Os Mais de 150 quilombolas que estavam acampados no
Instituto de Terras do Maranhão (Iterma), em São Luis, desocuparam o Instituto
no final da tarde de ontem (22), e fizeram um grande protesto em frente ao
Palácio dos Leões, sede do governo estadual.
Em carta enviada à governadora Roseana Sarney, o Movimento
Quilombola do Maranhão, acusou o governo de ser “signatário de todas as
injustiças cometidas no estado, e de patrocinar o extermínio de comunidades
camponesas quilombolas, indígenas e ribeirinhas por todo o território
Maranhense.”
Em recente entrevista, a Delegada-Geral da Polícia Civil,
Cristina Meneses, declarou que não
existem crimes de pistolagem no Maranhão, e resumiu tudo á “briga de vizinhos”.
A declaração da delegada causou revolta e indignação, levando a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), a divulgar uma nota de repúdio. Na terça-feira(19),
várias instituições foram convidadas pelo Movimento Quilombola, para irem até o
local do acampamento participar de uma reunião no intuito de discutir segurança
para os lavradores e resolução para os 300 processos de titulação que estão
engavetados. Participaram da reunião, representantes do Incra, Iterma,
Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Pastoral da Terra, Delegacia Agrária e
a Delegada-Geral Cristina Meneses.
Os quilombolas questionaram a delegada a respeito das suas
declarações, nesse momento, foi pedido para que levantassem entre os acampados
todos os ameaçados de morte e os familiares das vítimas da pistolagem. Dezenas
de pessoas levantaram e emocionados, relataram as violências sofridas. Diante
das vítimas da violência no campo a delegada tremeu, guaguejou e limitou-se a
dizer que se ela não tinha conhecimento dos casos, era porque os próprios
quilombolas não faziam os boletins de
ocorrências. Os lavradores em tom de indignação, denunciaram que muitas
vezes eles vão á delegacia e os policiais
além de proteger os mandantes, se recusam a lavrar os boletins. A
delegada, justificou dizendo, que isso ocorre porque a maioria das delegacias
não dispõe de sinal de internet eficaz. E se não tem internet não tem como
fazer os registros. Demorou-se em elogiar o governo dizendo que a governadora
Roseana Sarney está resolvendo tudo e que a cada dia que passa a Segurança
Pública está melhor.
As palavras da delegada aumentou a revolta dos descendentes
dos escravos e do coordenador da Comissão Pastoral da Terra, padre Inaldo
Serejo, que levantou-se e a interpelou dizendo: “ A senhora está desautorizada
a falar, porque representa um governo corrupto, chamado pela Polícia Federal de
máfia, um governo que é representante do latifúndio, se não tem internet nas
delegacias, que se encontre um outro caminho, que se registre os boletins
manualmente como era feito, mas não me venha com essa desculpa.” Disse
indignado Serejo.
O que se seguiu foi um clima de tumulto, com gritos de
protestos por parte dos quilombolas, e de defesa do governo por parte dos seus
representantes. Depois de muita discussão os acampados encerraram a reunião que
começou ás 2h da tarde e terminou por volta das 20h.
Na tarde desta quinta-feira os acampados desocuparam o
prédio do Iterma e dirigiram-se até ao Palácio dos Leões onde protestaram
contra o descaso do governo de Roseana Sarney com as comunidades tradicionais.
Ao chegarem, os quilombolas foram recebidos por um forte aparato policial que
cercou a sede do governo. Depois de discursos inflamados e muita revolta os
camponeses voltaram ás suas comunidades.
“Não vamos nos calar, quantas vezes for preciso vamos
denunciar esse governo corrupto e gritar pela nossa libertação” finalizou o
quilombola Naildo Braga.
Fonte: Vias de Fato
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