sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quilombolas protestam em frente ao Palácio dos Leões



Os Mais de 150 quilombolas que estavam acampados no Instituto de Terras do Maranhão (Iterma), em São Luis, desocuparam o Instituto no final da tarde de ontem (22), e fizeram um grande protesto em frente ao Palácio dos Leões, sede do governo estadual.

Em carta enviada à governadora Roseana Sarney, o Movimento Quilombola do Maranhão, acusou o governo de ser “signatário de todas as injustiças cometidas no estado, e de patrocinar o extermínio de comunidades camponesas quilombolas, indígenas e ribeirinhas por todo o território Maranhense.”

Em recente entrevista, a Delegada-Geral da Polícia Civil, Cristina Meneses, declarou que  não existem crimes de pistolagem no Maranhão, e resumiu tudo á “briga de vizinhos”. A declaração da delegada causou revolta e indignação, levando a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a divulgar uma nota de repúdio. Na terça-feira(19), várias instituições foram convidadas pelo Movimento Quilombola, para irem até o local do acampamento participar de uma reunião no intuito de discutir segurança para os lavradores e resolução para os 300 processos de titulação que estão engavetados. Participaram da reunião, representantes do Incra, Iterma, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Pastoral da Terra, Delegacia Agrária e a Delegada-Geral Cristina Meneses.

Os quilombolas questionaram a delegada a respeito das suas declarações, nesse momento, foi pedido para que levantassem entre os acampados todos os ameaçados de morte e os familiares das vítimas da pistolagem. Dezenas de pessoas levantaram e emocionados, relataram as violências sofridas. Diante das vítimas da violência no campo a delegada tremeu, guaguejou e limitou-se a dizer que se ela não tinha conhecimento dos casos, era porque os próprios quilombolas não faziam os boletins de  ocorrências. Os lavradores em tom de indignação, denunciaram que muitas vezes eles vão á delegacia e os policiais  além de proteger os mandantes, se recusam a lavrar os boletins. A delegada, justificou dizendo, que isso ocorre porque a maioria das delegacias não dispõe de sinal de internet eficaz. E se não tem internet não tem como fazer os registros. Demorou-se em elogiar o governo dizendo que a governadora Roseana Sarney está resolvendo tudo e que a cada dia que passa a Segurança Pública está melhor.

As palavras da delegada aumentou a revolta dos descendentes dos escravos e do coordenador da Comissão Pastoral da Terra, padre Inaldo Serejo, que levantou-se e a interpelou dizendo: “ A senhora está desautorizada a falar, porque representa um governo corrupto, chamado pela Polícia Federal de máfia, um governo que é representante do latifúndio, se não tem internet nas delegacias, que se encontre um outro caminho, que se registre os boletins manualmente como era feito, mas não me venha com essa desculpa.” Disse indignado Serejo.

O que se seguiu foi um clima de tumulto, com gritos de protestos por parte dos quilombolas, e de defesa do governo por parte dos seus representantes. Depois de muita discussão os acampados encerraram a reunião que começou ás 2h da tarde e terminou por volta das 20h.

Na tarde desta quinta-feira os acampados desocuparam o prédio do Iterma e dirigiram-se até ao Palácio dos Leões onde protestaram contra o descaso do governo de Roseana Sarney com as comunidades tradicionais. Ao chegarem, os quilombolas foram recebidos por um forte aparato policial que cercou a sede do governo. Depois de discursos inflamados e muita revolta os camponeses voltaram ás suas comunidades.                  

“Não vamos nos calar, quantas vezes for preciso vamos denunciar esse governo corrupto e gritar pela nossa libertação” finalizou o quilombola Naildo Braga.

Fonte:  Vias de Fato

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