Após 123 anos da assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, as populações quilombolas de Conceição do Imbé, Aleluia, Cambucá e Lagoa de Cima, em Campos, e Machadinha, em Quissamã, continuam “aprisionadas” pelo analfabetismo.
A análise consta de um relatório do Centro de Estudos, Estatísticas e Pesquisa do Ceperj — num projeto de cadastramento realizado, em 2010, em 24 comunidades distribuídas em 12 municípios fluminenses —, que identificou uma baixíssima escolaridade nessas comunidades.
De acordo com o estudo, entre as 45 famílias que vivem em Quissamã, pelo menos nove, ou 20% delas, não sabiam ler e escrever. Em Campos, a situação consegue ser ainda pior. De um total de 183 famílias registradas, 54 eram de analfabetos, o equivalente a 29% do total.
A análise consta de um relatório do Centro de Estudos, Estatísticas e Pesquisa do Ceperj — num projeto de cadastramento realizado, em 2010, em 24 comunidades distribuídas em 12 municípios fluminenses —, que identificou uma baixíssima escolaridade nessas comunidades.
De acordo com o estudo, entre as 45 famílias que vivem em Quissamã, pelo menos nove, ou 20% delas, não sabiam ler e escrever. Em Campos, a situação consegue ser ainda pior. De um total de 183 famílias registradas, 54 eram de analfabetos, o equivalente a 29% do total.
O desafio de preservar as tradições
Se, por um lado, o analfabetismo e o desemprego são comuns nos quilombos de Campos e Quissamã, por outro, a preservação da cultura e das tradições africanas é um traço divergente entre ambas.
Em Campos, os quilombolas são evangelizados e estão em processo de perda da identidade. Nas comunidades de Conceição do Imbé, Aleluia, Cambucá e Lagoa de Cima, há seis igrejas evangélicas, e os moradores não praticam mais o jongo nem o fado.
Do tempo dos escravos, restam duas casas de farinha e um projeto de geração de renda que produz artesanato inspirado na tradição africana. Entre os moradores, muitos sequer sabem que são descendentes de ex-escravos.
— A gente só descobriu que era quilombola há um ano, quando o Ceperj veio aqui. Os mais religiosos não querem nem ouvir falar nas músicas e danças do escravos. Acham que é macumba — conta a desempregada Erica Martins, de 29 anos, que pretende resgatar a história e parte das tradições para incentivar o turismo na região.
Os problemas são reconhecidos pelo líder comunitário da Fazenda Cambucá, Paulo Honorato:
— Seria importante para gerar renda para a comunidade. A maioria aqui vive com menos de um salário mínimo. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos de acesso a saúde, educação e saneamento e transporte.
Apesar de estarem na oitava geração, os descentes de escravos da Fazenda Machadinha, na área rural de Quissamã, conservam parte da cultura africana, tanto na dança como na religião e na gastronomia. Lá, os quilombolas contam com o apoio do poder público que, em 2007, revitalizou as 47 senzalas em que eles vivem. A comunidade também conta com um centro cultural e um restaurante onde a comida vendida é feita pelas mulheres da comunidade. Além disso, nos dias festivos, os moradores fazem apresentação de jongo e fado.
Em Campos, os quilombolas são evangelizados e estão em processo de perda da identidade. Nas comunidades de Conceição do Imbé, Aleluia, Cambucá e Lagoa de Cima, há seis igrejas evangélicas, e os moradores não praticam mais o jongo nem o fado.
Do tempo dos escravos, restam duas casas de farinha e um projeto de geração de renda que produz artesanato inspirado na tradição africana. Entre os moradores, muitos sequer sabem que são descendentes de ex-escravos.
— A gente só descobriu que era quilombola há um ano, quando o Ceperj veio aqui. Os mais religiosos não querem nem ouvir falar nas músicas e danças do escravos. Acham que é macumba — conta a desempregada Erica Martins, de 29 anos, que pretende resgatar a história e parte das tradições para incentivar o turismo na região.
Os problemas são reconhecidos pelo líder comunitário da Fazenda Cambucá, Paulo Honorato:
— Seria importante para gerar renda para a comunidade. A maioria aqui vive com menos de um salário mínimo. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos de acesso a saúde, educação e saneamento e transporte.
Apesar de estarem na oitava geração, os descentes de escravos da Fazenda Machadinha, na área rural de Quissamã, conservam parte da cultura africana, tanto na dança como na religião e na gastronomia. Lá, os quilombolas contam com o apoio do poder público que, em 2007, revitalizou as 47 senzalas em que eles vivem. A comunidade também conta com um centro cultural e um restaurante onde a comida vendida é feita pelas mulheres da comunidade. Além disso, nos dias festivos, os moradores fazem apresentação de jongo e fado.
Fonte: O Globo Bairros
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