São Paulo - Em cinco anos, os cursos de Medicina, Direito e
Engenharia da Universidade de São Paulo (USP) - considerados de ponta -
matricularam 77 alunos pretos. O número refere-se a 0,9% dos matriculados nas
carreiras entre 2005 e 2011. Os dados de 2012 não estão disponíveis no site da
Fuvest e a universidade não os forneceu. Preto é a terminologia usada pelo IBGE
e pela USP para a cor da pele.
Na quinta-feira, a Faculdade de Direito aprovou recomendação
para que a USP adote o sistema de cotas raciais. A decisão será encaminhada ao
Conselho Universitário, instância máxima da USP, a quem caberá discutir a
adoção da medida. O conselho é, tradicionalmente, contrário à ideia de cotas. A
USP entende que o sistema de bônus do Programa de Inclusão Social da USP
(Inclusp), voltado a alunos de escola pública, independentemente da cor da
pele, já atende as demandas por inclusão. O Inclusp foi adotado a partir de
2007.
Em 2012, a universidade matriculou 28% de alunos vindos de
escolas públicas. No ano anterior, esse índice foi de 26%. Somente nos três
cursos citados, 12% dos alunos matriculados em 2011 participaram do Inclusp.
A proporção de pretos e pardos, que em geral constituem os
beneficiados das cotas, foi em 2011 de 13,4%, dos quais 2,8% se declararam
pretos. A proporção de 2011 é bem maior do que a registrada dez anos antes, por
exemplo, mas ainda não reflete o perfil da população do Estado de São Paulo,
que tem 34,6% de pretos e pardos. No Brasil, são 50,7%.
O diretor da ONG Educafro, frei David Raimundo dos Santos,
ressalta que o sucesso do programa de inclusão da USP tem de se refletir nos
cursos mais tradicionais. "Se a USP consegue com o Inclusp colocar pretos
em Medicina e Direito, nos demais também terá inclusão." A reitoria
informou que não seria possível entrevistar o reitor João Grandino Rodas sobre
o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: BOL
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