sábado, 8 de outubro de 2011

Primeira presidente africana entre as vencedoras do Nobel da Paz



Este ano, o Comité Norueguês do Prémio Nobel da Paz distinguiu três mulheres: A jornalista Tawakkul Karman, do Iémen, uma ativista liberiana, Leymah Gbowee, e a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf.


A primeira e até hoje única Presidente africana, Ellen Johnson-Sirleaf, dedicou o Nobel ao povo liberiano: “Este reconhecimento pertence-lhe. Há oito anos que temos paz e cada liberiano contribuiu individualmente para esta paz".

Íntegra, persistente e inflexível, Johnson-Sirleaf tem todas as qualidades necessárias para exercer o alto cargo que ocupa. Especialmente num país recém-saído de uma guerra civil de 14 anos, que custou a vida a 250 mil pessoas. Os liberianos estavam traumatizados, inúmeras mulheres foram violadas, a infraestrutura estava destruída, não havia água corrente nem eletricidade. A tarefa de Ellen Johnson-Sirleaf apresentava-se quase impossível de cumprir quando subiu ao poder.

Mas a Presidente, que hoje tem 73 anos, reconciliou o país e devolveu aos seus habitantes uma esperança de futuro. Combateu a corrupção e fez com que a comunidade internacional perdoasse à Libéria uma dívida de quatro mil milhões de dólares. Além disso, atraiu para o seu pequeno país investimentos internacionais.

O Prémio Nobel acontece no meio de uma campanha eleitoral: na terça-feira, 11 de outubro, realizam-se eleições presidenciais e parlamentares no país. O Nobel da Paz poderá influenciar a decisão dos eleitores.

Ativista liberiana também distinguida


Gbowee uniu mulheres cristãs e muçulmanas para acabar com a guerra civil na Libéria

Outra liberiana foi distinguida pelo comité: Leymah Gbowee, ativista pela paz e pelos direitos humanos sob o regime de terror de Charles Taylor nos anos 90, quando começou a organizar os primeiros grupos de mulheres para marchas de protesto pacíficas. “Acreditávamos ter chegado a altura de intervir, como mulheres”, lembra Gbowee. “Queríamos pôr fim à guerra, à violência, às violações, aos abusos. Mesmo que isso nos custasse a vida. Éramos cristãs e muçulmanas, unidas num mesmo propósito. As balas também não distinguem entre religiões. Nem os violadores”.

Até hoje, muitos liberianos acreditam que as “Mulheres de Branco”, como eram conhecidas pelas camisas brancas que sempre usavam nas manifestações, contribuíram decisivamente para o fim da guerra civil. O grupo recorria a ações espetaculares, como a greve de sexo com a qual queriam obrigar os homens a fazer a paz. Hoje Leymah Gbowee é presidente da organização "Women Peace and Security Network", com sede no Gana.

Chanceler alemã saudou atribuição de Nobel a três mulheres

Na Alemanha, a primeira mulher a assumir a chefia do Governo alemão, Angela Merkel, felicitou as duas liberianas, bem como a terceira galardoada, a jornalista e ativista iemenita dos direitos humanos, Tawakkul Karman: “Uma das três mulheres, a iemenita, vive num país cujos habitantes ainda não gozam da liberdade. Quero prestar uma homenagem especial à sua coragem”, disse Merkel. Coragem que a chanceler alemã também louvou nas duas liberianas, na luta de ambas “de muitos anos” contra a ditadura.
  
“Penso que é um bom sinal o Prémio ter sido atribuído a três mulheres que tanto fizeram a nível internacional”, referiu Angela Merkel. “Espero que inspire outras mulheres e homens a empenharem-se pela liberdade, pela democracia e contra a injustiça".


Prémio Nobel da Paz foi atribuído a três mulheres: a ativista Leymah Gbowee, a ativista e jornalista Tawakkul Karman e a Presidente liberiana, Ellen Johnson-Sirleaf


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