos, sobretudo os estudantes, no território brasileiro. A transferência
do racismo contra os negros-brasileiros para os corpos dos negros-africanos é
uma das explicações dessa violência que tendem quase ao genocídio dos africanos
no país: o fato de ser negro se torna o motivo de eliminação dos portadores da
negritude.
Se não é a polícia que comete essas ações bárbaras, são os cidadãos
brasileiros comuns que o fazem. Pois, na sua mente acreditam que o corpo negro
não vale nada e o corpo negro-africano pior ainda. Essa prática racista e
desumana para ser compreendida deve-se acionar a arqueologia da escravidão
racial das plantações e o racismo do século XIX que deixaram suas marcas nas
estruturas sociais e burocráticas dos séculos XX e XXI no Brasil. Essas
práticas andam contra os direitos humanos e da Constituição Brasileira.
É com muita tristeza que Nós, a Comunidade Africana residente no Brasil,
representada aqui pelo Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no
Brasil (IDDAB), recebeu com grande tristeza a morte e a violência cometida
contra nossas irmãs e irmãos estudantes angolanos. É com muita tristeza que
estamos denunciando que essas ações estão cada vez mais se multiplicando e
queremos ações concretas da parte das autoridades governamentais brasileiras e
diplomáticas africanas: punir os criminosos e garantir a segurança dos
africanos no território nacional.
Da parte da sociedade civil africana, lançamos mais uma vez o apelo de nos
UNIRMO-NOS em fóruns locais, regionais e, um dia, nacional. “Se nos deitarmos,
estaremos mortos” (Ki-Zerbo). “Ubuntu” é e deve ser a nossa força de luta no
Brasil. Pois, este país foi construído com o sangue, suor e as mãos de nossos
avós africanos !
Aos parentes angolanos que perderam a sua filha, expressamos a nossa grande
tristeza.
A embaixada angolana e às outras embaixadas africanas localizadas no Brasil,
deixamos aqui o nosso voto de nos encontrar para acharmos uma solução urgente
em relação aos problemas que a Comunidade Africana está enfrentando nas cidades
brasileiras, sobretudo os estudantes quanto à sua segurança.
Nota de apelo – IDDAB
Discussão de bar termina com universitária angolana morta em SP
Uma discussão de bar na rua Cavalheiro, no Brás, região central de São Paulo,
terminou com uma universitária angolana morta e três outros angolanos feridos
na noite de terça-feira (22). Até as 3h30, ninguém havia sido preso.
Segundo testemunhas, os angolanos estavam bebendo em um bar quando dois
outros clientes, brasileiros, teriam xingado o grupo, com termos como
“macacos”. Houve uma discussão e os brasileiros foram embora.
Cerca de 20 minutos depois, um dos brasileiros voltou, em um Golf prata,
desceu do veículo e atirou contra o grupo de angolanos. Zumira de Souza Borges
Cardoso, 26, estudante de engenharia na Uninove, foi atingida e morreu no
local. Celina Bento Mendonça, 34, grávida de cerca de oito meses, acabou ferida
por pelo menos dois tiros, um deles na barriga. Gaspar Armando Mateus, 27, foi
baleado na perna. Renovaldo Manoel Capenda, 32, também foi atingido.
Fonte: IDDAD
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