Policiais militares e homens do GTA prestam socorro ao
adolescente baleado
Família contesta versão dada pela polícia de que o jovem
estaria envolvido em assalto à loja Ferronorte
Um adolescente de 14
anos, Dayvison Cláudio Oliveira Rosa, foi baleado em São Luís, na tarde de
sexta-feira (13), por volta das 14h30, ao ser confundido com um assaltante por
policiais militares. Testemunhas contaram que o jovem corria atrás de uma pipa
num morro, ao lado do elevado do bairro do Monte Castelo, quando foi atingido
pelos tiros e ficou por cerca de 20 minutos no chão, dentro de um matagal, para
depois ser socorrido por PMs.
O adolescente, que permanece internado no Hospital Municipal
Djalma Marques (Socorrão I), teve o fêmur fraturado e ainda foi atingido por um
tiro de pistola ponto 40, nas costas, que atravessou para o peito. O jovem foi
baleado por homens do Grupo Tático Aéreo (GTA), na Avenida Vitorino Freire,
próximo ao viaduto do Monte Castelo, durante uma perseguição a um bando que
teria assaltado a loja Ferronorte, naquele bairro.
A polícia informou que o garoto estava envolvido no crime,
mas familiares e vizinhos de Dayvison contestam a versão, declarando que o
menino estava brincando de empinar pipa quando foi alvejado.
De acordo com o cabo do Corpo de Bombeiros Sérgio Ferreira
dos Santos, cunhado da vítima, a família registrou ocorrência contra os
policiais no Plantão da Beira-Mar, ainda na noite de sexta-feira (13). O cabo
Sérgio afirmou que, na ocasião, os verdadeiros acusados pelo crime estavam
presos no local e teriam afirmado que não conheciam Dayvison, e que ele não
estava envolvido no assalto.
No hospital, a vítima teria revelado a parentes que um dos
policiais envolvidos no tiroteio teria afirmado que iria lhe matar. Segundo a
família do garoto, ele está consciente, fazendo drenagem e, provavelmente, será
transferido para o Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II).
Sérgio Ferreira disse que sua sogra, Rita de Cássia Oliveira, também irá, nesta
segunda-feira (16), ao Comando Geral da Polícia Militar para pedir punição aos
policias envolvidos.
Empinando pipa – Vizinhos da vítima, que se dizem revoltados
e que testemunharam o ocorrido, revelaram que o rapaz estava empinando pipa com
um grupo de amigos, quando os policias chegaram atirando neles. Na ocasião,
segundo populares, os verdadeiros autores do assalto fugiam correndo no outro
lado da avenida e os adolescentes, que brincavam nas proximidades, assim como
Dayvison, correram para tentar se proteger dos disparos.
“Eles não atiraram só no meu irmão. Atiraram nos meninos que
estavam brincando com ele. Os outros tiveram a sorte de conseguir escapar dos
tiros”, contou Dysiane Marques Silva, irmã da vítima.
Paulo Vitor Azevedo Nascimento, de 13 anos, era um dos
amigos de Dayvison que estava com ele, empinando pipa, quando tudo aconteceu.
Paulo Vitor contou que os policias também dispararam na direção dele, mas que
conseguiu se proteger por trás de uma árvore e depois, quando os tiros pararam,
viu o colega baleado no chão.
Familiares do adolescente ferido revelaram ainda que, após
deixar o garoto no Socorrão I, os
policiais lavaram a viatura na qual Dayvison foi socorrido e que estava suja
com sangue dele. Eles disseram que um dos policias envolvidos foi identificado
como sargento Nelson.
Em registros na delegacia e no hospital, os policiais
afirmaram que Dayvison estava envolvido no assalto. “Todo mundo conhece meu
irmão aqui no bairro, e sabe que ele nunca se envolveu com crime. Dayvison
nunca foi preso, nunca roubou e nem mesmo usou drogas. Colocaram-no na viatura
como se fosse um bicho. Mas isso não vai ficar assim, nós já estamos
providenciando um advogado”, desabafou Dysiane Marques.
Vizinhos do adolescente se disseram revoltados com o fato e
se prontificaram a testemunhar em favor do menino. “Ele é um bom garoto,
estudioso. Tocava até em uma banda aqui da comunidade. Só sai de casa para
jogar vídeo game e empinar pipa. Isso que fizeram com ele é um absurdo. É muita
maldade”, declarou Regiane Jesus Santos. Dayvison é morador da Rua Carlos
Gomes, n° 557, na Vila Passos.
Fonte: Jornal Pequeno
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