quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Professor universitário acusado de racismo presta esclarecimentos à PF

Depoimento durou cerca de duas horas e meia. Professor do curso de Engenharia Química reafirmou que comentários de sala de aula foram mal interpretados

Publicação: 18/01/2012 09:45
A Polícia Federal (PF) realizou nesta terã-feira a oitiva com o professor José Cloves Saraiva da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sobre a denúncia de racismo contra o estudante nigeriano Nuhu Ayuba. O estudante fez uma representação contra o professor junto ao Ministério Público Federal (MPF) em junho do ano passado. Cloves, como é conhecido o professor, é acusado de racismo pelo estudante nigeriano. O crime teria ocorrido durante as aulas da disciplina Cálculo Vetorial do curso de Engenharia Química.

O professor depôs durante duas horas e meia. Ele reafirmou que os comentários na sala de aula foram mal interpretados. Cloves alegou que não houve racismo e que as declarações ao estudante tinham o objetivo de aumentar o esforço dele na disciplina. Questionado sobre o abaixo-assinado encaminhado ao MPF com as acusações, o docente afirmou que os estudantes queriam apenas mudá-lo da disciplina por ser muito rigoroso nas avaliações.

O depoimento de Cloves se contrapõe ao depoimento de estudantes da disciplina colhidos pela PF. Em nota encaminhada pela assessoria de comunicação da PF foi informado que os alunos relataram situações em que o professor teria feito comentários preconceituosos em relação à cor da pele de Nuhu Ayuba e à origem estrangeira do estudante, o que, de acordo com o artigo 20 da Lei nº 7.716/89, indicaria racismo.

A assessoria de comunicação da PF esclareceu que com o depoimento de Cloves o inquérito policial será relatado e encaminhado ao Ministério Público Federal nos próximos dias. A previsão é que até o final deste mês o documento esteja concluído. Caberá ao MPF, com base na apuração feita pelo delegado Rodrigo Santos Correa, se representará contra o professor junto à Justiça Federal.

A denúncia de racismo surgiu no final de junho de 2011, sendo divulgada primeiro no site Petição Pública e depois repercutindo nas redes sociais. O caso ganhou destaque inclusive na imprensa nacional onde tanto o estudante quanto o professor se pronunciaram. Desde o início das acusações, Cloves Saraiva sustenta a defesa de que foi mal interpretado e que é um professor brincalhão. Enquanto o estudante Nuhu Ayuba manteve as declarações de que foi vítima de preconceito na sala de aula.

Quando foi entrevistado pela reportagem de O Imparcial, Nuhu informou que as perseguições começaram nos primeiros dias de aula e que com o passar do tempo a situação foi agravada, sendo sempre o alvo dos comentários. Já Cloves afirmou que fazia comentários para estimulo do estudante, citando inclusive intelectuais que combatem o preconceito, mas que não foi compreendido.

Fonte: O Imparcial

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